domingo, 1 de junho de 2014

"Qual é a pressa?".
1. Tinha pensado na 6ª feira escrever umas palavras sobre o que grassa no País político, e no que resulta para o cidadão comum. Felizmente, óptimos e preenchidos dias só agora o permitem.
A pressa de alguns foi considerada inoportuna no passado recente. Contudo, agora mais que nunca, alguns estão com imensa pressa. Temos aí o pelotão da pressa! O pelotão que sabe interpretar, o único, verdadeiramente, o sentir dos portugueses. Só um tolo não percebe que, o que aqui está em questão, é a ambição pessoal desmedida de uns quantos e dos seus séquitos.

2. Creio que a pressa está no facto de que surgiu um "pequeno problema". Um dos maiores calculistas do "reino" (sim, porque por cá há um rei soberano sempre atento, soberano e dono do País) subitamente, viu surgir nos OCS uma declaração mole e melancólica que aparentemente lhe complica ou mesmo bloqueia o passeio triunfal que tinha idealizado para si. Mas eis uma dádiva dos céus, a noite de Domingo passado!

3. Como já dado à estampa, por alguém com a maior das autoridades para falar de certo passado, pode assim entender-se melhor a inquietude dos que, a seguir à faculdade, nada fizeram senão viver décadas a fio na e da política caseira, do calculismo, da rasteira, das tricas e conspirações, em sótãos ou nas caves. Quando surgem anúncios devastadores para os planos milimetricamente traçados, há que apressadamente procurar saída e, portanto, cavalgar oportunidades súbitas, indecorosas que sejam. Claro que a maioria dos meus concidadãos não tem registo dos ódiozinhos de há mais de três décadas, que existe entre certos protagonistas na vida pública. No PS e demais partidos.

4. Certo palavreado que se usa na política (??) caseira é matraqueado à exaustão pelos OCS. Contam sempre com a ignorância da generalidade da população, e com a anestesia que lhe enfiam com telenovelas, futebol, etc. O que condeno não são os exemplos apontados, mas apenas a dosagem maciça, esmagadora. Mas creio bem que a pouco e pouco, ainda assim, não será possível enganar sempre toda a gente.

5. Vejo escritos e ouço afirmações que acho cada vez mais patéticos. Será que, parcialmente, o enfado de muitos cidadãos como demonstrado no Domingo, não tem também a ver com isso? Fulano é um ganhador. Fulano gere o seu percurso ao milímetro. Com fulano não vamos lá (ao pote, digo eu). Sicrano é um barómetro da política. Sicrano sabe fazer pontes, ETC.
Mas também muito interessante para mim, e que não é novidade, outra expressão - "sicrano tem boa imprensa". O que, só por si atesta bem sobre a qualidade do nos oferecem para ler, ver e ouvir. Porque, de certos senhores (??), essa boa imprensa nunca traz à colação, por exemplo, as asneiradas feitas num determinado ministério anos atrás. Essa boa imprensa não investiga a sério. Como esses senhores trataram de arranjar normas que torna difícil dizer publicamente muitas verdades, fico por aqui, apesar da lista de enormidades não ter fim. Ah, dizem-me sempre, os tribunais estão aí para isso! Pois!

6. Depois, em relação à esmagadora maioria dos políticos cá do burgo, lembro-me sempre - "não digas tudo o que sabes, porque quem diz tudo o que sabe, muitas vezes diz o que não convém". E passam a vida a viver destas tricas. Na 6ª Feira, numa das deslocações, pus-me a ouvir no rádio do carro parte do debate da moção de censura apresentada pelo PCP na AR. Não comento os actores ouvidos, de nenhum dos lados. Para mim foi confrangedor, e fiquei com a noção exacta do significado - "coerência". Cantam bem, uns e outros, mas nada me alegram. E cada vez estou mais convencido da veracidade da frase - "quanto mais pequeno o país, mais complexo o seu sistema político".

7. Cheguei a uma fase da vida em que, quando já não me apetece discutir com alguém que insiste pouco educadamente em prosseguir com argumentos sem fundamentos, ponho a minha cara de paisagem e mando à m**** mentalmente.
Tenha poucas certezas na vida. Mas creio que é absolutamente correcto dizer-se que a ética deve comandar a política, esta o direito, e este a economia. Continua a não ser assim por cá. Por outro lado, e estou-me borrifando para os gurus das economias e das finanças, a gestão de um país é óbvia e completamente diferente da gestão familiar e caseira, MAS....!!

