segunda-feira, 15 de junho de 2020

FAZ  PARTE  da  VIDA
Mas é doloroso e, em alguns casos, fica ferida durante muito tempo. 
Como quando desaparecem do nosso convívio os familiares mais queridos e directos, ou os que mesmo sem ser os mais directos, tínhamos com eles especiais laços.
Ou quando desaparecem alguns que nos marcaram na vida com o seu profissionalismo, com os seus valores, com o seu exemplo, alguns que muito estimávamos e que nos demonstraram consideração e desinteressada amizade em várias épocas da vida.
As cerimónias fúnebres foram hoje de manhã relativamente cedo, o que infelizmente me impediu de participar por várias razões e particularmente a distância.

Conheci-o a primeira vez como meu professor. 
Das primeiras coisas que dele registei, as referências simples mas claras a certos aspectos da vida de então (meados anos 60 século passado) e, por exemplo também,  as conversas sobre o homem do seu curso que abandonara a carreira e seguiu a vida espiritual.
Voltei a encontrá-lo anos depois, com acrescido gosto, tinha ele então um cargo em Portimão, numa época de tensão laboral no meio piscatório, andava eu em serviço pelo Algarve.
Os anos passaram e voltei a cruzar-me  com ele então já com um cargo muito importante dentro da instituição, altura em que fui em serviço para a Europa, praticamente 2 anos na Holanda.
Nesse período era a ele que fundamentalmente reportava, e com ele conversei algumas vezes, sempre que me desloquei a Lisboa em serviço, outras vezes por telefone.
Contrariamente a outros, sempre me manifestou confiança e amizade, e sei que muito apreciou a forma decisiva como por minha exclusiva iniciativa em meados de 1992 cortei cerce as intenções de outrem, que pretendiam materializar um esquema  inconveniente para a instituição a que eu e ele com muito orgulho pertencíamos, e sempre pertenceremos.

Pouco menos de seis anos mais tarde, ele então já à frente da instituição, fui indigitado para um invejável cargo internacional. Facto que decorria de processo administrativo habitual, processo que era sempre sancionado pelo chefe da instituição, e que nessa altura envolveu o meu e outros casos.
Acabei por ter de ir para outro cargo, embora também internacional, por força de certas maroscas e manobras no exterior da instituição por parte de outrem, maroscas que rapidamente  percebi, pois dava mais jeito a certas criaturas.
É que o mundo é pequeno, e tiveram o azar de eu conhecer um familiar que me contou a marosca com vertentes/ influências políticas.
Nunca esquecerei a dignidade de tratamento recebida de quem era um dos braços direitos do chefe da instituição e, obviamente por orientação dele, a minha situação acabou por ser tratada com decência, coisa que faltou a outros. 
Decência que continuou a faltar como se foi vendo ao longo dos anos.

Quanto a Ele, um verdadeiro Senhor, as suas qualidades e os seus princípios, o seu prestígio, a sua devoção à instituição a que pertencia e à ciência e à Academia, o prazer em ensinar, colocaram-no no mais que merecido patamar dos que honraram e prestigiaram Portugal.
Nunca esquecerei este Amigo, que tanto sofreu nos últimos tempos.
Que descanse em mais que merecida Paz.
António Cabral (AC)

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