segunda-feira, 29 de junho de 2020

A PROPÓSITO de, PRINCÍPIOS e VALORES, Sistema de Justiça, Juízes, Magistrados, MP,
Ministros, Defesa Nacional, Tancos, Militares
Foi tornada pública a decisão de levar a julgamento Azeredo Lopes e mais uns quantos militares incluindo ex-membros da Polícia Judiciária Militar (PJM) e, também, alguns agentes da força de segurança GNR e alguns civis, tudo a propósito da que eu chamo “telenovela” Tancos. Dizem por aí que a decisão tem mais de mil páginas!!!! Será assim ?
Foi em 2017 que tudo começou
Mais coisa menos coisa, 3 anos para investigar e decidir levar ou não alguém a julgamento relativamente a coisas caricatas e inacreditáveis acontecidas naquele ano. Entre as coisas patéticas ocorridas nos tempos imediatos, uma ficou inesquecível, a comunicação de que com o material recuperado numa cena aliás muito estranha, havia sido devolvida uma caixa “muito pequenina”. Quase tipo prenda.

Felizmente que o ridículo e o patético não matam!
Como não matam, a mentira, a desfaçatez ordinária de certa gente de cabelo branco desvalorizando e ridicularizando na TV uma das maiores vergonhas nacionais.
Se será apurado tudo, doa a quem doer............veremos.
Pessoalmente acredito que não será apurado praticamente nada, desde logo porque não convém incomodar chefias. 
Recomendo assim aos “taratas” que se ponham a pau, pois a probabilidade de serem os bodes expiatórios é enorme.

Sim, porque, provavelmente, entrar sem ficar registo num edifício onde a regra é registar tudo, circular documentação sem registo onde a regra é dar entrada e saída de documentação entre repartições, serviços e gabinetes, dar conhecimento de assuntos provavelmente por documentos não datados e não assinados ou por telefone ou por telemóvel ou ao ouvido, tudo isto que pode ter acontecido é capaz de ser considerado por certos gabirus como nunca tendo existido e, portanto, nada foi sabido.
Então, não haverá ninguém culpado, nem general que ande ás vezes fardado às vezes à civil, nem qualquer militar que receba ordem verbal, nem qualquer paisano doutorado ou não que de ética demonstra saber sobretudo o seu contrário.
Isto de, provavelmente, subir pelo elevador especial/ reservado a altos importantes no edifício rosa, ou ir à casa dele, ou falar no carro, ou dizer adeus ao mais importante de todos a dois ou três metros de distância, nada prova, prova rigorosamente zero.

Como noticiado, aparentemente houve um roubo, ou então houve um desvio, ou então um erro nos inventários. Erro nos inventários que pode ter acontecido, ou erro costumeiro neste tipo de coisas. Como diria Sócrates, isso não interessa para nada!
Portanto, em 1º lugar, houve um desaparecimento de material de guerra, chamemos assim à coisa, facto super valorizado por uns quantos ao ponto de se temer conluio internacional terrorista, e muito desvalorizado por outros. Pelo meio, um patético murro no estômago. Patético para não adjectivar mais.
Do pouco que se sabe, e creio que se sabe de facto quase nada, eventualmente a PJ e depois o MP terão sabido ou terão sido alertados de que poderia haver um assalto ou um roubo a paióis de material de guerra e, aparentemente, parece que se fecharam em copas para com quem tem material militar.

Como sempre se soube, o dinheiro não abundava nas Forças Armadas e continua a não abundar mas, parece-me, justificar num local daqueles ausências de um mínimo de pessoal e de patrulhas mínimas aleatórias (como foi sendo noticiado e creio não desmentido) com a falta dos €€, só de facto em certas cabeças.
Já agora, gostava de ter sido mosca para ter visto as caras de Marcelo e Azeredo Lopes quando deram com o estado deplorável das infra-estruturas em Tancos. E não me refiro á rede e ao sistema de vigilância inoperativo há muito tempo. E também não me refiro a faltas de pintura. Mas, claro, este tipo de coisas corriqueiras nunca constarão de qualquer documento que o cidadão comum pudesse ver.

Parece, portanto, que houve encontros e desencontros, entre pessoas, entre instituições, entre dignitários, entre farsantes. Terá havido pedidos de intervenção superior, quase divina, parece que negada. Presumo que alguns se terão sentido muito abandonados por quem imaginavam ter algum apoio. Depois, é capaz de ter havido aquela coisa da vida que muitos julgam apenas possíveis nos filmes, e que é, dos silêncios, dos esgares faciais, dos monossílabos, uns quantos concluirem ordens para determinadas acções.