8. Qual é para mim o mas? É que a primeira coisa a ter em conta na gestão caseira, são as necessidades de quem está lá em casa! Ou não será? Deduzo portanto, como cidadão ignorante, que é preciso definir prioridades, contar os tostões, atender ao que for definido na família, etc, etc. Até porque me lembro - "não gastes tudo o que tens porque, quem gasta tudo o que tem, gasta o que não pode". Talvez uma gestão mais familiar para Portugal não fosse asneira completa!
Além do mais, e aprendi com os meus pais, demos sempre muito valor ao pouquíssimo que sempre tivemos/ tive, e aprendi que estando alguma vez num buraco, não valia a pena cavar mais. Havia que ponderar a situação. E por isso não fiquei nunca à espera que viessem tratar de mim. Sempre me defendi, dentro das regras conhecidas e que me balizavam na profissão. Creio que sempre tive em mente e na prática a subordinação, mas nunca a submissão. Alguns não gostaram, e por isso as consequências que sobrevieram. Pobres coitados, que se calhar se convenceram que me fizeram mossa. Ainda por cima, parecem procurar que nos esqueçamos do que são responsáveis, e de que agora se queixam.

9. Do que antecede, um arrazoado motivado sobretudo pelos resultados de Domingo e pelo maremoto que vai pelo PS, sorrio e lembro o bom Eça. Uma prova concreta da crise que ainda vivemos é que falta nas drogarias e supermercados a benzina. Tanta falta faz!!! Não se veja por favor, nestas palavras e em outros textos, lamentos ou algum gozo supremo por me parecer que me assiste um bom bocado de razão nisto ou naquilo. Apenas porque, a par da fotografia, me apetece dizer umas palavras, que presumo razoáveis.

10. Os calculistas mor, e os seus séquitos, de todas as cores partidárias, não se comovem com o que se vai dizendo e escrevendo. Dominam o que importa, o que de facto e infelizmente influencia com a superficialidade habitual, grande número dos meus concidadãos. É uma realidade. Não é novidade. Mas não vão poder continuar a enganar sempre toda a gente.

11. Com a experiência de vida adquirida, e as "costelas holandesa e americana", tenho a mania que um cidadão importa, e lembro sempre o ratinho - "qualquer bocadinho acrescenta, disse o ratinho, e mijou no mar"!! Por outro lado, consigo-me ver ao espelho todos os dias, não encontro razões de peso para não dar eco ao que me vai no espírito, que procuro seja de forma decente.

12. Voltando portanto ao PS, mas interessa-me sobretudo o reflexo para a sociedade, verifico que continuo a viver neste caos do "para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os restantes a lei". Mas também há  o caos "das amplas liberdades" ou o caos "da actual e insuportável governação". A coerência dos acossados e dos que acossam é notável. Mas como existe por aí muito boa imprensa, provavelmente vai haver o tal congresso do PS e ETC. E os cidadãos ficam quase com os problemas resolvidos!!
O meu problema está no ETC. Qual?

13. O ETC está no que escorrega para os cidadãos. O que sobra para nós, de um político que não consegue definir 3 ou 4 metas globais para o País, de um político que só gosta do social e das inaugurações e se preocupa que ninguém falte na lista protocolar das festas, no político que sonega documentação, no político que promete não aumentar impostos e depois aumenta, no político enfatuado que chega sempre atrasado a menos que presida o Presidente da República, no político que ás 1545 horas ainda está com mais três do seu grupo em trabalho político no restaurante na zona de Belém, nos políticos que nos põem de gatas, no político que se atreve a dar como exemplo o Reino Unido (fora do euro) para sugerir que saiamos do euro, ou no político que faz vídeos tolos para gáudio da clientela. Enfim, o que sobra para nós da pouca vergonha que não acaba. Muito grasnar, mas muito ocos.

