sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A propósito das sucessivas broncas neste desgraçado País

Haverá quem se indigne com as broncas dos últimos tempos, ligando-as aos actuais mafiosos no e ligados ao governo. Haverá quem as ligue aos anteriores mafiosos, dos anteriores governos e clientelas. Eu prefiro acreditar que tudo isto, independentemente das cores dos envolvidos nas pouca vergonhas das últimas décadas, tem mais a ver com a vergonha que é o sistema de justiça, com a fraqueza de meios para investigação e a pouca vergonha das sucessivas e cirúrgicas alterações legislativas, cirúrgicas porque ao longo dos anos entre prescrições e outras manobras, foram salvando malandragem sem conta. E depois as posturas mafiosas, baseadas na certeza da impunidade, baseados nos exemplos maus de quem devia dar bons exemplos, como por exemplo ex presidentes da república, tudo junto dá o caldo a que se continua a assistir.
E depois, e que não é de hoje, o interessante e constante cruzamento e colocação de figuras nos mais diferentes patamares da máquina do Estado, com ligações partidárias várias e de negócios e familiares e de alcova. Poucas vergonhas de há décadas. Doutores e doutoras da mula russa! Bem pregava Agostinho da Silva:

Queria que os portugueses
Tivessem senso de humor
E não vissem como génio
Todo aquele que é doutor

Sobretudo se é o próprio
Que se afirma como tal
Só porque sabendo ler
O que lê entende mal.

António Cabral (AC)

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