quinta-feira, 18 de julho de 2024

Brigada de Costumes 
Liberdade de expressão, dizem alguns, tem de pressupor a possibilidade de ofender porque, caso contrário, não seria necessário proteger esse direito, a liberdade de expressão.

Tenho as maiores dúvidas que ofender nomeadamente a honra, o bom nome, deva ser encarado como a coisa mais banal deste mundo.
Estou a recordar-me, se a memória não falha, Cavaco Silva foi um dia apelidado de palhaço e a sua queixa foi para o arquivo exactamente à conta da liberdade de expressão.

Pessoalmente não tenho dúvidas em designar alguém como um grande  aldrabão político, ou um intrujão-mor político, ou um politicamente desonesto. Criticar com educação, mesmo com forte assertividade,  isso sim, deve ser defendido.

Já designar alguém por exemplo de desonesto atinge a integridade pessoal, não se está no combate das ideias políticas, não se está no combate pela defesa do que se entende num dado momento dever ser adoptado politicamente.

Mas há por aí, desde há muito, uma brigada de costumes, um wokismo militante, quem entenda definir o que está certo ou errado sem qualquer margem para dúvidas, o que é bom ou mau, o que é ou não moderno, o que é aceitável no plano do género, do clima, do digital, da cultura, das relações internacionais, etc.

Pela minha parte sempre respeitei as opiniões de outrem, umas vezes concordo, outras vezes tenho dúvidas, outras vezes discordo liminarmente. Mas respeito, sempre. As minhas opiniões, discutíveis naturalmente, devem igualmente ser respeitadas.

Cada dia que passa mais me convenço estarmos perigosamente ‘1984’ de Orwell. 
Uns incomodados que por aí se manifestam, legitimamente, será que se incomodam com certas outras coisas?

Por exemplo, e cito o meu caso, que sou um reformado que desde há muitos anos é um modesto e manhoso fotógrafo amador, e tem assim milhares de fotografias, de cidades vilas e aldeias nacionais e estrangeiras, fotografias por tema (portas, monumentos, fragmentos do quotidianos, natureza, lua, festas populares, rios, campo, cidade, plantas, animais, barcos, etc.) e colecionador de inúmero artigos e notícias, vejo-me periodicamente assaltado no meu computador, e basicamente tendo que pedir licença ao "big brother" (cookies) para ir aos meus arquivos buscar fotografias para integrar num dado postal.
Inacreditável, mas é a realidade.

Eu compreendo investigações, pesquisas aleatórias, e até tenho a sensação de que, infelizmente, as autoridades estão sempre aquém do que deviam fazer para caçar canalha e malandragem.

Mas há limites, e é fácil hoje em dia verificar carreiras profissionais, particularmente quanto a servidores do Estado, como é o meu caso, e direi, com alguma notoriedade.

Onde estão os meus direitos defendidos?
Enfim, é como estamos, e é difícil chegar aos responsáveis por abusos, que neste caso sim, fazem lembrar o antigamente.
AC

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