COMEMORAR a REPÚBLICA
Em 1922, tínhamos o que tínhamos.
Em 2022, temos o que temos, não estamos muito bem.
Em 1922, éramos muito atrasados.
Em 2022, somos bastante menos atrasados.
Em 1922, nos planos da cultura, analfabetismo, esperança de vida, mortalidade infantil, desenvolvimento, éramos uma desgraça.
Em 2022, estamos completamente diferentes para bastante melhor mas, no entanto, quase na cauda dos países na UE.
Em 1922, (16 Fevereiro), concentraram-se em volta de Lisboa tropas vindas da província para alegadamente combater as greves operárias em curso, na Carris, conservas de peixe em Setúbal, etc.
Em 2022, a tropa não é nisso empregue, mas é mal paga, e entre órgãos de soberania apreciam é mais a submissão que a legal subordinação das Forças Armadas ao poder político legitimado pelo voto.
Em 1922, 22 Março, partiam de Lisboa para a travessia aérea do Atlântico, em direcção ao Rio de Janeiro, Gago Coutinho e Sacadura Cabral.
Em 2022, e a propósito de meios aéreos, continua a brincar-se com a TAP e aos drones. E os Falcon não têm descanso.
Em 1922, 7 de Agosto, houve uma greve geral contra a carestia de vida, registando-se rebentamentos de petardos, feridos e prisões, e foi declarado o estado de sítio em Lisboa e concelhos limítrofes durante 15 dias. Além disso a polícia invadiu o sindicato único metalúrgico, e encerrou a confederação geral de trabalhadores e a união socialista operária.
Em 2022, a carestia de vida, exorbitante, é uma evidência, sendo os culpados a pandemia, a inflação, o Putin e, naturalmente, Passos Coelho. Os socialistas não têm culpa nenhuma e menos ainda Marcelo.
Em 1922, a miséria em muitas zonas doa Açores, Madeira, Trás-os-Montes, Alentejo etc., era uma triste realidade.
Em 2022, a situação é bastante diferente, por exemplo, já não se pode dizer - para lá do Marão mandam os que lá estão - pois estavam quase isolados; hoje pode dizer-se - no Marão, mandam os poucos velhos que ainda lá estão - despovoamento e túneis são uma realidade.
Em 1922, em Dezembro, Vieira de Castro publicou "A Europa e a República Portuguesa", e Oliveira Salazar, "Lições de Finanças".
Em 2022, as finanças estão como estão, uma lástima.
Em 1922, o ano sucedeu-se aos de 1919-1921 em que Estado, patronato da indústria, comércio e serviços urbanos consideraram anos de ameaça vermelha. Mas no final de 1922 já a ameaça vermelha tinha acabado e as confrontações laborais estavam diminuindo.
Em 2022, as ameaças são múltiplas e variadas na cor e na profundidade.
Em 1922, não tínhamos reguladores independentes.
Em 2022, temos reguladores formalmente independentes que regulam há décadas como sempre se vê, desde os preços dos combustíveis ao longo das auto-estradas ao cambão entre supermercados, etc.
António Cabral (AC)
TENHAM UM BOM DOMINGO, SAÚDE, e CUIDADO COM as QUEDAS.
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