Mão amiga fez-me chegar este artigo de opinião.
Não discuto a forma, os termos, nem conjecturo sobre outras perspectivas.
Registo, contudo, a descrição detalhada sobre o navio, sobre as origens e o seu estado presente.
Registo também a indicação de dados de ocorrências diversas.
Registo a interessante referência a que habitualmente não havia notícias sobre as Forças Armadas por maus motivos.
Registo o apontamento sobre o comandante do navio.
Registo as referências ao Presidente da República, à ministra chamada da defesa nacional e ao CEMA que, na minha opinião, pecam por serem demasiado educadas.
Diz-me o meu melhor amigo militar que nunca perceberá completamente as atitudes do actual chefe da Marinha, que raio de cadeia hierárquica na Marinha é a do presente, e como é que o comandante do navio (que perdeu primeiro mais de metade da guarnição e depois vê entrar uma guarnição nova) ainda está a comandar este destroço de navio. E eu concordo totalmente.
NPR Mondego: Crónica de um Apagão Anunciado
Diario do Distrito Send an email01/04/2023
António Cabral
NPR Mondego: Crónica de um Apagão Anunciado
Diario do Distrito Send an email01/04/2023
Última Actualização 01/04/2023
Esta é a continuação do Artigo ‘O S.O.S. DOS 13 do NPR Mondego’
Caríssimos(as) leitores(as) é com alguma satisfação que vi o meu artigo anterior ser tão lido e comentado tendo ultrapassado os 10 000 leitores. O assunto não passou despercebido na opinião pública e também não era para menos. As Forças Armadas em geral e a ARMADA em particular não costumam ser notícia por maus motivos.
No caso da ARMADA e desde que me conheço por gente estive sempre habituado a ver notícias positivas sobre novos meios para a ARMADA ou de operações de salvamento e fiscalização das águas territoriais nacionais.
Aproveito ainda para fazer uma ERRATA ao meu artigo anterior, no qual referi os ENVC como construtores do NPR Mondego. Mas na verdade o NPR Mondego não foi construído em Portugal mas sim na Dinamarca.
O NPR Mondego pertencente à sub-classe TEJO, e é na verdade uma das 5 unidades navais da série da classe FLYVEFISKEN (peixe-voador) adquiridas à Real Marinha da Dinamarca.
Aproveito a minha ERRATA para incluir algumas curiosidades sobre este navio: construído em 1992, foi originalmente batizado com o nome Glenten (águia pesqueira) com o número de amura P557. Atualmente é o NPR Mondego com o número de amura P592.
Este navio está equipado com: 3 motores auxiliares (geradores) GM 6-71; 2 motores principais MTU 16V 396TB94 diesel 4,226 kW (5,667hp) no total e 1 motor auxiliar GM 12V-71 diesel, 373 kW (500 hp) para propulsão hidráulica.
Os navios desta classe são movidos por 3 hélices e pode operar a várias velocidades conforme as necessidades de velocidade durante as missões e manobras.
7 Nós (13 km/h) em modo hidráulico / 20 Nós (37 km/h;) só com os motores principais (velocidade cruzeiro) / e 30 Nós (56Km/h) usando a turbina a gás mais os motores principais.
Dispõe de uma autonomia efetiva de 3,860 milhas náuticas (7,150 km) à velocidade de 18 Nós (33 km/h).
Feita a minha ERRATA e com o devido pedido de desculpas aos leitores e leitoras por qualquer imprecisão do meu artigo anterior, pois foi escrito quase em cima dos acontecimentos, vejo agora que o tempo veio dar razão aos 13 militares do NPR Mondego.
Afinal os homens teriam toda a razão do mundo para não saírem para a missão que lhes teria sido atribuída.
Isto porque no dia 11 de Março quando recusaram embarcar para acompanhar o navio russo Akademik Tryoshnikov, já existiam bastantes problemas a bordo, nomeadamente: a dia 8 de Março de regresso ao Funchal vindos das ilhas Selvagens houve uma entrada franca de água para a casa das máquinas. Situação resolvida pela guarnição; a 9 de Março o Blog madeirense ENTUSIASTAS DE NAVIOS relatava o insólito de ver o navio a ser acompanhado pelo rebocador CTE Passos Gouveia.
