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O general de Gaulle, já como presidente da França, viria a ter, perante Alain Peyrefitte, um significativo desabafo acerca do que pensava sobre o alijamento do fardo colonial:
Acha que eu não sei que a descolonização é desastrosa para a África? Que a maior parte dos africanos está longe de ter alcançado a nossa Idade Média europeia? Que são atraídos pelas cidades como os mosquitos pelas lâmpadas e que a savana vai regressar ao estado selvagem? Que vão outra vez conhecer as guerras tribais, a bruxaria, a antropofagia? Que quinze ou vinte anos a mais de tutela nos teriam permitido modernizar a sua agricultura, dotá-los de infra-estruturas, erradicar completamente a lepra, a doença do sono, etc.? É verdade que esta independência é prematura! É verdade que ainda não aprenderam a democracia! Mas o que é que quer que eu faça? Os americanos e os russos acham que têm vocação para libertar os povos oprimidos e encorajam-nos a exigir cada vez mais. É a única coisa que têm em comum. Os dois supergrandes apresentam-se como os dois anti- -imperialistas, quando, na verdade, se tornaram os dois últimos imperialistas. Sopra um vento de loucura sobre o mundo.
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(sublinhados da minha responsabilidade)
(sublinhados da minha responsabilidade)
Da guerra à paz na Argélia
De Gaulle e a lição perdida por Spínola
David Martelo
© Edições Sílabo Almedina 2024
De Gaulle e a lição perdida por Spínola
David Martelo
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António Cabral
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