quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Ai que eu sou um "ganda" ministro da defesa nacional.
Está com o mesmo à vontade, no gabinete no edifício do Restelo, a ser entrevistado na TV ou mesmo só questionado na rua, ou sentado em Vila Nova de Cerveira como comum cidadão. Mas pelo que vou vendo, inclino-me mais para a displicência inconsciente. Com uns pózinhos de outros defeitos intragáveis.
É muito ufano da sua reforma 2020 mas, se em minha opinião várias coisas eram necessárias fazer na sua formal esfera de acção, salvo melhor opinião, era capaz de ser mais avisado não estar tão ufano.
Vem isto a propósito dos "bitaites" pela jactância com que tem falado sobre a musculação nacional sobre os invasores russos.
Primeiro os F-16, depois a história do navio de investigação russa. Os jornalistas portugueses, com a sua habitual ligeireza, deixam passar tudo em claro.
Primeiro, quanto aos F-16 e intercepções efectuadas. Podiam ter perguntado ao ministro (que, como os antecessores, não é da defesa nacional, é só das forças armadas) quantos aviões estão lá fora (zona da Finlândia?), quantos existem neste momento em Portugal e desses quantos estão operacionais, a sério. Porque sempre houve canibalização. Podiam ter perguntado se é o sistema radar nacional que detecta ou não intrusos no nosso espaço aéreo ou se estamos sempre à espera de alertas da NATO. Enfim podiam ter perguntado tanta coisa!
Quanto a navios, antigamente, eram dadas ou recusadas autorizações para períodos de investigação científica dentro da nossa ZEE. Depois havia vigilância sobre isso, pelos navios de guerra e pelos nossos aviões. Podiam ter perguntado isso ao ministrozinho, e pedir-lhe para explicar se o russo estava a bordejar as 200 milhas, se tinha entrado um bocadinho, se era dos que estava autorizado e estava a abusar mais uns dias depois da licença caducada, etc.
Os jornalistas têm o ministro e interlocutor que merecem, e vice-versa.
Nós, comuns cidadãos, é que merecíamos melhor sorte.
AC

Em tempo: sobre este tema, muito se mais se poderia dizer, pelas mais variadas perspectivas. Mas seria fastidioso e longo, num só texto. Acrescentarei apenas mais umas palavras, para ilustrar mais o meu desgosto pelos politiqueiros nacionais e por vários na Europa.
A meu ver, nunca se deve esquecer que nada é por acaso, nada é tão simples como parece, nada é tão complexo como por vezes se afigura.
E quase tudo se vai desenvolvendo lenta e paulatinamente. Mas isto, claro, do lento e paulatino, só para quem tem pensamento de facto estratégico. Na Europa, e sobretudo depois da queda do muro de Berlim, tudo passou a ser um mar de rosas. E muitos rosáceos engalanaram em arco. E logo surgiu a famosa discursada da paz para sempre, a política europeia de segurança que tantas loas foram ecoando, mas os bons europeus trataram foi de retirar o mais possível o dinheirinho dos respectivos ministérios de defesa nacional.
Por cá, o desastre foi ainda maior, com muitas discursatas e conferências de politiqueiros e militares, com uns "facilitanços" de comissões na estranja, que sempre foi dando para descomprimir os quadros das forças armadas, com os seus fracos vencimentos nacionais, e com o progressivo desinvestimento material.
Tenho Putin na conta de um grande malandro, mas não de parvo.
O resultado das doces intenções desde a queda do muro começa a estar cada vez mais à vista.
Por cá, devem estar à espera de ver um arroto francês do tipo - "la grandeur de la France"....- para darem também uns arrotinhos mais fortes. Entretanto, vão treinando. Basta de facto ouvir o ministrozinho das forças armadas e algumas piedosas comentadeiras.
AC



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