Portanto as condições já não eram as melhores
Um motor principal inoperacional; problemas nos lemes; porões carregados de óleo por falta de sistema de esgoto; fugas de óleo no outro motor principal; apenas um gerador (de 3 operacional); um com alarme e sujeito a sair do barramento; outro inoperacional e data de manutenções ultrapassadas.
Face a tudo isto qualquer indivíduo com o mínimo conhecimento do que está a fazer numa sala de máquinas só podia decidir uma coisa: não sair com o navio, por correr o risco de sofrer um blackout (apagão).
Mas como se tratava de um navio russo e andava tudo preocupado com a “ameaça vermelha” decidiu-se fazer um pelourinho no cais do Funchal, com o Sr. Alm. CEMA Gouveia e Melo a chicotear ou chacotear por palavras os homens que, com conhecimento das reais condições do navio, teriam tido a ousadia de impedir que o mesmo sair em missão.
As perguntas que eu faço serão: teve o Sr. Alm. CEMA o cuidado de verificar que alguns dos homens conheciam cada parafuso deste navio uma vez que o foram receber à Dinamarca? Será que não teve tempo para ver quantos anos de carreira teriam alguns deles? (alguns cerca de 20 anos). Não estamos a falar de garotos birrentos que se atiram para o chão à primeira contrariedade. Estamos a falar de homens que dedicaram a sua vida à ARMADA e em particular ao NRP Mondego.
O importante para o Sr. CEMA era conter os danos políticos que esta situação provocou nem que para isso fosse preciso colocar os 13 homens a ferros.
Não se percebe também como é que o Cmt 1.º Tem. Vasco Lopes Pires assume perante os seus homens durante a “formatura da ponte” que não estava confortável para largar do cais e iniciar a missão com tantas limitações técnicas.
E depois assegura junto das chefias da ARMADA que o navio estaria em condições de cumprir a missão. Então porquê que às 10 da manhã de diz uma coisa e às 11 se diz o oposto?
Onde é que fica o dever de tutela?
Como é que alguém que só tomou o comando do navio no dia 15 de Fevereiro toma uma decisão destas? Que leva um homem a pensar que poderia ignorar as deficiências do navio e sair para mar alto com o navio nestas condições?
E o Sr. Alm. CEMA por acaso pretendeu com este triste espetáculo desviar as atenções do real estado da frota da ARMADA?
Por acaso o Sr. já se esqueceu do que aconteceu há 37 anos com a corveta António Enes quando a popa do navio rebentou à entrada do porto da cidade da Horta no Faial, causando a morte de 6 militares? E dois deles nunca se encontraram os corpos para poder fazer um funeral digno e outros 11 ficaram feridos?
Até hoje ninguém assume oficialmente a causa. Ninguém apresentou um relatório público. Ficando apenas as conversas de quem já saiu da vida militar de que se estaria a transportar gasolina de forma inapropriada e mal acondicionada.
A mesma vetusta corveta que já anda cá a fazer serviço desde 1971 ainda da época do Estado Novo. Que por acaso iria render os homens e o navio, mas que já em Fevereiro não conseguiu passar para lá do farol do Bugio por avaria.
E isto com os estaleiros navais do Alfeite parados no tempo há 40 anos, com falta de pessoal; know how; ferramentas modernas. Até os guindastes ainda são da época da inauguração das instalações.
Quem neste momento está no activo não o diz publicamente, mas em off lá vai deixando escapar que as fragatas e as corvetas estão “presas por arames”.
A juntar a isto e depois de o NPR Mondego ter falhado mais uma missão.
Ficamos agora a saber que o navio está “morto”
No fundo o país e a ARMADA estão presos por arames.
Só o senhor não quis ver isso, preferindo a fuga para a frente e tentou arranjar uns bodes expiatórios para imolar na praça pública. Às vezes o voluntarismo em política sai caro. E no caso de quem veste um uniforme nunca fica barato. Esse “ralhete” que foi dar aos homens na Madeira vai ser uma mancha na sua carreira, se por acaso tinha ambições políticas ou alguma agenda nesse sentido, conforme vai dizendo o povo nas conversas de café. É melhor esquecer.