Outra cena a considerar, posterior, a devolução de material com prenda extra, a tal caixinha muito pequenina, e que suscitou risadas em frente a câmaras TV.
Finalmente, com o tempo a correr, apareceram uns quantos advogados do costume, caras bem conhecidas e mais não adjectivo e, depois ao longo dos meses, na AR e para os OCS, manifestaram-se altas figuras em tons e posturas diferentes algumas aliás bem patéticas e lamentáveis. Periodicamente, manifestaram-se figurões diversos, pelo meio uns poucos mudaram de cargo e subiram na carreira. Entretanto, um demitiu-se dizendo-se inocente (e o cumprimento recebido do patrão (ex-patrão) quando da posse do sucessor é das coisas mais deliciosas de rever) e agora o juiz do costume manda tudo a julgamento.
Ah, e para não variar, LAMENTAVELMENTE, arguidos e advogados não foram notificados antes dos olhos dos OCS conhecerem o despacho do juiz de instrução. Lamentável e nojento que isto continue.                                             


Quando falo em valores e princípios tenho também presente a legítima apreciação aos comportamentos públicos por qualquer cidadão comum relativamente a, chefias militares, PR e comandante supremo das FA, PM e ex-MDN, militares vários, civis e agentes de forças de segurança, Ex-PGR, PJ, MP, PJM.
Princípios e valores que, como vai parecendo, cada vez mais parecem valer muito pouco.

Em síntese:

> não acredito que se venha a apurar grande coisa ou seja, a descoberta das verdades todas, e há muitas coisas para apurar, nos dois grandes capítulos, o desaparecimento e o achamento.
> lamento imenso e não percebo, que o sistema de justiça não tenha separado as coisas em dois processos, um sobre o aparente desaparecimento de material militar, e outro sobre o que parece ser uma vergonhosa encenação para recuperação do material militar.
Porque é que isto não foi feito?

> Coisas que eu gostava de ver plena e cabalmente esclarecidas:
>> O chefe do Exército (CEME) em 2017 tinha sido informado de todos os relatórios que porventura terão sido elaborados acerca do estado de degradação da rede e do sistema de vigilância? E se houve relatórios meses e meses em gavetas sem irem ao chefe?
>> E que inspeções foram feitas ao longo dos últimos 20 anos?
>> O CEME tinha sido informado do estado de degradação que imagino existia nos alojamentos em Tancos, como por exemplo o recheio das habitações que, presumo, Marcelo terá observado? 
>> Quando soube a PJ da possibilidade de assaltos a paióis?
>> Foi só a PJ que soube? E os serviços como o SIS? E o MP? E a PGR e não me refiro só à senhora PGR mas muito à estrutura hierárquica que formalmente dirige?
>> E se assim foi, porque se calou a PJ, o MP, a PGR?
>> O estado deplorável das instalações em Tancos e as ausências de   patrulhamento aleatório é justificável apenas por restrições orçamentais?
>> As questões de eventuais ameaças à segurança interna foram ocultadas às instituições nacionais que com isso se têm de preocupar? Ou é/ foi tudo uma intentona?
>> O achamento do material, envolvendo entre outros elementos da GNR do Sul do País Continental, não é uma coisa muito estranha?
>> Todo o esquema do achamento poderia ter sido desenvolvido em roda livre, ou, como parece óbvio, teria de ser superiormente sancionado?

Como já disse, o desfecho disto vai ser apenas mais outra fantochada.
António Cabral (AC)

Ps: Se ainda precisasse de mais elementos para acreditar que as verdades todas nesta telenovela de vários actos não serão apuradas, as notícias que correm sobre o Hospital das Forças Armadas, os comunicados detalhados da AOFA sobre esse assunto pondo a nu a vergonhosa realidade, as notícias sobre o que se passa com o hospital militar de Belém e o que sobre ele conjecturam, as notícias sobre o laboratório militar que parece ter estado quase a ser extinto mas salvo pela pandemia, as recentes condecorações de todas as chefias militares, o silêncio do comandante supremo das Forças Armadas (o doa a quem doer e outras coisas do género não passam de "epaté le bourgeois"), e as declarações do TCOR Mário Maia publicadas no jornal Público de 30 de Junho passado, seriam mais que suficientes para me mostrar/ confirmar o que vai ser o desfecho de Tancos.

Além disso, presente o rotineiro negligente trabalho da esmagadora maioria dos "media" nacionais acerca de tudo o que respeite a defesa nacional (que estupidamente equivalem a tropa), Forças Armadas, conceitos errados sobre coisas basilares respeitantes à instituição militar, obviamente que procurarão as grandes e parvas parangonas e pouco mais. Cuidado taratas, ponham-se a pau!!!!!

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