domingo, 4 de agosto de 2024

CÁ NÃO HÁ REIS
Ninguém está acima da Lei

Creio que foi mais ou menos assim que Biden há poucos dias se expressou quando falou acerca da imunidade dos presidentes e do Supremo Tribunal dos EUA, onde os juízes têm cargo vitalício.

Vem isto a propósito do que por cá se passa quanto a separação de poderes, separação de poderes e respeito pelos direitos dos cidadãos que têm dias, como se viu por exemplo durante a pandemia.

Mas vem muito a propósito de Marcelo Rebelo de Sousa e do caso das gémeas que, como referi já num postal, encerra muita coisa, encerra muita dúvida.

Vem a propósito de Marcelo Rebelo de Sousa e da carta que agora dirigiu ao presidente da Assembleia da República.

Uma carta curiosamente antecedida de extenso texto de opinião de Ribeiro e Castro, muito crítico, e que, notavelmente, e apenas certamente por acaso, elenca os mesmos argumentos agora usados por Marcelo.

Uma carta precedida por artigo de António Barreto mais ou menos nas mesmas águas de Ribeiro e castro.

É certo, verdadeiro, juridicamente correcto, que o Presidente da República apenas responde politicamente perante o Supremo Tribunal de Justiça, e em processo que depende da iniciativa de um quinto dos deputados e se se verificar a aprovação de dois terços dos deputados em efetividade de funções.

Portanto, Marcelo Rebelo de Sousa não está obrigado a pronunciar-se e a dar explicações à Assembleia da República.
Isto é certo, absolutamente verdadeiro.

Mas, sr Presidente da República, não lhe ficava nada mal e como diz, apenas depois de todos serem ouvidos na tal CPI, explicar por escrito, em mais detalhe e de forma mais clara que a sua prestação televisiva de há meses quando a coisa se descobriu, explicar a sua intervenção neste lamentável caso que, quer queira quer não, o senhor Presidente patrocinou.

Sabe perfeitamente que as últimas décadas instalaram o respeitinho serôdio de antigamente, o respeitinho porque sim, o respeitinho porque  - ai é o presidente, ai é o deputado, ai é o ministro, ai é o juiz, etc. - o respeitinho porque sim! O respeitinho que o senhor igualmente cada vez mais parece louvar, desejar que assim seja.

Se se escudar como vários estão a fazer no execrável papel e objectivos ordinários do Chega, dar-me-á o legítimo direito de ainda mais desconfiar de si, e definitivamente perder o escasso respeito que no presente me merece.
Vou aguardar.
AC

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