terça-feira, 19 de março de 2019

TERRORISMO,  alguns detalhes
Há um certo tempo que pensava escrever breves palavras acerca deste tema. Este assunto, tem muito de técnico, geopolítica, história, militar, é complexo.

A minha carreira não me tornou um "conaisseur", não me habilitou  como especialista em terrorismo, mas alguns (uns mais longos que outros) períodos da carreira, no País e particularmente os vários anos no estrangeiro, proporcionaram-me conhecimentos diversos (que não propriamente superficiais) neste campo mas, sobretudo, deixaram-me uma sensibilidade particular sobre estes assuntos. 
Sei "poucochinho" (...onde é que já ouvi esta palavra?...).

Terrorismo é coisa quase ancestral.  Remete para terror. 
Para o terror de não se saber, quando, onde, como, por quem, contra quem, ou o quê. 
Espalhar o terror sem olhar a meios. Com mais ou menos mortandade, matando cidadãos inocentes as mais das vezes.
Parece simples.

Uma possível definição de terrorismo - conjunto de acções violentas levadas a cabo por elementos subversivos, com a finalidade de criar nas populações, nos cidadãos, um clima de medo, procurando entravar actividades e serviços numa sociedade, e/ ou mesmo eliminando indivíduos.
Mas, nos nossos dias, e olhando para mais ou menos as sete últimas décadas, com o terrorismo "digamos mais clássico" cruzam-se agora outros fenómenos; podemos estar confrontados com gangs, criminalidade a mais diversa, redes de corrupção, máfias várias.


Em qualquer caso, estamos perante utilizações ilegais da força, de violência, contra pessoas e bens nas sociedades, estamos confrontados com intenções de "manietar" sociedades, intimidar governos. Tentativas de alteração de políticas?
Enquanto no passado recente tínhamos quadros complexos em que havia apoios a acções terroristas (que se mantêm), quer ás claras por parte de países santuário ou dissimuladamente, no presente enfrentamos também, a xenofobia, loucos, racismo, desequilibrados de natureza diversa, etc.
Do passado, dos explosivos vários, ás armas químicas e biológicas, do desvio de aviões ao assalto de navios mercantes, ao terrorismo de estado, juntaram-se no presente as rajadas de metralhadora, os camiões assassinos, as facadas. 
Assistimos a uma constante evolução nas formas bélicas, onde a imaginação e inovação maldosas são decisivas. E os ataques a redes informáticas? E quantos dos hackers se integram na classificação terrorismo?

Dos anos mais recentes, lembramos o 11 de Setembro de 2001, os atentados em Madrid e Londres, vários em África, vários na Ásia, vários no Médio e Extremo Oriente, a Noruega e a França, a Bélgica, agora a Nova Zelândia e a Holanda.


Numa retrospectiva rápida, poderemos dizer que houve terrorismo revolucionário até ao século XX (se calhar continua...), a história tem casos de terrorismo de Estado (Estaline, Hitler, etc.), sempre houve terrorismo sistemático e também selectivo, terrorismo islâmico, mas todos sempre para alcançar objectivos políticos, religiosos, ideológicos.

Os terroristas serão em regra seres desequilibrados, matam, matam-se, disparam, detonam, e quando certos "espertos" dizem que alguns são lobos solitários, respeitando embora essas opiniões, eu discordo, pois creio haver sempre algures alguma ligação com outrem, alguma orientação, algum enquadramento, todos certamente dissimulados. Lobo solitário por eventualmente aparecer sózinho?

No chamado mundo Ocidental, a percepção generalizada nas populações quanto a ameaças potenciais e riscos é diminuta para não dizer nula. Aplica-se à questão terrorismo, como a muitos outros problemas complexos das sociedades.

Nas últimas décadas, no mundo Ocidental, os políticos ocupando o espaço deixado pelo desaparecimento de estadistas, criaram várias ilusões de que se vão recebendo as consequências.
Esquecem esses políticos, entre muitas outras coisas, que qualquer acção, em curso ou expectável, para contrariar a consecução de um objectivo é uma ameaça; e no caso do terrorismo como aliás de algumas acções de certos países, esquecem que a ameaça é sempre um produto de uma dada capacidade por uma intenção.
Esquecem ainda que os "mentores/ e actores" do terrorismo, tratam antecipadamente de base de apoio, de logística, de recrutamento e treino, e não me venham cá com coisas, há sempre uma liderança espiritual, uma liderança política e, depois, no fim, a liderança operacional para a execução.