Até porque depois disto tudo apareceu logo, do nada, um avião carregado de peças para fazer reparações de emergência no NPR Mondego.
Até o Presidente da República que inicialmente o apoiou com a frase “tenho confiança na chefia da Armada”, já veio depois de algum tempo dizer que era preciso apostar na necessidade activa da manutenção das unidades navais da ARMADA.
A senhora ministra que foi tão lesta a falar de insubordinação prefere agora fazer prova de vida na BA 6 junto da Força Aérea para ver meios de salvamento.
Portanto o Sr. CEMA, depois de servir o propósito do governo de apontar os 13 como culpados num julgamento mediático em praça pública, foi agora politicamente deixado à sua sorte. Já não é útil. Se tivesse tido talvez mais ponderação e resguardo a situação seria certamente diferente.
Não teria sido alvo das piadas e dos “memes” que circulam na net
E agora de cereja em cima do bolo e depois de todo o xarivari mediático que se criou no Funchal para acoitar os 13 homens eis que surgem os problemas com os dois motores inoperantes no NRP Mondego.
AFINAL…. O QUE SE PASSA, COM O ‘NRP MONDEGO’ SR. ALMIRANTE?
O navio rebocado para o Caniçal. Os Motores Principais do navio ambos inoperacionais; o que foi reparado avariou, e o outro também avariou, o navio ficou sem propulsão. Os Geradores estão inoperacionais; navio sem energia. sem luz, sem água e sem alimentação.
Refeições compradas no supermercado Pingo Doce (prato do dia).
Guarnição desloca-se à Delegação Marítima a fim de fazer as necessidades e higiene diária, que se situa a um quilómetro de distância.
Todos os géneros alimentares perecíveis que se encontravam nas câmaras frigoríficas foram deitados ao lixo. Ou seja Sr. CEMA o navio está em “coma”. Não havendo energia não há nada a bordo. Ainda vai dando para dormir enquanto a roupa da cama não cheirar mal.
A Guarnição encontra-se bastante apreensiva!!
Sr. CEMA afinal os homens tinham razão.
O governo por seu turno veio falar de uma autorização para manutenção da frota dos navios de 39 milhões que teria saído já a 2 de Março em DR. Infelizmente o NPR Mondego não é contemplado nesta dotação orçamental.
Nisto a senhora ministra da defesa Helena Carreiras, sem faltar à verdade fez um número de ilusionismo muito próprio e habitual deste governo. Ou seja: dinheiro até vai aparecer, muito provavelmente a conta-gotas. Mas como a manta é curta não vai chegar para “agasalhar” o NPR Mondego.
A verdade é esta a senhora, como a maioria dos que ultimamente a antecederam, não percebe nada da poda. Uma licenciatura em sociologia não é nem de perto nem de longe a melhor ferramenta para entender o que se passa com o material das FA.
Talvez se em vez disso fosse formada em Engenharia Mecânica; máquinas marítimas ou arquitetura naval ainda poderia ter opinião técnica sobre o assunto. Assim neste caso limitou-se a papaguear aquilo que algum assessor estagiário saído das fileiras da JS lhe colocou à frente.
E SE OS HOMENS TIVESSEM SAÍDO?
Uma de duas poderia acontecer ou de dava o apagão. Ou na pior das hipóteses o NPR Mondego ira demonstrar ser um barril de pólvora flutuante. Porque ao contrário da vetusta António Enes não é construído em aço, antes foi construído como todos os navios desta classe, utilizando o princípio da sanduíche – uma camada de fibra de vidro de cada lado de um núcleo de espuma de células de PVC. Isto forma a estrutura desde a quilha até ao topo do mastro. Este método de construção reduz os custos de manutenção mas retira resistência ao navio perante um incêndio.
Se o pior acontecesse iríamos ter o PR Marcelo Rebelo de Sousa nos funerais desta guarnição com um ar pesaroso e compungido a dar abraços; a ministra a dizer que teria sido uma tragédia isto porque o assessor da JS não tem craveira para escrever melhor e António Costa provavelmente arranjaria uma cimeira no estrangeiro para não ter a maçada de estar presente.
