Há coisas na vida . . .
Eram três irmãos, dois rapazes e uma menina, de seus nomes próprios, Alcides o mais velho, Vasco o do meio, Euzila a mais nova.
Nomes brasileiros, pois o pai, homem com algumas posses na Beira Alta viajou várias vezes para o Brasil, onde casou, mas a mulher morreu subitamente.
Casou segunda vez com uma senhora com S maiúsculo, também com posses, de família importante, de quem teve os filhos acima referidos.
Enriqueceu durante a II GG, como vários portugueses designadamente com o volfrâmio. Os filhos foram estudar para Coimbra, os rapazes licenciaram-se em medicina, a rapariga em Letras salvo erro.
Além de mandar os filhos estudar, todos os seus irmãos tiveram à sua custa alguma formação, arranjaram modo de vida, dois deles entraram na vida eclesiástica e um foi longe. Outros, professores primários.
Ele faleceu há 73 anos salvo erro.
O filho Vasco faleceu com 61 anos, ataque cardíaco fulminante.
Alcides faleceu com 84 anos, em 1997.
Euzila foi toda a vida uma mulher extraordinária, familiar, social, culturalmente, e foi a primeira mulher a guiar carro naquela zona, e intrépida ia de carro para dar as suas aulas, percorrendo as incríveis estradas de então, coisa que na época fez inicialmente um certo furor.
Euzila faleceu hoje.
Tinha 102 anos, a cabeça começou a claudicar há cerca de 10 meses. O funeral é amanhã, à tarde, na Lousã.
Euzila faleceu, como se costuma dizer, como um passarinho frágil, com o dobro da idade do irmão Vasco. Deixa imensas e inconsoláveis saudades.
António Cabral (AC)
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