No chamado mundo Ocidental
, particularmente a seguir à II GG, assistiu-se a uma progressiva introdução de comunidades de outros países, da Ásia e de África.
Essa progressiva introdução foi, e continua hoje a acontecer descontroladamente e, PIOR, na esmagadora maioria dos casos, sem políticas eficazes de integração real nos países de acolhimento, uma integração que devia ter em conta os valores e modo de vida dos emigrados mas, igualmente e sobretudo, respeitadora e sem tibiezas dos valores e modo de vida das sociedades onde entraram.

Creio que, esmagadoramente, nada disto se verificou e verifica.

Nas sociedades teoricamente estabilizadas, no chamado mundo Ocidental, a introdução progressiva de outro tipo de comunidades gerou nessas sociedades (mais em umas que outras) a partir de um certo momento sentimentos de rejeição. Na minha opinião, sobretudo pelo que acima digo, pela ausência de políticas decentes e sem tibiezas. 
As rejeições vêm tendo manifestações diferenciadas. 
Olhando ao caso Português, creio que as integrações reais pouco existem (construir mais uma mesquita em Lisboa só por si é integração?).

Mas, não falando senão por mim, que fizeram os autarcas da margem Sul para reintegrar os Africanos e outros do Jamaica e de muitos outros aglomerados onde habitam centenas de pessoas em condições deploráveis, condições conhecidas há mais de trinta ou quarenta anos?
Que fizeram certos autarcas para reintegrar os ciganos, na área metropolitana de Lisboa, Trás-os-Montes, Estremoz, Campo Maior e etc.?
Que fazem os políticos relativamente ao facto de certas jovens serem retiradas da escola, porque sim?
Que fazem as polícias e os autarcas perante assaltos a andares em plena luz do dia como por exemplo em Alcochete, sendo legítimo pensar que há ligações entre isso e a gentalha que anda às amêijoas no Tejo aos olhos de toda a gente?
Que integração existe quando há áreas onde a polícia vai apenas em modo de combate?
Será que todas as etnias e todas as minorias, em Lisboa e em todas as cidades e vilas do País, pagam renda nos edifícios onde estão alojados? E pagam a água, luz, gás?
Todos pagam os impostos pelas lojas onde vendem os seus produtos fabricados bem longe e manufacturados por quem se diz?
Todos integrados e em igualdade perante a lei e o fisco, como a maioria dos cidadãos?

Se não existir efectiva integração, se calhar germinará a revolta, dos não integrados e dos outros cidadãos.
Se não existir emprego e se se continuar o fechar os olhos à entrada clandestina mais tarde ou mais cedo vai dar asneira.
A coesão em sociedade joga-se no plano das condições de vida e de bem estar dos cidadãos, TODOS, e no plano dos valores, e na igualdade de TODOS perante a Lei.
Torpedear, por acção ou inação/ omissão, os valores e modo de vida de uma sociedade é capaz de a prazo acarretar sarilhos graves.

Voltando ao terrorismo, de onde aliás não saí, nada justifica matar outros seres humanos. NADA.
Mas terá de se ponderar se, a inação, a demagogia ocidental, a inexistência de estadistas e de políticas sociais assertivas, não dá campo para que gente maldosa só por si, ou gente camuflada com intenções geopolíticas, se aproveitem deste ambiente laxista que o mundo Ocidental criou, e que começou em boa parte no aproveitamento de hordas de emigrantes para as reconstruções a seguir à II GG, continuando no seu "engavetamento" em guetos miseráveis. A par de políticas execráveis nas relações externas.

Terrorismo?
Continuem sem desenvolvimento económico sustentável e equilibrado, sem garantir segurança nas infra-estruturas essenciais, sem tratar da segurança e defesa nas áreas do "ciber", sem controlar quem entra vive e sai, sem fazer com que todos obedeçam ás mesmas regras básicas de convivência em sociedade independentemente das origens, depois admirem-se.

É que, convém recordar, um elástico pode esticar muito, mas a certa altura rasga.
Uma vara pode dobrar, muito ou pouco, mas a certa altura se se insistir em dobrar para fazer círculo, vai quebrar.
Tão simples como isto.
AC

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