quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A propósito do mar, divagações.
"O tempo dirá tudo à posteridade. É um falador. Fala mesmo quando nada se pergunta". (Eurípedes)
Vivemos numa sociedade em que, estou em crer, a maioria acredita no que vê na TV ou lê em jornais e revistas. Esquece a questão da cor da vida. Tal como no mar que, quando o olhamos, ora parece verde, azul, ou cinzento, há muito colorido nas coisas da vida, por sombria que esteja. A cor do mar também depende da profundidade, dos fundos, das algas. Na vida, a cor depende também da profundidade com que olhamos as coisas, e das "algas" que nos tolhem.
A doutrina do "politicamente correcto" sustenta a ideia de que é perfeitamente possível pegar num pedaço de bosta pelo lado limpo. Não é.Tal como não é possível que o mar seja sempre belo e manso. Que não agrave a erosão costeira, que não vire barcos "maltrapilhos". Há sempre quem não respeite o mar, quem não se prepare antes de se fazer ao largo. A falta de respeito traz sempre consequências trágicas, porque o mar aguarda sempre a conjugação de mais que uma imprudência para mostrar o seu poder. Também na sociedade, a falta de respeito pelas pessoas é o detonador de descontentamento colectivo. Há quem sempre ignore estas coisas básicas da vida. Depois surgem as tragédias.  E os OCS retransmitem muitas vezes coisas erradas, não estudadas, não aprofundadas, deturpadas, e muitas vezes como favores a quem lhes paga. Total desrespeito pelo cidadão.
Como o mar, sempre presente, malfeitores e delinquentes de natureza vária continuam por aí. Há imensa gentinha que devia, de facto, ser julgada pelas consequências das suas negligências, irresponsabilidades, malfeitorias, inações, roubos, fraudes, amoralidade com que exerceram cargos públicos. Mas só possível se estivessemos num País a sério.  Designadamente porque, a titularidade de cargos públicos deve pautar-se pela excepcionalidade do discurso, pela coerência das acções à luz de projectos anunciados e sufragados, e deve ter em conta a responsabilidade assumida para com os seus concidadãos os quais, têm quer o dever como o direito inalienáveis de exercer, desde o primeiro dia,  escrutínio constante relativamente à legitimidade de exercício desses cargos. O que não acontece por cá.  E a amoralidade verificada no desempenho de cargos públicos têm décadas, por muito que os OCS digam o contrário, e apesar de agora se assistir a sucessivos e grotescos episódios de branqueamento dos passados.
O mar recua e avança. Tal como o mar sempre lembra, convinha não esquecer aquela outra gentinha que devia ser igualmente responsabilizada pelos desmandos e patifarias  que também anteriormente promoveram, e pela situação a que nos conduziram, pelo respectivo descalabro na sua legitimidade (??) de exercício.  E dar-lhes até a oportunidade democrática para explicarem cristalinamente, como foi possível estarem agora tão financeiramente ricos, comparativamente com a sua situação pessoal à data dos anos 1970. Isto para os "meninos" actuais, e os de idades várias que estão para trás.  Alguns dos que estão para trás, têm alguma razão em partes do que dizem hoje (creio), mas querem passar pelos pingos da chuva. E vão passar, pois a maioria dos meus concidadãos isso promove, e amnesicamente aplaude.  Dessas criaturas, muitos têm a mania que são os donos de todos nós, que são os puros, os éticos, os honestos. Enriqueceram muito laicamente.
Mar, marés, rebentação das ondas, água salgada que esteve está e estará lá, sempre. Um vai e vem. A propósito, é aliás exercício curioso verificar o trajecto da esmagadora maioria dos figurões da política, dos negócios, dos escritórios, das lojas, das corporações, dos OCS, e os saltos que em décadas têm dado, mudando de poleiros, mas sempre dentro do sistema, incluindo cargos no estrangeiro. O vai e vem destas marés que nos ensopam. Como se adivinha para as Europeias. Lindo como sempre. AC 

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