sábado, 1 de novembro de 2014

Condecorações
Nos Estados, com diferenças naturais designadamente resultantes da história de cada um e da organização respectiva nos tempos contemporâneos, quase todos senão mesmo todos, têm os seus formalismos, o seu protocolo de Estado (em Portugal este assunto continua um pouco estranho), a sua forma característica de recordar momentos e pessoas marcantes do seu passado, a sua maneira de, nos tempos actuais, homenagear civis e militares, nacionais e estrangeiros, que se tenham distinguido na sua esfera de acção.
Que se tenham distinguido? Sim, que se tenham distinguido, e haverá sempre civis e militares que pouca ou nenhuma celeuma levantarão em certos sectores mais dados a agendas “especiais/ mediáticas".
Mas, se houve, há e haverá sempre quem se distinga nas suas actividades ao longo da vida, parece-me indesmentível que, quer no meio civil/ político quer no militar, pode acontecer que alguém potencialmente merecedor de reconhecimente público, nunca venha a ser agraciado. Por diferentes razões, mas em síntese - "agora vais pagar”. E não há volta a dar.
Será de referir ainda que, no caso nacional, o Presidente da República é o grão-mestre das ordens honoríficas portuguesas, ordens que se constituem em três grupos, a saber: ordens nacionais (2), antigas ordens militares (4) e ordens de mérito civil (3). Na esfera da instituição militar, existem condecorações várias que, dependendo da condecoração e do agraciado, ou lhe são impostas em cerimónias públicas militares ou em cerimónias de âmbito mais restrito como por exemplo, o gabinete de um dos chefes militares.
Deve ser feita uma distinção: enquanto para as ordens honoríficas portuguesas os condecorados recebem em regra a condecoração das mãos do PR, na instituição militar, os agraciados em cerimónias militares públicas recebem no peito as condecorações que lhe foram outorgadas previa e formalmente, mas podem ter o azar de receber a distinção das mãos de um politiqueiro, seja um ministro da defesa nacional, seja um presidente de câmara municipal, etc.
Não estou à partida a apoucar ninguém, mas estou a lembrar-me do meu próprio azar. Em 2003, 20 de Maio, em cerimónia pública, fui agraciado com uma medalha de serviços distintos, e o meu azar é que não foi o Chefe do Estado-Maior da Armada de então que a colocou no peito. Porque fui o primeiro agraciado e, portanto, lá foi o politiqueiro que presidia à cerimónia colocar-se na minha frente. Azares da vida.
Vem isto tudo a propósito de andarem para aí uns senhores zangados porque José Sócrates, contrariamente a todos os anteriores PM ainda não levou a “chapa” habitual por ter sido titular do órgão de soberania Governo. E a propósito também dos comentários sobre a condecoração que Durão Barroso irá receber na 2ªfeira das mãos do PR.
Quanto ao ex-presidente da comissão europeia, a fazer fé nos “media” (que não são de fiar), mas com base na agenda que se vê no “site” da Presidência da República, irá ser condecorado com o Grande-Colar da Ordem do Infante D.Henrique. Este grau, tanto quanto se vê escrito, destina-se a agraciar Chefes de Estado. Para mim a coisa é simples. Durão Barroso tem uma precedência protocolar elevadíssima, só não estou certo se no protocolo de Estado está equiparado a Chefe de Estado. Se sim, está tudo certo, senão, a condecoração pode ser discutível. Pessoalmente estou a borrifar-me, pois estou convicto que fez certamente algum bom lobbying pelo País. Mas o seu trajecto pessoal, também não esqueço.
Quanto a José Sócrates, se vier a ser agraciado por este PR, só confirmará aquilo que há anos eu sei sobre este senhor de Boliqueime. Se algum dia eu vier a estar hospitalizado, também farei como um certo senhor com S grande, - ordens estritas para impedir essa visita.
AC

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