O Sr Almirante CEMA iria entregar medalhas a título póstumo.
E o mal seria de quem fosse ao fundo com o navio.
A comunicação social nunca saberia a verdade. Tal como passados 37 anos o relatório da António Enes não é público nem me consta que tenha havido consequências criminais.
Mas uma vez fica aqui a minha solidariedade para com os 13 da ARMADA que com o seu gesto, e colocando em causa toda a sua carreira colocaram a nu o verdadeiro estado da frota que pode ser descrita numa só palavra «miserável».
Vamos ficar a aguardar desenrolar do processo.
Samuel Marques, Chefe de Máquinas Marítimas
Esta é a continuação do Artigo ‘O S.O.S. DOS 13 do NPR Mondego’
Caríssimos(as) leitores(as) é com alguma satisfação que vi o meu artigo anterior ser tão lido e comentado tendo ultrapassado os 10 000 leitores. O assunto não passou despercebido na opinião pública e também não era para menos. As Forças Armadas em geral e a ARMADA em particular não costumam ser notícia por maus motivos.
No caso da ARMADA e desde que me conheço por gente estive sempre habituado a ver notícias positivas sobre novos meios para a ARMADA ou de operações de salvamento e fiscalização das águas territoriais nacionais.
Aproveito ainda para fazer uma ERRATA ao meu artigo anterior, no qual referi os ENVC como construtores do NPR Mondego. Mas na verdade o NPR Mondego não foi construído em Portugal mas sim na Dinamarca.
O NPR Mondego pertencente à sub-classe TEJO, e é na verdade uma das 5 unidades navais da série da classe FLYVEFISKEN (peixe-voador) adquiridas à Real Marinha da Dinamarca.
Aproveito a minha ERRATA para incluir algumas curiosidades sobre este navio: construído em 1992, foi originalmente batizado com o nome Glenten (águia pesqueira) com o número de amura P557. Atualmente é o NPR Mondego com o número de amura P592.
Este navio está equipado com: 3 motores auxiliares (geradores) GM 6-71; 2 motores principais MTU 16V 396TB94 diesel 4,226 kW (5,667hp) no total e 1 motor auxiliar GM 12V-71 diesel, 373 kW (500 hp) para propulsão hidráulica.
Os navios desta classe são movidos por 3 hélices e pode operar a várias velocidades conforme as necessidades de velocidade durante as missões e manobras.
7 Nós (13 km/h) em modo hidráulico / 20 Nós (37 km/h;) só com os motores principais (velocidade cruzeiro) / e 30 Nós (56Km/h) usando a turbina a gás mais os motores principais.
Dispõe de uma autonomia efetiva de 3,860 milhas náuticas (7,150 km) à velocidade de 18 Nós (33 km/h).
Feita a minha ERRATA e com o devido pedido de desculpas aos leitores e leitoras por qualquer imprecisão do meu artigo anterior, pois foi escrito quase em cima dos acontecimentos, vejo agora que o tempo veio dar razão aos 13 militares do NPR Mondego.
Afinal os homens teriam toda a razão do mundo para não saírem para a missão que lhes teria sido atribuída.
Isto porque no dia 11 de Março quando recusaram embarcar para acompanhar o navio russo Akademik Tryoshnikov, já existiam bastantes problemas a bordo, nomeadamente: a dia 8 de Março de regresso ao Funchal vindos das ilhas Selvagens houve uma entrada franca de água para a casa das máquinas. Situação resolvida pela guarnição; a 9 de Março o Blog madeirense ENTUSIASTAS DE NAVIOS relatava o insólito de ver o navio a ser acompanhado pelo rebocador CTE Passos Gouveia.
Portanto as condições já não eram as melhores
Um motor principal inoperacional; problemas nos lemes; porões carregados de óleo por falta de sistema de esgoto; fugas de óleo no outro motor principal; apenas um gerador (de 3 operacional); um com alarme e sujeito a sair do barramento; outro inoperacional e data de manutenções ultrapassadas.
Face a tudo isto qualquer indivíduo com o mínimo conhecimento do que está a fazer numa sala de máquinas só podia decidir uma coisa: não sair com o navio, por correr o risco de sofrer um blackout (apagão).
