quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

7  DEZEMBRO  1924
Já escrevi no próprio dia em que faria 100 anos a minha opinião sobre o que genericamente penso de Mário Soares, de forma relativamente resumida. 
Referi o bom e o criticável (opinião pessoal, naturalmente), realcei o mais importante, o que de decisivo fica para a história democrática do nosso Portugal: a sua decisiva acção para a conquista da liberdade, para a manutenção da liberdade em Portugal.
E por isso lhe estou muito reconhecido.

Mas apetece-me acrescentar mais qualquer coisa, pois continuei a observar, quer azia em relação a ele da parte de vários à esquerda do PS (o que me dá um certo gozo), quer apenas loas no PS, quer apenas loas nos ortodoxos que se converteram ao PS e assim arranjaram boa vidoca, e até loas em quem na direita (na decente, e na intragável) lá no fundo sempre o detestou (o que irrita).

Como referi antes, como aprendi, primeiro o bom, depois o criticável, sempre por esta ordem.
Poderão dizer-me - isso agora não interessa para nada - e eu respeito, SEMPRE, as opiniões de outrem. 
Mas, desculparão, procuro ser minucioso, rigoroso, e até por uma questão de decência prefiro olhar a tudo, olhar à história. 
Mas sem nunca esquecer o mais importante, e decisivo.

Se temos a Constituição, não é só a ele que o devemos, mas muito a ele.
Na adesão à CEE, ele liderou o processo e creio que teve decisiva ajuda particularmente em Medeiros Ferreira.

Já quanto ao progresso social, ao SNS, a isso voltarei particularmente ao SNS, mas creio inquestionável que foi sempre uma das suas grandes preocupações.

Já quanto à alteração da Constituição em 1982, creio que para lá da procura de um equilíbrio institucional, de poderes, alguma coisa foi ditada pelo pó que ele e Balsemão tinham a Ramalho Eanes. 

Repito, sempre em primeiro lugar realçar a sua luta pela liberdade, a obtenção da Constituição, a sua acção no erguer do Estado de direito democrático.

Isso não invalida que me recorde de muita coisa, e para lá do mau processo de descolonização no qual foi um dos responsáveis mas não o único, ficou associado a histórias nunca esclarecidas podendo falar-se em teias de cumplicidades discutíveis.

Creio que nunca equacionou, por exemplo, depois de PM, candidatar-se a presidente da AR. Isso era pouco. Belém.

Alguns recordam, sugerem, dizem, algumas coisas sobre o regresso de vários empresários portugueses exilados no estrangeiro.
Disse-se e escreveu-se muita coisa.
Mas o que é completamente diferente saber de um amigo (banqueiro francês) como as coisas de facto se passaram.
Como é diferente (completamente diferente da narrativa) saber da fonte segura como começou de facto a Fundação Luso Americana.
Adiante.

Como alguns referem, a sua bonomia era mais aparente que real.
Ficam para sempre os seus berros - saia daqui, não queremos cá polícias.

Portanto, a ele muito devemos, mas eu não esqueço as imperfeições (??), que aliás todos temos, sem excepções. Por exemplo certos indultos!

A terminar, claro que muitos nunca lhe perdoarão, entre outras coisas, a sua contribuição para que o V governo provisório estoirasse, tal como a fonte luminosa, etc. Recomendo pastilhas Rennie!

Esta coisa de em morte passarmos a anjos sempre me irritou.
Tudo farei para que um dia, oxalá esteja longe, nada digam de mim senão a realidade de forma justa, e que está por exemplo sintetizado no cimo, quanto se abre o blogue.

Mais uma vez, o meu sentido tributo.

AC

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