segunda-feira, 24 de agosto de 2020

EXACTAMENTE,  ASSINO  POR  BAIXO 
Não era preciso mais nenhum exemplo para confirmar o total desprezo pela noção de serviço público, o total desprezo por todos excepto pelos seus seguidores e vassalos. 
A nomeação de novo chefe de gabinete só confirma o que é.  
A postura acerca da entrevista da sua ministra Ana Godinho e algumas das suas respostas e evasivas ao Expresso são mais uma cereja em cima deste bolo intragável.
(António Cabral) (sublinhados da minha responsabilidade)

A herança de Costa
por henrique pereira dos santos, em 18.08.20
Quando Costa sair do lugar em que está, seja em que circunsâncias for, deixará uma herança.

O essencial dessa herança não se prende com a economia, a covid, a posição do PS no contexto político, o essencial dessa herança é o aprofundar das características históricas da relação das pessoas comuns com as instituições do país.

Quando Costa nomeia Escária para seu chefe de gabinete, nestas circunstâncias, não é uma nomeação que está em causa, é a ideia de serviço público.

Quando Costa transita de primeiro apoiante de Sócrates para a mais absoluta ausência de relação entre os dois, através da fórmula "cada um tem direito à sua verdade" é a ideia de verdade que está em causa.

Quando Costa dá corda a Pedro Nuno Santos para se enforcar com a TAP, sabendo o custo que tem para as pessoas comuns a liquidação desse seu inimigo político, é a ideia de política que está em causa.

Quando Costa trata o assunto de Pedrogão em função de "focus group" é a ideia de comunidade e de serviço à comunidade que está em causa.

Quando Costa esconde do eleitorado a sua estratégia de acesso ao poder, é a ideia de confiança no processo eleitoral que está em causa.

Quando Costa se limita a sorrir pelo facto de Mariana Mortágua dizer que foi enganada ao aprovar o Orçamento de Estado que afinal seria descaracterizado por cativações, e Costa ainda repete a graça todos os anos por saber que ao BE não lhe resta alternativa se não vender a alma ao diabo, é a ideia de governação democrática que está em causa.

Quando Costa finge todo um número político para dar cobertura à pequena vingança pessoal de Mário Centeno entrar pela porta grande do Banco de Portugal na qualidade de governador, é a ideia de conflito de interesses que está em causa.

A herança de Costa será isto, a corrosão das instituições, o descrédito do Estado, a desvalorização da política, a desconfiança sobre a governação e tudo o mais que Costa não inventou, mas que seguramente tem vindo a potenciar com total desprezo pela noção de serviço público.

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