terça-feira, 20 de dezembro de 2022

O   PASSAR   do   TEMPO

Muitos consideram um reformado como alguém que passou a nada fazer ou que está sempre de férias. Há até quem se atreva a considerar que passa a ser um fardo, um inútil na sociedade.

Há quem não soube adaptar-se, que não entende o que é o ciclo da vida, como os apavorados por nem saberem estrelar um ovo ou, mudar a fralda a um bebé de um mês de idade. Adiante.

Não sou exemplo para quase nada, mas desde os quase16 anos que não me atrapalho na cozinha e desde os 18 que não me atrapalho na vida.

Desde que a vida profissional activa ficou de lado, mantenho felizmente condições para uma vida comum, activa e preenchida. Tenho muitos períodos de andar pelo país, a que chamo férias. Férias que posso fazer em modo de "repartidas" (períodos de 3 a 12 dias).

Férias em que continuo a percorrer/ conhecer os vários Portugais dentro do meu Portugal. Tudo tão diferente do que entendem por exemplo, uns ilhéus que vão para as ilhas 5ª Feira à noite ou na 6ª Feira à hora de almoço, regressando para mais uma trabalhosa semana na 3ª feira seguinte. Ou, dos que vão para o Norte descansar da difícil semana.

Tudo tão diferente das "bolhas" citadinas, ou do descrito pelos de "referência", ou pelos que persistentemente nos tentam lavar o cérebro.

Vida profissional activa cessada passei por exemplo a, "cirandar" muito mais pelo país, ler muito mais, muito do meu tempo passado a investigar e estudar história (a nossa e lá de fora), fotografar bastante. E família, os vários netos, funções e trabalhos diversos.

Medito muito sobre a envolvente interna e a externa. Preocupa-me o rumo que diferentes áreas do país e lá por fora estão a tomar.

Medito muito sobre o que se passa com a minha igreja católica. Medito muito sobre o que se sabe ter acontecido durante séculos passados.

Aos meus olhos, com os meus valores, no presente, e olhando para trás, é de facto inacreditável muito do que se passou pelo mundo fora. A escravatura, a exploração, o saque, as carnificinas, o colonialismo, as guerras de libertação com os seus horrores de um lado e outro. Repito, de um lado e de outro, basta lembrar o Norte de Angola, ou o Norte de Moçambique, ou a chacina dos majores na Guiné, ou as chacinas dos Mau-Mau.

Quanto mais leio e medito, mais ignorante me sinto, e persistem muitas dúvidas. 

Começo a convencer-me do que uns quantos têm a certeza absoluta de que, contrariamente por exemplo aos, árabes, muçulmanos, ingleses, franceses, alemães, noruegueses, russos, chineses, indianos, tuaregues, zulus, holandeses, belgas, dinamarqueses, italianos, espanhóis, otomanos, séculos atrás os meus compatriotas foram uns verdadeiros selvagens e carniceiros. Os únicos?

Mas se começo a convencer-me, ainda tenho dúvidas se fomos os únicos apesar de, certamente apenas por distração e ignorância minhas, não me recordar se, por exemplo, já pediram desculpa do seu passado os holandeses ou os ingleses (parece que o PM Holandês o fez agora). Gostava por exemplo de ter a certeza sobre quem chegou à Austrália primeiro, se algum deles ou algum dos meus antepassados.

É que esta coisa das desculpas está muito na moda mas, depois, ando a reparar que alguns pedem muitas desculpas, várias vezes, mas alteração rigorosa de atitudes e procedimentos e organização vai-se a ver na realidade e......... diferenças...... alterações concretas……E talvez fizesse sentido, hoje, as desculpas nos dois sentidos.

Mas como já dizia a irmã do Soldado, pois! 

Mas fica bem, pouco ou nada se altera mas a bovinidade global fica contente.

Quando é que certa criatura vai à terra dos seus antepassados pedir desculpa pelas atrocidades que muito provavelmente Afonso de Albuquerque praticou e mandou praticar?

AC

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