O domínio da "Informação" neste mundo louco é, cada vez mais, de primordial importância.
No nosso caso, a história nacional está recheada de casos desastrosos por ausência de detenção de boas informações. Mas, também, de alguns casos de sucesso.
Um dos nossos casos de sucesso e, aparentemente, por estar-se na posse de informações importantes e decisivas, remonta ao tempo da epopeia dos descobrimentos e nomeadamente ao que levou à partilha do mundo entre nós e Espanha.
Outro caso e neste, deve dizer-se, INFELIZMENTE, o estar-se na posse de boa informação por parte da PIDE a par da montagem de uma teia tenebrosa, levou ao assassinato do general Humberto Delgado.
Mas existem casos vários de insucesso, de desastre tonitruante.
Um dos casos de desastre foi a "operação Mar Verde", operação montada para o ataque à Guiné Conakry, em que vários objectivos não foram atingidos sobretudo por falha de informações/ por informações não correspondentes à realidade no terreno: por exemplo, não apanharam os líderes do PAIGC nem da Guiné Conakry, não se destruíram aviões Mig.
Interessa-me particularmente o nosso período democrático, e estão decorridos 50 anos.
Quando digo "interessa-me" quero significar que, como cidadão muito interessado mas que quase nada percebe do assunto, tenho razoável consciência do que deve ser um Estado de Direito Democrático contemporâneo.
No mundo contemporâneo, um Estado deve ter estruturas que habilitem à preservação da segurança nacional, que garantam a sua proteção e a sua segurança.
A actividade de informações tem de se concentrar na análise profunda de "outrem/ país" quanto à sua situação política, militar, económica, social, religiosa e outras.
No caso nacional, a nossa segurança depende muito da envolvente externa.
Desde meados do século passado e crescentemente desde essa altura, a pesquisa de informações teve /tem de se dedicar e muito a espionagem, terrorismo, ameaças assimétricas.
Desde sempre a actividade de informações baseia-se naquilo que são por um lado as fontes abertas e por outro nas fontes encobertas as quais assentam, essencialmente, em meios electrónicos e pesquisa por agentes.
Há teorias diversas sobre o assunto, mas alguns apontam ser razoável que a actividade de informações assente 80% em fontes abertas e 20% na actividade de agentes e por meios electrónicos, acções portanto encobertas, clandestinas.
A rede diplomática de um país actua ou pode actuar nas duas vertentes.
Nos tempos contemporâneos nenhum país está 100% imune a sabotagem, terrorismo, subversão, espionagem.
Num Estado de Direito Democrático é importante ter definido que, nomeadamente o sindicalismo e o crime organizado, não se devem enquadrar nas missões de serviços de informações, serviços muitas vezes designados por serviços secretos.
Em Portugal, no período democrático, muitos políticos persistem em julgar que se resolvem assuntos por mudanças ou mesmo extinção de conceitos e certas estruturas e na maioria dos casos baseiam-se em premissas falsas.
E persiste o papão do Estado Novo. 50 ANOS!
Infelizmente, opinião pessoal naturalmente, continuamos com os estigmas e as limitações (hoje inconcebíveis, opinião pessoal) quanto a vigilância electrónica, intercepções telefónicas, etc.
E nisto, é a minha opinião, há muito de, incompetência, amadorismo, defesa de protagonismo serôdio, defesa de hegemonias bacocas, arrogância e, sobretudo, muita ausência de sentido de Estado e noção das realidades.
Hoje em dia, com a globalização, com os fluxos migratórios e neste âmbito com a crescente actividade de redes de tráfico humano a que certos países dão descarado apoio, torna-se mais do que evidente que a actividade de informações é essencial.
Torna-se por demais evidente que numa Europa Schengen a entrada de imigrantes devia ser controlada.
Mas é claro que ao escrever isto, ao pensar nestas coisas, ao pensar no mundo contemporâneo infelizmente e cada vez mais conturbado e perigoso, aos olhos de certa gentalha devo ser um terrível fasssssssssssista.
Mas, respeitando sempre a opinião de outrem, devo dizer-lhes, tenham juízo, tenham vergonha, e olhem sem facciosismos e ideologias para os vários exemplos bons de integração na sociedade portuguesa mas, TAMBÉM, para as imensas desgraças e misérias que por aí vão.
E as desgraças e misérias não se cingem ao que se vê nas filas de espera para tentativas de legalização, nem na Avenida da República em Lisboa, nem no Martim Moniz, nem nos sem abrigo; encontram-se por todo o lado, nomeadamente na parte Continental do país e muito já no interior, em aldeias, vilas, serranias.
Não ponderação do panorama internacional dá nisto, no que se vê.
Interpretação literal da legalidade dá nisto, no que se vê.
Portas escancaradas do virador de páginas deu nisto, no que se vê.
Hostilização da actividade de informações deu nisto, no que se vê.
Ausência de sentido de Estado dá nisto, no que se vê.
Não ponderação dos interesses nacionais dá nisto, no que se vê.
Desgraçado país, mas sobretudo desgraçados de nós.
António Cabral
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