14. O que continua a sobrar para o cidadão comum é a mistificação, o messianismo, o sebastianismo, a mentira descarada ou disfarçada com retórica politicamente correcta, a luta pelos poleiros. Infelizmente, a maioria dos cidadãos ainda não se apercebeu da imensidão dos poleiros.
É para mim lastimável que a maioria dos meus concidadãos se continue a deixar enganar. Vejo até nos exemplos familiares, quais cata-ventos, sempre a correr e a aplaudir o novo Messias.

15. Umas frases colhidas por aí - "há que encontrar alternativas à austeridade", "uma política de esquerda e patriótica", "seria mau para a democracia que as pessoas, mais uma vez enganadas, fossem votar no PS". Há frases da dita direita que são a continuação do intolerável.
De uma ponta a outra do espectro partidário, promessas, e depois, sempre o mesmo incumprimento, justificado com retórica difícil de engolir! (inconseguimento??) Para os que nunca exerceram poder em Portugal, como me querem convencer?
Não querem explicar em concreto, detalhadamente, como fariam, para pagar o que importamos? Como modificariam as questões do crédito para as PME? Como se ultrapassam tratados e acordos assinados? Tratado orçamental, não faz soar campaínhas?
Mandam-se ás urtigas as regras do sistema democrático? Apelos ordinários à insurreição militar? Só porque o rei e uns duques estão incomodados? As regras só para os outros?

16. Eu estou muito incomodado e não é de agora. Tive ocasião de dizer a alguém com alguma influência, em Dezembro de 1991, o que pensava e previa. Pela minha parte, desde 1991 que me considero violentado como cidadão. Porque em 1991 era/ foi (minha opinião) a altura limite para colocar Portugal a caminhar numa direcção consistente. Sucederam-se, em crescendo, as asneiras.
Mas alterar seu o que for.....Exemplo: A Constituição da República define o limite mínimo de deputados. Mas, alto, não pode ser, isso tem que ser estudado, tem que se alterar várias leis, não é fácil, (pois,.....o pote diminuia...).

17. Pois bem, falta-me, falta-nos em geral creio, a confiança em quase todos vós. Nos políticos, que há alguns poucos com alguma costela de estadista, mas sobretudo nos politiqueiros, que são quase todos. As conclusões que os partidos estão a retirar dos resultados das europeias, parecem-me indecorosas. Conclusões, quase todas, com muita pouca vergonha no que dizem. A culpa dos resultados, bons ou maus, é só de Seguro, só de Jerónimo, só de Coelho, só de Portas, só de Catarina, só de Marinho? Tenham vergonha.
Além do mais, e falo por mim, mas imaginando que outros pensem o mesmo, quando voto para as europeias é uma coisa, para as autárquicas penso no que sei e vejo em Lisboa e nas outras 9 autarquias que bem conheço. Para as legislativas, penso em governabilidade do País. Creio que faz toda a diferença. Há muito tempo que percebo os pantomineiros.
Por isso, nas eleições desde meados da década de 90 do século passado, o meu voto tem sido, sempre, muito CLARO!

18. Relevem por favor, este longo desabafo, porventura com pouco equilíbrio. Motivado pela eleições recentes, pela telenovela no PS, pela pouca vergonha do lado governamental, pela continuada pouca vergonha dos propósitos anunciados de todos os lados. Estou tão farto de malandragem e de aldrabões. Tão farto dos que fazem vídeos, dos que usam os meios do Estado sem critério (aviões e etc). Acham que os credores vão em cantigas? Quem paga? O que pode acontecer aos meus poucos euros no banco? Com que etapas se reconfigura o projecto Europeu, não querem explicar? Ah, já sei, - eu sei como vamos fazer, o que vamos exigir (gosto muito desta palavra), temos equipa e tarimba políticamas não posso explicar aos portugueses porque fica para as negociações!! Secretas!!!
Ah, - saímos do euro, porque o reino Unido também está fora e.......
Ah, - não podemos sair do Euro, seria a catástrofe. 
De nenhum lado se dizem as verdades, cruas e duras.

19. O terrível, para mim, é que os meus concidadãos não reparam que os tentam iludir, outra vez, e sempre!! E não reparam, nem os politiqueiros, que a situação actual já nada tem a ver com o passado muito recente. Em nenhum aspecto. Eu lamento, mas nisto acho que tenho razão.

AC



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