segunda-feira, 20 de outubro de 2025

NOTÍCIAS  DO  MEU  PORTUGAL
O iniciado em 25 de Abril de 1974 apontava para um esperançoso horizonte.

Cumpriu-se com as eleições para a Assembleia Constituinte.
Elaborou-se a CRP e foi aprovada em 2 de Abril de 1976.
Terminou o império.
Estabeleceram-se as instituições, estabeleceram-se os órgãos de soberania.

Aderiu-se à CEE/ UE.
Forças Armadas dirigidas para o seu papel e missões próprias de um regime democrático.
Alterações à CRP.
Liberalização da economia.
Criou-se um país à imagem da Europa Ocidental.

Vive-se em liberdade, vive-se num Estado de Direito Democrático.
Diminuiu-se drasticamente a mortalidade infantil.
Cuidados de saúde muito diferentes aos de antes de 25 de Abril.
Formação, educação, muito diferentes aos de antes de 25 de Abril.
Vive-se formalmente com liberdade de expressão, com liberdade de opinião.
Vive-se com comunicação social formalmente independente do poder económico, do poder político, e formalmente sem conglomerados de comunicação social.

ETC.

Mas se olharmos aos últimos 35 anos, se olharmos aos resultados do presente, que notícias do meu Portugal?
Que país temos neste momento?

Risco de pobreza ou pobreza gritante intolerável? 
Diz-se por aí que dá 1 milhão e 800 mil seres.

Perdões fiscais? 
Em barda!

Fundos comunitários desbaratados ou desencaminhados? 
Em barda!

Concursos públicos estranhos?
Ajustes directos? 
Em barda!

Construção clandestina?
Especulação imobiliária?
Em barda!

Alvarás e licenças de construção por simples troca com umas facilidades para, por exemplo, campanhas eleitorais, ou para a família? 
Em barda!
 
Ordenamento territorial?
PRA QUÊ, NÉ ?

Carreiras e estatutos de, médicos, oficiais de justiças, agentes da PSP, agentes da GNR (gostam de lhes chamar militares), enfermeiros, militares das Forças Armadas, bombeiros, funcionários públicos, etc. etc. etc.
PRA QUÊ, NÉ ? 

Sistema de justiça, alterações de códigos para acabar com o excesso  de recursos atrás de recursos, fiscalização rigorosa por parte dos Conselhos Superiores, acabar com os juízes não jubilados em cargos diversos, etc. etc. etc.
PRA QUÊ, NÉ ?

E a pouca vergonha das urgências na grande Lisboa (no Norte nada disto se passa, nem a inarrável senhora da FNAM anda por lá, que eu saiba), e o corporativismo médico e enfermagem, e a escandalosa mania das ordens profissionais extravasarem competências, e o preço dos medicamentos, etc. etc. etc.


E a imigração ilegal e a imigração legal e o descontrolo de verificação de fronteiras, e o evidente tráfico de seres humanos para tudo e mais alguma coisa. Diz-se haver por cá cerca de 1 500 000 imigrantes.

E a não fiscalização adequada das nossas ZEE, sobre as quais temos jurisdição, e dentro das quais há recursos imensos, e dentro das quais creio que são autorizadas várias missões científicas exploratórias por navios de vários países, e dentro das quais é quase certo se praticam missões exploratórias não autorizadas.

ETC. ETC.

Aqui está o país o tal melhor do mundo, na visão da criatura que, patética, é o mínimo que se lhe pode chamar.

Aqui está o país das bolhas de Lisboa, Porto e Cascais.

Aqui está o país que existe apenas nos discursos e nas vacuidades ajustados à conveniência de gentalha intelectualmente corrupta e que vive num inebriamento insuportável enquanto nós, cidadãos comuns, somos esmifrados até ao tutano e diariamente desconsiderados.

Eis, em traços rápidos e muito incompletos, o país melhor do mundo.

António Cabral (AC)

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