CULTURA à PORTUGUESA
Já se sabe, cada cabeça sua sentença.
Não fujo à regra mas, sem ser advogado em causa própria, procuro ser o mais objectivo e rigoroso possível na ponderação do que vejo por aí, do que me preocupa, do que me interessa como cidadão.
Sei que nem sempre o consigo, mas tento o mais possível, e admito os meus erros.
Vem isto a propósito de cultura e do OE para 2020.
Entre muitos protestos contra a actual ministra da cultura que, lembre-se, antes de ser ministra e antes de ser secretária de Estado foi assessora e salvo erro chefe de gabinete de Costa em outras funções deste intrujão-mor, dizia eu, entre protestos certamente com razão e outros provavelmente sem razão, entre os pantomineiros que se dizem definidores de cultura porque sim, a cultura em Portugal está bastante melhor do que já esteve.
É a minha opinião. Baseada em quê?
No que vejo pelo Continente.
Imensas recuperações de património edificado, mesmo que eu encontre ainda muito dele degradado, como periodicamente demonstro com fotografias.
Pelo que vejo também quanto ás salas de espectáculos de Norte a Sul do rectângulo.
Pelo que vejo quanto às actividades fomentadas pelas autarquias.
Pelo que vejo quanto a museus espalhados de Norte a Sul.
Pelo que vejo vai sendo feito e acontecendo, no âmbito do património imaterial.
ETC.
Mas falta muito, muita coisa.
E uma das coisas principais que a meu ver falta, é combater o compadrio, o amiguismo, estes pesporrentes que se dizem definidores de cultura porque sim.
Existem por aí algumas criaturas que nos planos, do conhecimento, da erudição, da preparação técnica, da experiência, são por isso mesmo pessoas capazes de montar um espectáculo, de montar uma época de música clássica, uma época de ballet, uma exposição internacional.
Mas por esses factos/ qualidades/ capacidades devem ser campeões do saltitar de, cargo público para cargo público, sinecura para sinecura, reconstrução para reconstrução?
É que isso, esse saltitar, dá origem ao escândalo que é, a meu ver evidentemente, a trajectória pornográfica anos a fio de alguns (poucos e sempre os mesmos) indivíduos sempre em grupos clientelares e sempre ou quase sempre em concursos de ajustes directos com instituições do Estado, sempre com acessos privilegiados, e sempre aos recursos públicos.
A cultura, o panorama actual, o que OE 2020 vai conter ou não, podem ser uma desilusão para alguns. Vejo por aí quem se mostra totalmente desiludido, quer com a proposta do OE, quer com o aparente fechamento da ministra, quer com a dita ausência de diálogo, quer com a postura da criatura.
Não faço ideia quem terá mais razão. E desde já digo que nada gosto desta ministra que tive ocasião de observar bem de perto lá na aldeia, era ela secretária de Estado.
Só gostava de saber se os incomodados assim se sentem porque não são contemplados nos grupelhos a que acima me refiro, ou se estão incomodados por reais razões substantivas de natureza cultural.
Para mim, a cultura em termos gerais está bastante melhor, mas continua a existir muito por fazer, e mantêm-se muita porcaria e amiguismo neste importante sector da vida nacional, a que ao de leve acima refiro.
AC
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