O MUNDO
Anda tudo louco!
E cada vez mais me querem enganar.
Anda tudo louco!
E cada vez mais me querem enganar.
Em Portugal, e por esse mundo fora.
Lembrei-me de Pessoa.
Saber? Que sei eu?
Pensar é descrer.
- Leve e azul é o céu -
Tudo é tão difícil
De compreender!....
Pensar é descrer.
- Leve e azul é o céu -
Tudo é tão difícil
De compreender!....
A ciência, uma fada
Num conto de louco....
- A luz é lavada -
Como o que nós vemos
É nítido e pouco!
Que sei eu que abrande
Meu anseio fundo?
Ó céu real e grande,
Não saber o modo
De pensar o mundo!
E, de facto, como diz muitas vezes a minha muito idosa mãe, está tudo louco.
Por cá sucedem-se as vigarices, e o reescrever de muita coisa.
Cada um sabe de si e Deus saberá de todos os humanos - é frase conhecida.
Cada um de nós deve tratar da respectiva vida, de sobreviver, mas há mais do que isso, e como muitas vezes aqui escrevo e muitas vezes refiro nas minhas conversas, cada vez mais me preocupa a bovinidade que por aí constacto.
Racionalidade e pensar pela sua cabeça é coisa que me parece cada vez mais arredada de muita gente.
Acreditem, é o lema subjacente às conversas de Marcelo, Costa, e muitos outros, e neste "muitos outros" estão imensos de todos os seus antecessores das mais variadas cores.
Só lhes falta dizer - não pensem.
Porventura no seu íntimo o que lhes apetecerá mesmo dizer-nos é - nem se atrevam a pensar. É o velhinho - comer e calar!
Vi casualmente Marcelo junto a dois desamparados sem-abrigo. Se percebi bem, aqueles desgraçados concidadãos parece que se recusaram a ir para uma casa de acolhimento, não tomei muita atenção qual o destino que lhes foi proposto.
Que vida desgraçada.
E Marcelo, terá percebido que apesar do feito no passado recente, afinal continuam por aí "sem-abrigo" sem fim?
Que resposta aos problemas que se nos colocam? Vai ser por decreto?
Hoje ao fim da tarde, fui levar a minha mãe (97) ao lar.
Em regra duas vezes por semana assim acontece, passa o dia connosco, almoça e janta e até tem a felicidade de observar o bisneto mais novo, de quase 9 meses, que nós em semanas alternadas recebemos desde as horríveis 0700 horas até antes de jantar.
E de cada vez que vou ao lar, neste como o anterior em Lisboa, questiono-me sobre como será a vida dos funcionários que conheci7 conheço, e dos familiares de alguns idosos e doentes que ali estão e vivem.
E olho para esta gente, para o que trazem vestido, para os carros alguns muito velhos, para algumas olheiras no rosto e questiono-me.
Como me interrogo quando a pé vou até à Praça da República e olho para, os taxistas, os empregados da pastelaria, as duas raparigas na loja dos jornais, as gentes na praça nos poucos lugares de frutas e legumes e na zona da peixaria.
Olho para as pessoas que estão também a entrar na clínica da fisioterapia quando lá chego com a minha mulher para se tratar, e observo o ar dos bombeiros que chegam com pessoas para esses tratamentos.
Esta diversidade de pessoas não tem certamente os mesmos pensamentos, as mesmas agruras na vida, e deve estar a borrifar-se para o Costa versus Costa, e quererá é saber do Ronaldo e do campeonato lá para as Arábias. E que compra, como vi ainda esta manhã, uma raspadinha.
Que pensam de tudo isto, deste mundo doido todos os que acima citei?
Que pensa o casal sem-abrigo que Marcelo "visitou"?
Que pensa de tudo isto, deste mundo doido, algum dos Timorenses que por aí anda aos caídos?
Gente com inquietações? Com dramas na família? E aspirações?
Preocupados com o míssil da Ucrânia disparado acidentalmente para a Polónia, segundo Biden e outros e a própria Polónia?
Não lhes mata a fome, nem Marcelo nem muitos outros e outras, nem o bazar diplomático.
Enfim, fico por aqui, pois há tanto para questionar nesta sociedade de crescente anseio pelo regresso do respeitinho serôdio……
António Cabral (AC)
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