segunda-feira, 28 de abril de 2025

REALIDADES

Sou, também, da geração que andou na guerra, concretamente, 29 de Outubro de 1971 a 28 de Julho de 1973, como oficial imediato num patrulha grande da Marinha, na então Guiné portuguesa.

Sou da geração que conheceu os tiros, dei várias vezes ordem de fogo para os canhões de 40 m/m do navio, um à proa e outro à popa.

Sou da geração que conheceu o combate a sério, na passagem de 19 para 20 de Maio de 1973. E ao longo desses 21 meses de comissão em África muitos sustos apanhou e vários horrores viu.

Sou dos muito afortunados que regressaram vivos, não estropiado, mas infelizmente com o ouvido esquerdo afectado com as explosões desse ataque ao findar desse 19 de Maio. Ouvido que, com a idade, vai denunciando mais o dano de Maio de 1973.

Ando muito triste com a situação no meu país.

Vivo felizmente no regime de direito democrático. 

Tenho esperança, confio e anseio por um futuro melhor para os meus filhos e netos. Mas o horizonte está cinzento.

Tento perceber o mundo, sempre, e não me fio nos aldrabões que pululam a vertente interna e a externa.

Nunca fui carreirista, acomodado, e apesar de ter subido quase ao topo máximo na carreira, em 2006 ficou evidente a consequência da "cor dos meus olhos e o nunca ter aceitado ser submisso". Mascarando, evidentemente, com normas legais, sabendo-se, como no decorrer dos tempos, as normas foram periodicamente suavizadas para os de olhos de cor bonita.

Sei o que é a honra, tenho coluna vertebral bem direitinha embora às vezes nas S e nas L já surjam sinais do passar dos anos. Revolto-me contra as injustiças, as indignidades, as mentiras, o politicamente correcto, não suporto os acomodados, nem respeito quem não se dá ao respeito, independentemente de muitos lhes dedicarem o respeitinho serôdio porque sim. Borrifo-me para modas, Wokes e quejandos.

Respeito sempre as opiniões de outrem, discordo umas vezes, concordo outras. Sou dono da minha cabeça, do meu coração. Apenas.

António Cabral

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