quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

40 ANOS. 
40 anos é uma etapa já muito relevante, na vida de uma pessoa, e mesmo na sociedade.
Em 25 de Abril próximo fará 40 anos a revolução dos cravos, a revolução dos 3 D, democratizar, descolonizar, desenvolver. 
O último D, como se vê, teve muito pouco de desenvolvimento e muito mais de distribuição, do pouco que havia, e do que não havia. E para poucos bolsos.
Por isso as três bancarrotas. Os causadores das duas primeiras continuam despudorados como se nada fosse com eles. Responsabilidade? Náaaaaa! Os causadores da terceira idem!
A propósito de 40 anos lembrei-me de uma data passada, um marco na minha vida.
Fez em 19 de Maio de 2013, pelas 2340 horas, 40 anos que, quando embarcado no navio onde fiz a comissão de serviço, navegando em ocultação total de luzes, em postos de combate/ bordadas como era necessário na zona, fui/ fomos atacados por bombordo no rio Cacheu, na Guiné, hoje Guiné-Bissau.
Tive muita sorte, como quase todos os outros que estávamos no exterior do navio, envolvidos pela escuridão, apenas ferida pelo espectacular luar africano.
Morreu um comando africano, que como outros estava deitado no convés, atrás da peça de vante, junto a quem rebentou o primeiro e único projéctil/ granada lançado pelos então guerrilheiros do PAIGC.
Houve também vários feridos. Houve um pequeno incêndio. O navio teve danos, inclusive um pequeno rombo abaixo da linha de água. 
Passadas umas semanas, um relatório da PIDE confirmava a morte de todo o grupo de guerrilheiros atacantes.
Não era de esperar o contrário, pois tinham que infiltrar-se pelas densas árvores junto ao rio, até ao rio, e ainda que sem serem vistos de bordo, a reação de fogo do navio e de todo o pessoal armado que ia no exterior e que terá durado nem um minuto, varreu com aço, literalmente, toda a área.
Como se viu na manhã seguinte ao ataque, quando voltámos ao local, via-se no arvoredo da margem uma zona enorme quase circular de árvores zurzidas, sem ramos pequenos, sem casca, tudo madeira branca.
40 ANOS. O tempo voa. Eu não esqueço. Fui um dos que não morri, por acaso, destino.
Andam para aí muitos que não esquecem nada.
Porque quase nada, ou mesmo nada, sabem.
Sobretudo não sabem respeitar. Cidadãos, instituições, valores.
AC


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