quinta-feira, 6 de novembro de 2025

SONETO

O tempo de si mesmo pede conta,
Porque chega da conta o breve tempo.
Mas quem gastou sem conta tanto tempo
Como dará, sem tempo, tanta conta?

Não quer levar o tempo tempo em conta,
Pois conta se não faz de dar-se o tempo,
Quando só para a conta houvera tempo
Se na conta do tempo houvesse conta.

Que conta pode dar quem não tem tempo?
Em que tempo dará quem não tem conta?
Que a quem a conta falta, falta o tempo.

Agora sem ter tempo e sem ter conta
Sabendo que hei-de dar conta do tempo
Vejo chegado o tempo de dar conta.


Soneto com data de 1790 com o qual um frade administrador de uma fazenda de gado na ilha de Marajá (Estado do Pará – Brasil) respondeu ao Geral da Ordem, que o intimara a prestar contas em prazo de tempo por lhe ter constado que ele as não tinha muito regularizadas.
Copiado de um livro velho sem capa nem rosto, ignorando-se portanto o autor.

Bom dia, e boa sorte

AC

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