terça-feira, 11 de agosto de 2020

M U I T O    R I C O
Algures nos anos 80 do século passado, estava eu na Bélgica, em serviço, em casa de um bom amigo, mais velho, e homem da mesma profissão, estimável, que chegou ao topo do topo na carreira quando, depois de jantar para que me convidara e falando nós das “dores nacionais” desse tempo, ele disparou a determinada altura mais ou menos isto - que o pessoal para governar e dirigir o país devia ser financeiramente rico e, assim, em principio, não haveria tentações nem corrupio posterior entre as famosas (!?!?!) portas giratórias.
Lembrei-me disto a propósito, da TAP, da EDP, desta muito estranha aventura verde de hidrogénio do inenarrável Galamba, de juízes, do que se passa com o NOVO BANCO, etc. etc. etc.
A questão pode ponderar-se para deputados, governantes, autarcas, juízes, etc

Claro que num país pobre como o nosso parece-me completamente  inviável, irrealista, que apenas ricaços acedessem aos poderes, para serem dirigentes, aos orgãos de soberania, a outros cargos na máquina do Estado. Que mais não seja porque, de certeza, que alguns ricaços terão a consistência e preparação da minha velhota vizinha na aldeia!
Que solução para estas poucas vergonhas a que assistimos há décadas? 
Que poucas vergonhas? 
As dos que recebem para conseguirem alterar projectos imobiliários, para passar rústicos a urbanos, para alterar vírgulas em diplomas, para preenchimento de lugares na máquina do Estado essencialmente por amiguismo/ nepotismo/ familiaridade/ cartão partidário, e um infindável etc. etc. etc.

A meu ver a solução não é nada do que, por exemplo, explica e de que se gaba aquela inenarrável especialista de justiça (!?!?) que parece ter tirado o curso em acelerado e por obra e graça do Espírito Santo.
A solução também não me parece que seja orar todos os dias para doer a torto e direito, até porque se verifica que os anos passam e quase não dói a ninguém.

Enquanto muitas pessoas entendem (eu tenho que respeitar, respeito, mas discordo em absoluto) que o fundamental e prioritário na sociedade é por exemplo a saúde e a educação, considero que a prioridade e decisivo é a justiça, o sistema de justiça.
Apenas um sistema de justiça capaz, eficaz, célere, independente, que trabalhe sobre códigos e legislação sem a pouca vergonha dos recursos sem fim e dos garantismos exagerados para lá do que a cada cidadão deve ser minimamente garantido, apenas um sistema muito diferente do actual será capaz de combater desigualdades, iniquidades, garantir a todos os cidadãos igualdade de acesso a tudo, igualdade de tratamento em tudo.
Não somos todos iguais, somos todos da mesma massa, mas não saímos todos das mesmas fôrmas.
Mas todos os cidadãos devem ser iguais perante a lei, sem excepções, o que no nosso país cada vez mais se comprova que não acontece.

A solução para Portugal deixar de ser o desgraçado País que se vê, assenta no sistema de justiça. Enquanto não se inverter a questão do ónus da prova, enquanto a legislação e os códigos não deixarem de ser comandados por escritórios conhecidos e por doutores de Coimbra e Lisboa, Portugal continuará como sempre foi, muito poucochinho.
AC

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