No jornal Sol surgiu há dias um texto sobre as presidenciais (ainda falta bastante tempo, e parece que crescem por aí vários nervosismos), e à volta do actual chefe da Marinha, almirante Gouveia e Melo (GM), e quer o jornal quer alguns entrevistados afirmam que GM baralha ou pode baralhar as contas de vários partidos.
Haverá de facto nervosismo em certas "chancelarias"?
É mais um texto para encher chouriços ou seja, para ver se conseguem vender mais papel?
Ou é mais um texto para ver se queimam GM?
Ou é mais um texto para ver se conseguem que o partido A ou B tome desde já uma posição sobre o assunto e particularmente sobre GM?
E não perguntaram nada ao papagaio em Belém?
Nisto como em outras áreas da vida e da sociedade, creio que também aqui se aplica a famosa frase - "a utilidade é o critério de preferência".
Uma coisa é certa, o governo actual pode decidir prorrogar o mandato do actual chefe da Marinha por mais dois anos e nesse sentido isso propor ao inquilino em Belém. Que quase de certeza aceitará.
Uma coisa é certa, o governo actual pode decidir prorrogar o mandato do actual chefe da Marinha por mais dois anos e nesse sentido isso propor ao inquilino em Belém. Que quase de certeza aceitará.
Mas uma outra coisa é por enquanto incerta, e tem ligação com a de cima:
1º - GM aceita essa prorrogação, deseja continuar por mais dois anos a transformar a Marinha numa Marinha holística?
2º - Ou GM está-se borrifando para o actual governo e para o inquilino em Belém e deixa a vida militar activa e, durante o ainda muito tempo desde Dezembro próximo até à campanha para a eleição presidencial, vai avaliar como param as modas?
Outra coisa ainda é certa, GM é periodicamente falado como potencial candidato à Presidência da República, e parece continuar a granjear alguma popularidade, e além do mais nunca descartou liminarmente a hipótese de se candidatar a inquilino em Belém.
Uma outra coisa é inteiramente correcta no plano jurídico-legal, qualquer militar, fora do serviço ativo, tem todo o direito a concorrer a qualquer cargo político, pois fora do activo mantém intactos e sem limitações os seus direitos cívicos e políticos.
A CRP no seu Art 122º estabelece que são elegíveis os cidadãos portugueses de origem, maiores de 35 anos.
Uma outra coisa é inteiramente correcta no plano jurídico-legal, qualquer militar, fora do serviço ativo, tem todo o direito a concorrer a qualquer cargo político, pois fora do activo mantém intactos e sem limitações os seus direitos cívicos e políticos.
A CRP no seu Art 122º estabelece que são elegíveis os cidadãos portugueses de origem, maiores de 35 anos.
Portanto, além de Tino de Rans e outros civis, qualquer militar português maior de 35 anos e já na situação de reserva ou reforma, pode candidatar-se nas próximas eleições presidenciais.
Basta que o deseje fazer, e arranje um mínimo de 7500 assinaturas para se propor junto do Tribunal Constitucional, e faça isso até 30 dias antes da data da eleição. Simples, fácil.
Mas se isto é assim, e tirando o caso de Marcelo que andou décadas a preparar o terreno e a ganhar popularidade através das televisões, não estou a ver que no presente qualquer candidato mesmo com alguma aparente popularidade ou mais do que isso se possa dar ao luxo de dispensar uma campanha eleitoral apoiada.
Para isso precisa de apoios, financeiros, políticos, partidários.
Ora olhando às realidade nomeadamente no PS e no PSD, pelo menos no presente, não os estou a ver entusiasmados a apoiarem GM para Presidente.
Aliás, estou plenamente convicto que a porca telenovela executada pelo governo de Costa para meter rapidamente GM a chefiar a Marinha teve como origem o temor nas hostes socialistas quanto ao crescimento de popularidade de GM.
Tinham que o arrumar e colocá-lo em cargo militar outra vez e rapidamente.
Daí a porcaria que fizeram e que Marcelo congelou temporariamente apenas para dizer que - eu é que mando - pois pensava certamente o mesmo que António Costa e estrategos do PS.
E executou quase à socapa a mudança da chefia da Marinha, dando posse em período Natalício e de final de ano. UMA VERGONHA, típica da criatura.
A maioritariamente tristíssima classe política que continua a pensar que está na I República, acolhe dessa época imensas coisas menos que um militar esteja na política.
A maioritariamente tristíssima classe política que continua a pensar que está na I República, acolhe dessa época imensas coisas menos que um militar esteja na política.
Juridicamente o militar pode fazer política, estar na política, desde que já fora do serviço activo.
Há mesmo uma série de doutores mais propriamente da mula russa que consideram que militares na política equivale a retrocesso na democracia.
Para essa gentalha, já não configura retrocesso na democracia, o estado do sistema de justiça a menos que lhes toque e por isso andam agitados, ou o estado da ferrovia, ou o estado do despovoamento do território, o estado das reservas de água, um aeroporto por construir há mais de 50 anos, a escandalosa desordem territorial, etc.
E estamos nisto, a maior parte da classe (com muito pouca classe) política, incluindo Marcelo Rebelo de Sousa, não vê com bons olhos que na chefia de Estado possa sentar-se um militar já retirado da vida militar activa.
E estamos nisto, a maior parte da classe (com muito pouca classe) política, incluindo Marcelo Rebelo de Sousa, não vê com bons olhos que na chefia de Estado possa sentar-se um militar já retirado da vida militar activa.
Enfim, de qualquer forma, posso garantir, se Gouveia e Melo vier a ser candidato em eleição presidencial não terá o meu voto.
Conheço muito bem quem o conheceu, e confio nesse meu grande amigo, que sabe que Gouveia e Melo tem qualidades e defeitos como todos nós, mas a questão é que alguns dos defeitos são terríveis.
Para PR nunca, mas não é por ser militar.
AC
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