segunda-feira, 24 de outubro de 2022

MARCELO ou o CARÁCTER EQUÍVOCO dos FACTOS
(sublinhados da minha responsabilidade)
Marcelo Rebelo de Sousa, consabidamente o maior especialista nacional na criação de ruídos e barulhos políticos - uma coisa a que o regime chama, há quatro décadas, de "factos políticos" -, lançou, em Amarante, e num contexto totalmente desproporcionado, um dichote sobre Pedro Passos Coelho. 
Quando do "Expresso" lhe disseram que o visado não teria apreciado o gesto, Marcelo repetiu o dichote noutra cerimónia qualquer. Finíssimo, jogou com a sua permanente despersonalização. 
O presidente da República, e não "o" Marcelo Rebelo de Sousa, acha que Passos Coelho, para além de ter prestado alto serviço público como primeiro-ministro, tem um futuro político indisputável. 
O que se traduz pelo seguinte: "eu, mal tomei posse, fiz de tudo para acantonar o dr. Passos até ele se ir embora, mas sei perfeitamente que é a única figura de autoridade política sobre o saco de gatos da direita parlamentar e extraparlamentar". 
Então, cercado pela sua própria incontinência verbal, vá de trazer para a praça pública alguém que não só não está no activo político, como, e muito bem, guarda prudente silêncio sobre as diversas choldrices em vigor. 
Acossado por distintas pusilanimidades e contradições, Marcelo tirou um não assunto da cartola e assentou-o sobre alguém que nada tem a ver com estes últimos sete anos de hipocrisia institucional, pela dignidade e austeridade moral e política que sempre evidenciou
O país, que há escassos meses deu uma maioria absoluta ao PS e reelegeu Marcelo no ano passado, está é preocupado com a pobreza, com a inflação, com o deslaçamento social, com a demagogia dos poderes, com o vergonhoso caciquismo partidário transversal e com um governo de couves cheias de bicho
As pessoas de bem, essas, estarão numa espécie de exílio interior à espera de melhores dias. Ou não, porque em geral não pertencem ao bando do "pensamento que calcula". 
Nuno Gonçalo Poças, um jurista das novas gerações, escreveu no "Observador" um artigo fundamental sobre o PR e o situacionismo socialista, que Costa tornou no "parceiro ideal da estupidificação geral dos espíritos da pátria", numa "betoneira retórica"
Ambos, Governo e PR, personificam, nas suas múltiplas despersonalizações de circunstância, "a agonia institucionalizada", "o pantanal lusitano". 
Nuno Poças "pede", em suma, um presidente da República que Marcelo já não consegue ser. Eu, presidencialista impenitente, requeiro o mesmo. 
Alguém que "traga eixos políticos contra a estagnação, a corrupção e a mediocridade". 
Marcelo estava em Amarante no centenário de Agustina. Que aprenda com ela. "O carácter equívoco dos factos, isso eu detesto". (JN, João Gonçalves)

EXACTAMENTE.

O problema para nós, cidadãos comuns, é que Costa é o intrujão-mor político que bate todos os anteriores intrujões. E, quanto à BETONEIRA RETÓRICA, é um caso perdido de hipocondríaco que ele próprio reconhece que é, e um perito em adormecer os cidadãos, que assim se deixam anestesiar por estes dois comparsas desta horrível telenovela que nos esmaga.

Tenham uma boa semana e cuidado com quedas e etc. Saúde.

António Cabral

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