A DESTRUIÇÃO das FA PORTUGUESAS
Estive a reler com mais cuidado a recente entrevista do Coronel Sanches Osório ao Expresso, que está intitulada - Os políticos têm-se entretido em destruir as Forças Armadas (FA).
Concorde-se ou discorde-se, como sempre, as opiniões devem respeitar-se.
Pessoalmente não encontrei novidade nenhuma na entrevista em que o entrevistado é caracterizado designadamente por revolucionário desiludido.
Nada de novo encontrei quanto ás divergências ou tendências que existiam no seio dos oficiais do Exército ( como diz a entrevistadora - não estavam a cantar no mesmo coro), oficiais que mesmo no meio de pouca organização, sobressaltos etc., lograram (e ainda bem) concretizar uma revolta militar que acabou com o anterior regime.
Nada de novo encontrei quanto a tudo o que respeitou a Spínola.
Nada de novo encontrei quanto à igreja católica, 11 de Março, MDLP, ELP, Rio Maior, atentados, Vasco Gonçalves, Costa Gomes, Norte e Centro do Portugal Continental.
Nada de novo encontrei sobre Salgueiro Maia e Vasco Lourenço.
Curiosamente não detectei referência a Ramalho Eanes.
Quanto ao título da entrevista - Os políticos têm-se entretido em destruir as Forças Armadas - é uma afirmação que a realidade confirma plenamente.
Creio compreensível que até 1982 não fosse possível ou adequado encarar de frente a questão Defesa Nacional e concretamente o seu pilar militar - as FA.
Mas, como em muitas outras áreas do país (ordenamento territorial, fiscalidade, sistema de justiça, saúde, ensino, economia, indústria, mar/ZEE, cultura, património edificado, habitação, agricultura, agro-pecuária, energia, lei da nacionalidade, imigração, cidades/ vilas/ freguesias, etc.) a realidade é que estamos perto de celebrar 50 anos decorridos sobre o 25 de Abril e tem sido um "encanar a perna à rã"; e a única coisa que foi feita foi uma gradual mas substancial redução dos quadros/ recursos humanos sobretudo a partir de 1991, e um crescente estrangulamento de recursos financeiros.
A realidade mostra que os poderes públicos se comprazem e o PS em particular ainda mais, em estrangular, ao mesmo tempo que apregoam loas, sempre cientes que as chefias militares fazem umas queixinhas por ocasião dos dias de celebrações o que passa rapidamente e, desde que os Falcon voem ininterruptamente, e o Marcelo apregoe variadas vezes que são os melhores dos melhores, e se consiga manter umas tropas do Exército em países Africanos sob bandeira ONU, está tudo catita.
Definir se Portugal deve ter (entendo que DEVE) ou não FA e, tendo-as, qual a sua dimensão e em que tipos de missões externas e no âmbito de alianças podem ser empregues, isso é coisa que não interessa aos portugueses, não é sr António Costa? Não é srs deputados? Não é srs partidos políticos? Não é sr prof Marcelo?
É Portugal, é como estamos, e continuamos.
António Cabral (AC)
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