domingo, 20 de abril de 2025

FOTOGRAFIA
Como aqui confessei muitas vezes sou um bocado maluquinho da fotografia. Um manhoso fotógrafo amador. 

Comecei a fotografar em 1969, com a minha Canon Canonet 19. 
Com esta máquina, tirei muitas fotografias a preto e branco e muitos slides coloridos. Usei também a do meu há muito falecido pai, Canon, Canonet 17.

Naturalmente, no plano das técnicas de fotografia, em 99% dos casos essas muitas fotografias e slides são verdadeiras porcarias, mas com o maravilhoso aspecto de registar momentos bons da minha vida.

Os anos foram passando e a fotografia tornou-se um passatempo mais constante particularmente a partir de 1991 quando adquiri a Nikon analógica (F 801 S, salvo erro era esta a sigla). Para trás ficaram as várias máquinas Fuji e Yashica.

Em 2000, a fotografia começou a ser para mim um passatempo ainda mais importante e sempre ou quase sempre associada a caminhadas.
Em 2006 foi possível passar para a digital Nikon D 90, que continua a ser a "minha companheira" nas caminhadas e nas divagações fotográficas.

Sendo embora suspeito, de vez em quando consigo obter algumas fotografias bem razoáveis quando apreciadas no plano da técnica fotográfica.

Como certamente toda a gente, fotografo o que me apetece: coisas que considero interessantes ou, às vezes até, nem por isso, natureza, ambiente, fragmentos do quotidiano, animais, pessoas, objectos, árvores e plantas e flores, viaturas, barcos, regatas, atletismo, alimentação, castelos, faróis, etc. 

Tenho fotografias do tempo da guerra em África, na então nossa Guiné (1971/ 1973), algumas curiosas, em Bissau, e duas ou três bem feias por retratarem realidades dos horrores daquele tempo.

Vem este arrazoado a propósito de fotografia, naturalmente, mas particularmente de fotografias da "World Press Photo" (WPP).

Quando olho para muitas das fotografias que anualmente se conhecem a propósito da WPP, como manhoso fotógrafo amador que sou sinto-me uma verdadeira formiga, daquelas muito pequeninas, que quase não se conseguem ver.
Para ser uma formiga grande, gorda, daquelas pretas com grandes tenazes e que se encontram em carreiros nos campos, falta um bocado. Mas continuarei.

Quer nas fotografias do WPP, ou nas de Gajeiro, Alfredo Cunha, etc., e para o meu gosto e sensibilidade naturalmente, há fotografias que considero espectaculares.
Estou por exemplo a recordar aquela da WPP de há anos retratando o rosto da miúda da Ásia com uns olhos lindos, verdadeiros faróis, e que tinha sido uma desgraçada.

Mas, para mim, naturalmente, na WPP encontro fotografias que, no plano da técnica serão fabulosas mas que, para o meu gosto e sensibilidade não aprecio.
Sempre me repugnou o aproveitamento excessivo de horrores. 
Sei que existem, a natureza humana tem facetas horríveis.

A fotografia da WPP, mostrando um menino palestiniano horrivelmente estropiado na sequência da barbárie que prossegue na Faixa de Gaza e em todo o Médio Oriente é, certamente, uma magnífica fotografia no plano da técnica. É, certamente um eloquente testemunho dos horrores que referi.
Mas, por mim, é um prémio lamentável.

Respeito, SEMPRE, a opinião de outrem mas, para mim, os horrores naquela região não são muito diferentes dos que se passam por exemplo no Sudão e no Darfur, ou as atrocidades sobre mulheres e crianças no Afeganistão, embora estes horrores não tenham (creio) a intervenção de Israel e do Irão.

Por mim, os horrores por esse mundo fora, perpetrados no Afeganistão e em outras partes da Ásia (por exemplo minorias na China), em África, nas Américas do Sul e Central, nos Médio e Extremo Oriente, na Ucrânia, devem continuar a ser desmascarados.

As fotografias de, aldeias, vilas e cidades arrasadas sem por quem for, devem ser mostradas. Como mostradas devem ser as filas de quilómetros de gente a fugir das guerras.

Como foram mostradas as fotografias de Nagasaki e Hiroshima mas, sobre estas, sempre me repugnou que mostrassem em plano grande uma criança ou um adulto que de humano já nada tinham, tão selvaticamente estropiados.
Fotografias desse massacre sim, mas sem expor em tão grande plano a cara de uma pessoa tão horrivelmente martirizada.

Pessoalmente tenho as maiores dúvidas quanto a fotografias que excessivamente mostrem horrores como o do menino palestiniano.
Que mais não seja por respeito para com esse ser humano que nunca mais terá uma vida digna. É a minha opinião.

Como sempre, admito não estar a ver bem as coisas.

António Cabral (AC)

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