Mas como se tratava de um navio russo e andava tudo preocupado com a “ameaça vermelha” decidiu-se fazer um pelourinho no cais do Funchal, com o Sr. Alm. CEMA Gouveia e Melo a chicotear ou chacotear por palavras os homens que, com conhecimento das reais condições do navio, teriam tido a ousadia de impedir que o mesmo sair em missão.
As perguntas que eu faço serão: teve o Sr. Alm. CEMA o cuidado de verificar que alguns dos homens conheciam cada parafuso deste navio uma vez que o foram receber à Dinamarca? Será que não teve tempo para ver quantos anos de carreira teriam alguns deles? (alguns cerca de 20 anos). Não estamos a falar de garotos birrentos que se atiram para o chão à primeira contrariedade. Estamos a falar de homens que dedicaram a sua vida à ARMADA e em particular ao NRP Mondego.
O importante para o Sr. CEMA era conter os danos políticos que esta situação provocou nem que para isso fosse preciso colocar os 13 homens a ferros.
Não se percebe também como é que o Cmt 1.º Tem. Vasco Lopes Pires assume perante os seus homens durante a “formatura da ponte” que não estava confortável para largar do cais e iniciar a missão com tantas limitações técnicas.
E depois assegura junto das chefias da ARMADA que o navio estaria em condições de cumprir a missão. Então porquê que às 10 da manhã de diz uma coisa e às 11 se diz o oposto?
Onde é que fica o dever de tutela?
Como é que alguém que só tomou o comando do navio no dia 15 de Fevereiro toma uma decisão destas? Que leva um homem a pensar que poderia ignorar as deficiências do navio e sair para mar alto com o navio nestas condições?
E o Sr. Alm. CEMA por acaso pretendeu com este triste espetáculo desviar as atenções do real estado da frota da ARMADA?
Por acaso o Sr. já se esqueceu do que aconteceu há 37 anos com a corveta António Enes quando a popa do navio rebentou à entrada do porto da cidade da Horta no Faial, causando a morte de 6 militares? E dois deles nunca se encontraram os corpos para poder fazer um funeral digno e outros 11 ficaram feridos?
Até hoje ninguém assume oficialmente a causa. Ninguém apresentou um relatório público. Ficando apenas as conversas de quem já saiu da vida militar de que se estaria a transportar gasolina de forma inapropriada e mal acondicionada.
A mesma vetusta corveta que já anda cá a fazer serviço desde 1971 ainda da época do Estado Novo. Que por acaso iria render os homens e o navio, mas que já em Fevereiro não conseguiu passar para lá do farol do Bugio por avaria.
E isto com os estaleiros navais do Alfeite parados no tempo há 40 anos, com falta de pessoal; know how; ferramentas modernas. Até os guindastes ainda são da época da inauguração das instalações.
Quem neste momento está no activo não o diz publicamente, mas em off lá vai deixando escapar que as fragatas e as corvetas estão “presas por arames”.
A juntar a isto e depois de o NPR Mondego ter falhado mais uma missão.
Ficamos agora a saber que o navio está “morto”
No fundo o país e a ARMADA estão presos por arames.
Só o senhor não quis ver isso, preferindo a fuga para a frente e tentou arranjar uns bodes expiatórios para imolar na praça pública. Às vezes o voluntarismo em política sai caro. E no caso de quem veste um uniforme nunca fica barato. Esse “ralhete” que foi dar aos homens na Madeira vai ser uma mancha na sua carreira, se por acaso tinha ambições políticas ou alguma agenda nesse sentido, conforme vai dizendo o povo nas conversas de café. É melhor esquecer.
Até porque depois disto tudo apareceu logo, do nada, um avião carregado de peças para fazer reparações de emergência no NPR Mondego.
Até o Presidente da República que inicialmente o apoiou com a frase “tenho confiança na chefia da Armada”, já veio depois de algum tempo dizer que era preciso apostar na necessidade activa da manutenção das unidades navais da ARMADA.
A senhora ministra que foi tão lesta a falar de insubordinação prefere agora fazer prova de vida na BA 6 junto da Força Aérea para ver meios de salvamento.
