domingo, 10 de junho de 2018

A PROPÓSITO,  10 JUNHO
Esta data era celebrada antes do 25 de Abril de 1974. 
Continua a sê-lo no presente. 
O modelo de celebração do actual Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas está diferente do que recentemente era. O actual titular do orgão de soberania Presidente da República alterou o modelo de celebração. O modelo em si não me parece nada mal. 
Mas o modelo é uma coisa, o eventual vazio de posturas e discursos, é outra.
Este ano, Marcelo e o seu amigo Costa iniciaram as celebrações em Ponta Delgada e já devem estar nos EUA para, segundo parece, conviverem com comunidades Portuguesas em Boston e Providence.

"Esquecendo" os anos iniciais do actual regime, desta III República, em que muitos discursos no 10 de Junho ou no 25 de Abril serviram um bocado para caneladas várias entre partidos e entre titulares de orgãos de soberania, na minha opinião os últimos anos têm conhecido nesse aspecto uma certa acalmia. Ainda que subsistindo uma ou outra canelada. Que aliás só faz bem!
Isto para ir ao meu ponto e que é o seguinte: nas datas mais relevantes da nossa história, nas tomadas de posse de governos e de Presidentes da República, é ou não oportuno e apropriado que se abordem preocupações centrais da sociedade, problemas da sociedade, sobretudo se a sociedade está um bocado já com cheiro a comida estragada?

A nossa sociedade do presente quero dizer, a que existe pós 25 de Abril, assentou na minha opinião: 
> nos gritos de revolta pelo passado e em muitos casos mais que justificados, 
> na necessária estruturação constitucional que, infelizmente na minha opinião, foi muito dominada por exageros ideológicos,
> no assalto ao poder por parte de certas forças políticas, 
> no assalto à máquina do Estado, no infiltrar disfarçado dentro de muitas estruturas do Estado por parte de muitos que se consideraram derrotados no PREC, 
> no assalto ao PIB por parte de certa gentinha chamada cá para dentro no início dos anos 90 do século passado, gentinha que nunca esqueceu quem os trouxe para cá, e ao que se sabe sempre lhe foi agradecendo, 
> no assalto ao poder por parte dos principais partidos políticos,
> na manutenção intocada de juízes.

A sociedade Portuguesa, já o escrevi repetidas vezes e escrevo outra vez, melhorou imenso em praticamente todos os sectores. 
Mas também é verdade, penso não haver dúvidas, o sistema de justiça está a funcionar muito deficientemente, o acesso à saúde está diferente para pior, o crédito bancário voltou a entrar na espiral da pouca vergonha e da insensatez, os actuais titulares dos orgãos de soberania PR, AR e Governo sorriem muito, controlam os OCS, ninguém lhes coloca perguntas directas difíceis, disfarçam cada vez mais com os cenários cor-de-rosa.

E, por isso também, reconheço legitimidade democrática àqueles que afirmam que a sociedade dos últimos tempos tem sido construída sobre a estupidez e a corrupção e havendo um dramático e crescente défice de cidadania. Digo eu, grassa e alastra a bovinidade.

Prometem-se os satélites todos da lua, os existentes/ conhecidos e os que se presumem existem. Esquecem-se contudo de averiguar  como está a órbita da lua e se lá existe água potável.
A disciplina, autoridade, respeito (não é o respeitinho de outrora porque sim, é RESPEITO), trabalho e outros valores, tudo cada vez mais arredado de uma coisa que alastra e que parece constituir uma nova ordem.

Hoje é dia de Portugal. Pergunto-me: o que queremos enquanto sociedade?
Até, da maneira como certas coisas e certas áreas andam, se queremos alguma coisa?

Ouvi partes pequenas do discurso do PR em Ponta Delgada, hei-de ir ao sítio da Presidência para ver se já lá estará o discurso.
Mas, dos trechos que ouvi, nada me surpreendeu. 
Fala e escreve muito bem, disserta empolgando, mas lembrando que somos os melhores, que desbravámos, que preferimos sempre os acordos ás rupturas (o 25 de Abril 74 foi um acordo???), só isso não chega a meu ver.
Passei esta tarde os olhos pelos "online". 
Já descontando a costumeira azia do sempre contra, vi umas referências do PCP comentando o que disse Marcelo - não abordou preocupações centrais. Ditas em linguagem educada. 
Entre os amigos e correligionários creio que dirão - foi a chachada do costume!

Respeito a opção do PR. 
Mas como como cidadão, penso que se continuar nesta senda começará a ficar pouco diferente de certos discursos de antes do 25 de Abril.
Como respeito as opções editoriais dos jornais de que li esta tarde as "gordas" pela NET.
Hoje é dia de Portugal.
Que noticiaram, que aprofundaram?
JNegócios, Ionline, DN, JN, Público, registaram a referência do PR aos acordos possíveis.
DN e Público referem que Costa admite o 10JUN2019 em África (será que Costa mandou a Bissau Rui Rio em missão exploratória?).
Umas fotografias nos jornais, e nas TV umas imagens do PR e da sua extensa comitiva, e de pequenas focagens do desfile militar.
Ah, e ouvi dizer ao presidente das comemorações que Portugal é um País moderno. Registei, e recordarei em situações concretas.

Hoje foi Dia de Portugal. Mas como está de facto Portugal?
" Ah meu caro senhor, lá está você com o seu mau feitio, não reparou que hoje foi apenas um dia de festa"
António Cabral (AC)

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