Nasce.
A liberdade foi ansiada, desde muito novo.
A liberdade foi formalmente adquirida no dia 25 de Abril de 1974.
E a liberdade não foi perdida em 25 de Novembro de 1975.
E a liberdade não foi perdida em 25 de Novembro de 1975.
Ele, depois de 25ABR74, creio, foi dos que mais contribuiu para solidificar a liberdade em Portugal.
Não foi o único, mas a sua acção foi decisiva.
Continuamos, FELIZMENTE, em liberdade embora (opinião pessoal naturalmente), às vezes, aqui e ali, me fique a sensação de que está a ser apenas formal.
Respeito, SEMPRE, a opinião de outrem, concordo ou discordo.
Respeito, SEMPRE, a opinião de outrem, concordo ou discordo.
No caso dele, que faria hoje 100 anos (a minha mãe com 99 para lá está a caminhar), há fervorosos adeptos, há quem o deteste, mas também há muitos que lhe realçam o muito bom, o bom, mas que não se esquecem de apontar o reprovável. E assim deve ser, por esta ordem, como eu aprendi.
Não creio que o reprovável deva ser excessivamente valorizado, mas não deve ser atirado para debaixo do tapete, como se vê por aí.
É a minha opinião.
Retenho as facetas que me encantaram nele, mas não esqueço quase nada do que tomei conhecimento, pelos OCS e por amigos que bem sabiam de certas "podas".
Adjectivação muito apontada e com a qual concordo: combativo, visionário, coragem física, enérgico, optimista, contador de histórias, humanista, negociador, realista, muito culto, bom político, homem da "realpolitik" e, portanto, pragmático.
Alguns afirmam que "era um homem de coragem marcada por uma vontade assumida de apontar um caminho (concordo) e convidar os portugueses a segui-lo.
Alguns afirmam que "era um homem de coragem marcada por uma vontade assumida de apontar um caminho (concordo) e convidar os portugueses a segui-lo.
Nunca foi um homem que se deixasse levar pelo calculismo, pela carreira, mas sempre procurou servir o seu país." (aqui tenho dúvidas em alguns aspectos).
Terá sido o mais sofisticado dos políticos nacionais do século XX e XXI.
Visionário, sabia que um dia o Estado Novo cairia e, nessa altura, deveria existir já uma alternativa política, democrática, de direito.
Podemos recordar da nossa história o - Antes quero asno que me leve do que cavalo que me derrube. - ou o - antes rainha por um mês que duquesa toda a vida.
Podemos recordar da nossa história o - Antes quero asno que me leve do que cavalo que me derrube. - ou o - antes rainha por um mês que duquesa toda a vida.
Aplica-se-lhe?
Creio que ao longo do tempo Mário Soares seguiu as posturas e posicionamentos dos seus "companheiros" na esfera da Internacional Socialista, e nomeadamente Helmut Khol.
Depois do 25ABR74, e nomeadamente de meio do PREC para a frente, ficou mais do que evidente que mereceu a confiança / o apoio incondicional dos EUA designadamente via Carlucci.
A fazer fé em muitos relatos, como a recente entrevista de Carlos Matos Gomes à TSF, pela via da Internacional Socialista o PS de Mário Soares terá recebido enormes somas de dinheiro, designadamente para apoiar o combate político-eleitoral.
Assunto que Rui Mateus certamente dominaria!
Bom intérprete da vida, das realidades, com bons dons de oratória, creio que Mário Soares nunca se ligou a ideologias embora se proclamasse do socialismo democrático.
Bom intérprete da vida, das realidades, com bons dons de oratória, creio que Mário Soares nunca se ligou a ideologias embora se proclamasse do socialismo democrático.
Obteve apoios diversos dos EUA o que, é minha convicção sobretudo olhando às instituições / organizações americanas que materializaram esses apoios, ao PS de então e as direcções seguintes a Mário Soares não convinha/ não convirá mexer nesse tema.
Mário Soares era pragmático.
Apreciar a sua conduta política, institucional, pessoal, à luz de valores como ética e moral, do que devia ter sido feito ou não, é um exercício complexo.
Desde logo a partir de finais de 1974.
Mário Soares liderou, creio, o processo de descolonização; em algumas das viagens nesse âmbito foi acompanhado por militares do MFA o que, creio, não lhe agradou, porque lhe terá sido imposto nomeadamente por Spínola.
