sexta-feira, 1 de agosto de 2025

GRILHETAS ?
Outro dia, um pomposo e inchado (opinião pessoal naturalmente) Madeirense de apelido Albuquerque disparou mais uma das suas frequentes bojardas (opinião pessoal naturalmente).

No meio de uma festarola local que, dizem, era também uma acção política, Don Miguel abordou a necessidade de alterações na vida da Madeira e anunciou que apresentaria um projeto de revisão constitucional.

Certamente o problema mais aflitivo sentido pelos Madeirenses.

Tanto mais aflitivo deve ser que a criatura falou numa necessidade, de ser urgente os Madeirenses terem a capacidade para se livrarem das grilhetas do território continental. GRILHETAS.

GRILHETAS! Nem mais!

Posso não ter reparado bem nos restantes dislates (opinião pessoal naturalmente) da criatura, mas creio que não pronunciou - temos que nos libertar do jugo colonialista!

E assim, mais uma vez, tivemos oportunidade para observar o brilhantismo e categoria da criatura, um genuíno democrata dos sete costados, cheio de vigor nacionalista, que defende as suas ideias sem temor e cara a cara com o PM. TEMOS HOMEM.

Albuquerque diz-se farto, e diz que os Madeirenses estão fartos. 
De quê?

De serem renegados pela República e vai daí - preparem-se que eu vou elaborar e apresentar um projeto de revisão constitucional

E mais, vai chefiar o grupo de trabalho para apresentar o projeto de revisão constitucional para, FINALMENTE, a Madeira ter direito a um futuro de liberdade e desenvolvimento”. Anda Pacheco!

Albuquerque quer acção, NÃO MAIS PALAVRAS!
Albuquerque quer JUSTIÇA!
Justiça para os Madeirenses!


Albuquerque quer mais, Albuquerque que
r ver reforçada a capacidade da Região Autónoma “decidir democraticamente” o seu projeto e o seu futuro, nada de Centralismos!
Presume-se que até hoje tudo foi decidido anti-democraticamente?

Albuquerque está farto de palermices da República e, acrescentou com vigor, que a CRP e o Tribunal Constitucional 
só servem para “bloquear e criar dificuldades” no desenvolvimento da Madeira. Temos homem!

Albuquerque está ENORME, e ele e os Madeirenses estão fartos de ser renegados pela República, e que a República tem que assumir as suas responsabilidades. 

Não percebi se queria dizer que nós aqui no Continente temos de pagar tudo, seja sobre o que for e eles, vivendo e trabalhando e gozando lá na Madeira é só para receberem.
Mas é obviamente defeito meu!

Portanto, diz Albuquerque, ou melhor conclui-se do seus vomitado perdão, do seu discurso, que o país (ou seja, o Continente) não tem assumido os sobrecustos da ultraperiferia e insularidade.

Pagar tudo e mais alguma coisa não é um favor do Continente, é uma obrigação.

Dom Miguel garantiu (raro os tipos que se sentem dirigentes e estadistas que não garantam qualquer coisa) que vai continuar a liderar o arquipélago no “caminho do progresso”.

Não há dúvida alguma, TEMOS HOMEM!
Que pena não se candidatar a Presidente da República. 
GANHAVA de certeza!

Em síntese, eu andava enganado: a Madeira continua uma parcela de território bloqueada, sem liberdade e desenvolvimento, ultraperiférica, ultra abandonada, reprimida, renegada, atrasada, onde o pouco que decidem é de cariz antidemocrático, e onde globalmente reina a injustiça social!

Perante este vómito perdão, este angustioso grito lancinante de certamente justa revolta, fui reler o meu exemplar da CRP. 
E outras coisas! 

PORTANTO, Dom Miguel quererá, por exemplo:
- acabar com o Art. 226º ou seja, não mais ser a Assembleia da República (AR) a aprovar o Estatuto Político Administrativo da região? E em consequência deitar ás urtigas o 227º e etc.?

- quer que a alínea j) do Art. 227º (receitas fiscais) defina ainda mais receitas?

- não quer cá essa história - que não estejam reservadas aos órgãos de soberania (alínea 1) Art 228º

- acabar com o representante da República (Art. 230º) ?

- que a legislação para a eleição da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira deixe de ser aprovada pelo presidente da AR, promulgada pelo PR e referendada pelo PM ?

Bom, não vale a pena perder mais tempo com palermices, estas sim bem reais! E digo isto lembrando que respeito, SEMPRE, a opinião de outrem.

Mas, sinceramente, Dom Miguel, quanto a si, é raro eu concordar com algo saído da sua boca. Repare, digo boca, apenas.

Porque não declara a independência?
Não ficava melhor, livre deste jugo colonialista, idealizado principalmente por Vital Moreira, Marcelo Rebelo de Sousa e Jorge Miranda?

António Cabral (AC)

Sem comentários:

Enviar um comentário