domingo, 19 de maio de 2024

6ª FEIRA
Há aquela habitual "cena" - ui, é 6ª Feira 13.

Na passada 6ª Feira não foi 13, foi 17. 
Foi uma 6ª Feira que creio não será esquecida.
Creio mesmo que marcou uma linha na política nacional.
Poderá porventura ser considerada uma 6ª Negra?

Refiro-me ao que se passou nessa tarde na Assembleia da República. 
Alertado para o que estava agendado para a tarde lá me sentei na sala e vi o que se passou na sede da democracia.

Fiquei perplexo com várias coisas mas, por outro lado, muito daquilo a que assisti não me espantou. 

Estava em causa discutir o relatório redigido pela deputada Isabel Moreira e, em função disso, votar se a AR devia ou não iniciar um processo como pretendiam o super populista e demagogo André Ventura e os seus inarráveis e populistas companheiros (talvez nem todos tenham concordado) por, nas palavras de Ventura, alegada traição à pátria da parte de Marcelo Rebelo de Sousa. 

A acção do deputado Ventura terá uma classificação, certamente, mas nem vou perder tempo a pensar qual, se é, tonta, delirante, estúpida, cretina, parva, ridícula, populista, própria de alucinado, eleitoralista, surreal, deplorável, incoerente, infeliz, aberrante, disparatada, patética, demagógica.

Sou muito crítico de Marcelo Rebelo de Sousa.
Como por várias vezes escrevi neste blogue e noutro, votei nele para o 1º mandato e, em função do que lhe vi sobretudo no último ano desse mandato, na eleição em que acabou por conquistar o 2º mandato votei em branco.

Nos primeiros 4 anos do 1º mandato, Marcelo contribuiu muito para que os meus concidadãos se reaproximassem dos políticos, e da política, e das instituições.
A partir daí, em crescendo, muitas asneiras. As tonteiras discursivas frente a jornalistas estrangeiros foram apenas mais uns lamentáveis episódios.

Crismar isso de traição e outras barbaridades (opinião pessoal naturalmente) é qualquer coisa que só pode passar por alucinação, no mínimo. É fácil perceber que o que quer é tempo de antena, continuamente. E assim cativar mais desatentos.

Não gostei do discurso de Isabel Moreira, embora muito do que disse tem de ser considerado numa sociedade decente. 
Quanto ao seu relatório fiquei a saber pouco.
Tal como nada se sabe dos famosos pareceres jurídicos badalados por Ventura, pareceres que nem em papel higiénico devem estar.

Todos os discursos foram aliás de uma grande unanimidade, ainda que com palavreado diferente, mas Ventura foi e muito bem, severamente "chicoteado". Não é ter ficado isolado, ouviu das boas.

Mas é claro, desavergonhado político como é, fez o seu delirante teatro.

Há uma coisa onde está cheio de razão (minha opinião).
Não só mas sobretudo as esquerdas sempre trataram e tratam mal os portugueses e portuguesas (sim houve várias) que foram enviados para África a mando do regime de então. O que é lamentável para além de injusto. Os chamados ex-combatentes e pessoal de apoio.

Registei a irritação de Hugo Soares pela condução dos trabalhos parlamentares. Já não é a primeira vez segundo me disseram.
Gostei das palavras do representante do PSD criticando o desejo do Chega.

A terminar, umas palavras sobre a AR, os deputados e o actual Presidente da AR.

Há várias coisas que se podem convocar e ponderar:
1º- o regimento
Face ao que se passou na passada 6ª Feira 17 de Maio, é para mim evidente que o regimento está falho de várias coisas.
Sendo certo que os deputados têm imunidade parlamentar, sendo certo que normalmente grande parte deles demonstra uma grosseria permanente e uma completa falta de educação e decência, e atento o código Penal, creio que o Regimento devia ter algumas normas que especificamente não permitissem aquilo que hoje se verifica e se verificará em crescendo nomeadamente à conta do Chega.

Salvo melhor opinião o Regimento devia ter normas específicas que de alguma maneira transpusessem para ele os normativos do código penal quanto a, difamação, injúria, calúnia, discriminação, ódio, ou acções impedindo a realização do Estado de Direito e acções atentatórias de sentimentos religiosos. Liberdade de expressão, sem dúvida, mas no 2º órgão de soberania, os seus titulares devem ter decência.

2º-  os deputados
Refugiam-se na chamada praxe parlamentar. Certo. 
Na minha opinião, a maioria das vezes sobressai é uma notória falta de educação e decência.

3º-  a acção do presidente da AR
O presidente da AR fez um bom discurso na sessão em que foi empossado. É a minha opinião.

Mas ainda que eu praticamente não veja TV, ao observar o que se passou nesta deplorável 6ª Feira e pelo que um amigo me tem dito, o senhor só dá tiros nos pés, e não é de caçadeira, é metralhadora.

Todas as opiniões são discutíveis, devem respeitar-se, e depois argumenta-se, concorda-se, discorda-se.

Contrariamente ao que se passou com o trauliteiro Augusto e com António Costa, que considero dois dos principais responsáveis do crescimento do Chega, concordo que o presidente da AR não deve ser censor dos deputados.
Mas . . . . 

Salvo melhor opinião, não creio que o regimento tenha ferramentas claras que habilitem o presidente da AR a reprimir o Chega ou outro como fez o trauliteiro Augusto.
Nessa perspectiva Aguiar-Branco tem andado melhor.

Mas, oh sr presidente da AR, ora "bamoslaver", quando lhe perguntam se se pode dizer isto e aquilo, o senhor respondeu SIM mas, oh sr presidente, porque não acrescentou qualquer coisa mais, do género que adiante exemplifico, em vez de mais tarde ir aflito ter com os jornalistas?

O que eu teria respondido - sra deputada, pode, entendo que pode, não vejo no regimento norma que me habilite a tirar a palavra a um deputado seja de que partido for que entre em discursos de ódio ou discriminatórios, etc.

Mas sra deputada, que fique muito claro para todas as senhoras e senhores deputados, considero inapropriado, mesmo inaceitável, esse tipo de comportamentos na AR, pois a AR deve ser um exemplo para o país, e irei convocar imediatamente a conferência de líderes parlamentares para abordarmos este assunto, e ver o que pode e creio que deve ser feito, para melhorar o regimento quanto a estes aspectos.

Haverá aqui alguma patetice ou inocência jurídica da minha parte?
Não sei, mas é o que de momento penso.

Uma coisa me parece certa, Aguiar-Branco não esteve bem.

Da casa da democracia devem vir bons exemplos. 6ªF NÃO!

6ª Feira passada mostraram muito do pior do ser humano, 95% do lado dos 50 à direita (direita?). 
AC

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