Curiosamente ou não, Spínola viria a ser Chanceler das Ordens Honoríficas quando Soares foi Presidente.
Quer quisesse ou não, o processo de descolonização não foi nada brilhante, e Mário Soares nunca se pôde furtar a essa polémica, e o seu nome não pode obviamente ser desligado do que correu muito mal e do que correu bem.
Vale a pena ir ler algumas das declarações de Carlos Matos Gomes sobre este tema.
É bem conhecido o trajecto de vida e político de Mário Soares até ao 25ABR74. A sua luta pela liberdade.
Esteve preso, foi deportado para São Tomé, é certo.
Nunca o Estado Novo o encarou como um grande perigo.
É a minha opinião.
Entre as coisas nunca esclarecidas, há a saída de militante do PCP segundo ele e os seus, ou a expulsão do partido segundo o PCP.
A Cunhal e muitos outros o Estado Novo nunca que eu saiba lhes deu alternativa como deu a Soares - ou vais lá para fora ou vais preso - e assim Soares partiu para França.
Depois de PM e Presidente da República foram vários os casos direi, melindrosos, que ensombraram Soares.
Nunca esclarecidos cabalmente, como sempre convém nestas coisas.
Por exemplo, que relações havia realmente com a UNITA e particularmente Jonas Savimbi, o (arrisco dizer) vergonhoso caso "Emaudio", a célebre Fundação de Relações Internacionais do PS.
Pessoalmente considero que Soares fez bem em criticar certas coisas aos governos de Cavaco Silva, por exemplo quanto a barracas e outras desgraças sociais.
Na minha opinião, exorbitou em muitas alturas, sempre me pareceu interessar-lhe sobretudo deitar abaixo o PSD, e muito conspirou contra Cavaco Silva em termos que pessoalmente considero ultrapassaram em muito o normal relacionamento institucional.
Durante o PREC, depois do PREC, durante os governos constitucionais até à revisão da Constituição, o relacionamento de Soares com a instituição militar é uma das áreas que nunca se esclarecerão.
Porque ele nunca o esclareceu, e porque da parte de vários militares do 25ABR74 isso tem sido mantido pouco ou nada claro.
É interessante ler certos livros, reler certas entrevistas como por exemplo as mais recentes à TSF à volta do 25NOV75.
Creio que, jogador hábil como sempre foi, engoliu vários do grupo dos Nove e não só, porventura separadamente, serviu-se e deitou fora! Pragmático!
Nunca será esclarecido completamente o pó que tinha a Ramalho Eanes.
Não se retirou em tempo devido da política activa. Sendo visionário, não percebeu que não se sairia bem no Parlamento Europeu.
Lamentavelmente, usou da sua conhecida deselegância verbal quando ali perdeu.
Deselegância que, opinião pessoal, era uma das suas grandes características mas que bem disfarçava na maioria das vezes.
Mas contrariado, vinha logo ao de cima.
E por isso discordo das afirmações de que não era tacticista, calculista, etc.
Pessoalmente creio que serviu Portugal, foi sempre esse o seu desígnio.
Mas não se terá servido um pouco dos seus últimos anos de político activo? Fica a minha dúvida, legítima.
Claro que o processo a seguir ao 25ABR74 foi muito complexo, que a vida nacional foi complicada pelos menos até 1982.
Mário Soares mostrou-se sempre muito hábil.
Levou FELIZMENTE a bom porto e com a grande ajuda de Medeiros de Ferreira o seu desígnio de integração nas Comunidades Europeias.
Promoveu várias alterações sociais, sendo uma delas o SNS em boa hora alinhavado por Arnaut.
Como digo acima, recordo e registo para sempre agradecido, o muito bom e o bom que Mário Soares protagonizou.
Mas não esqueço muita coisa.
Mário Soares, sobretudo a partir de 1986, sempre se comportou como um rei de Portugal.
Compreendi em parte, não esqueço certas coisas, algumas para mim perto de imperdoáveis.
Mas presto o meu indiscutível tributo a Mário Soares.
Como cidadão estou-lhe muito reconhecido, pela liberdade para a obtenção da qual Ele foi decisivo.
Obrigado Mário Soares, descanse em paz.
António Cabral (AC)
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