Portanto o Sr. CEMA, depois de servir o propósito do governo de apontar os 13 como culpados num julgamento mediático em praça pública, foi agora politicamente deixado à sua sorte. Já não é útil. Se tivesse tido talvez mais ponderação e resguardo a situação seria certamente diferente.
Não teria sido alvo das piadas e dos “memes” que circulam na net
E agora de cereja em cima do bolo e depois de todo o xarivari mediático que se criou no Funchal para acoitar os 13 homens eis que surgem os problemas com os dois motores inoperantes no NRP Mondego.
AFINAL…. O QUE SE PASSA, COM O ‘NRP MONDEGO’ SR. ALMIRANTE?
O navio rebocado para o Caniçal. Os Motores Principais do navio ambos inoperacionais; o que foi reparado avariou, e o outro também avariou, o navio ficou sem propulsão. Os Geradores estão inoperacionais; navio sem energia. sem luz, sem água e sem alimentação.
Refeições compradas no supermercado Pingo Doce (prato do dia).
Guarnição desloca-se à Delegação Marítima a fim de fazer as necessidades e higiene diária, que se situa a um quilómetro de distância.
Todos os géneros alimentares perecíveis que se encontravam nas câmaras frigoríficas foram deitados ao lixo. Ou seja Sr. CEMA o navio está em “coma”. Não havendo energia não há nada a bordo. Ainda vai dando para dormir enquanto a roupa da cama não cheirar mal.
A Guarnição encontra-se bastante apreensiva!!
Sr. CEMA afinal os homens tinham razão.
O governo por seu turno veio falar de uma autorização para manutenção da frota dos navios de 39 milhões que teria saído já a 2 de Março em DR. Infelizmente o NPR Mondego não é contemplado nesta dotação orçamental.
Nisto a senhora ministra da defesa Helena Carreiras, sem faltar à verdade fez um número de ilusionismo muito próprio e habitual deste governo. Ou seja: dinheiro até vai aparecer, muito provavelmente a conta-gotas. Mas como a manta é curta não vai chegar para “agasalhar” o NPR Mondego.
A verdade é esta a senhora, como a maioria dos que ultimamente a antecederam, não percebe nada da poda. Uma licenciatura em sociologia não é nem de perto nem de longe a melhor ferramenta para entender o que se passa com o material das FA.
Talvez se em vez disso fosse formada em Engenharia Mecânica; máquinas marítimas ou arquitetura naval ainda poderia ter opinião técnica sobre o assunto. Assim neste caso limitou-se a papaguear aquilo que algum assessor estagiário saído das fileiras da JS lhe colocou à frente.
E SE OS HOMENS TIVESSEM SAÍDO?
Uma de duas poderia acontecer ou de dava o apagão. Ou na pior das hipóteses o NPR Mondego ira demonstrar ser um barril de pólvora flutuante. Porque ao contrário da vetusta António Enes não é construído em aço, antes foi construído como todos os navios desta classe, utilizando o princípio da sanduíche – uma camada de fibra de vidro de cada lado de um núcleo de espuma de células de PVC. Isto forma a estrutura desde a quilha até ao topo do mastro. Este método de construção reduz os custos de manutenção mas retira resistência ao navio perante um incêndio.
Se o pior acontecesse iríamos ter o PR Marcelo Rebelo de Sousa nos funerais desta guarnição com um ar pesaroso e compungido a dar abraços; a ministra a dizer que teria sido uma tragédia isto porque o assessor da JS não tem craveira para escrever melhor e António Costa provavelmente arranjaria uma cimeira no estrangeiro para não ter a maçada de estar presente.
O Sr Almirante CEMA iria entregar medalhas a título póstumo.
E o mal seria de quem fosse ao fundo com o navio.
A comunicação social nunca saberia a verdade. Tal como passados 37 anos o relatório da António Enes não é público nem me consta que tenha havido consequências criminais.
Mas uma vez fica aqui a minha solidariedade para com os 13 da ARMADA que com o seu gesto, e colocando em causa toda a sua carreira colocaram a nu o verdadeiro estado da frota que pode ser descrita numa só palavra «miserável».
Vamos ficar a aguardar desenrolar do processo.
Samuel Marques, Chefe de Máquinas Marítimas
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