terça-feira, 7 de maio de 2019

O  QUE  ME  PARECE  IMPORTANTE 
Já com alguma idade não pára de saltitar e aparecer nas TV e em  jornais e revistas. Sobrinho de um conhecido homem influente do tempo da chamada outra senhora. Especialista em histórias.
Como sempre, respeito a opinião de outrem, mesmo discordando, e dele discordo muito.
Como em tudo na vida, e concretamente nesta coisa do Estado Novo que muito ocupa este historiador e nomeadamente sobre o ditador Salazar, do meu ponto de vista naturalmente, é essencial na vida ponderar sempre as coisas apontando em primeiro lugar o que é o mais importante, qual é o cerne da questão. 
Despirmo-nos de ideias pré-concebidas e politicamente correctas.
Ou seja, identificar com isenção o que é a base das "coisas" e ir, depois, a outras facetas, quer as boas quer as más. 
Que as há em tudo na vida.
Isto dito, para a minha maneira de ver as coisas, o Estado Novo era/ foi um regime ilegítimo, repito e várias vezes, ILEGÍTIMO.
Porquê? 
Simples, parece-me. 
ILEGÍTIMO por ter havido sucessivos governos sem eleições livres e transparentes
Os cidadãos tiveram de certa maneira uma fita adesiva na boca.
Durante décadas, antes do 25 de Abril de 1974, aos cidadãos não foi dado o insubstituível poder soberano de se pronunciarem, em liberdade, em verdadeira liberdade. ESCOLHEREM.
Mas, como em tudo na vida, nesse período houve também coisas positivas e houve coisas negativas. Existem estudos que o comprovam.
Quando se fazem comparações, seja em que âmbito for, elas devem ser feitas com honestidade intelectual. 
Por exemplo, comparar a natalidade, a saúde pública, a economia, entre o reinado de D.João II e 1800, ou entre 1911 e 1950, é capaz de roçar o indecoroso. Parece-me óbvio. 
Comparar sim, os tempos de D.João II com os reinos na Europa do seu tempo, comparar o Portugal de 1800 com os países Europeus dessa época, comparar 1950 ou 1960 em Portugal com, a Alemanha, Holanda, Reino Unido, Luxemburgo, dessas mesmas épocas, e verificar então, quais foram os atrasos de Portugal, na alfabetização, na cultura, na preservação do património, no desenvolvimentos industrial, na economia, na mortalidade infantil, no ordenamento territorial, nas redes de caminho de ferro, nas capacidades aero-portuárias, na marinha mercante, na igualdade ou desigualdade de oportunidades das pessoas independentemente da origem social e familiar, etc.
Claro que em todas as épocas, houve, e haverá sempre, quem queira branquear o que lhe agrada ou defende, irracionalmente que seja. 
Quem queira branquear o Estado Novo. 
Quem queira branquear as pouca vergonhas que infelizmente se vão acumulando no Portugal democrático.
É só isto. 
É só isto que me apetece dizer, é só isto que me parece dever ser dito sempre, em primeiro lugar.
Em segundo lugar, em relação a todos os diferentes períodos da nossa história, e nomeadamente de 1910 a 1974, e concretamente quanto ao Estado Novo, SIM, analisar o que de mau e trágico aconteceu, desde logo e olhando a Europa os atrasos enquanto sociedade, o subdesenvolvimento, e o que aconteceu a milhares de pessoas, na I República, na ditadura militar, no Estado Novo.
Mas não esquecer onde se evoluiu, não o negar.
O que acima expresso é o que me parece dever ser o início de qualquer debate, de qualquer ponderação. 
Reconhecer os erros, e no Estado Novo houve muitos. 
Mas não houve só no Estado Novo, houve na monarquia, na I República, e por aí fora.
Foi ditadura, mas foi tudo mau?,  não se melhorou globalmente o País desde 1910?
É democracia, está agora tudo catita?
Compare-se 1974 com o presente, e vejam-se as enormes diferenças, a maioria para melhor.
Mas não se escamoteie o que não convém a certos senhores e senhoras, mas também não se faça branqueamento do mau na ditadura.
Mas não se escamoteie o que de desgraçado persiste, e se agrava, actualmente, em democracia.
Sempre me irritaram os fretes ideológicos de todas as cores e de uma ponta à outra, os "arrependidos", os politicamente correctos, e os donos das verdades à sua maneira.
AC

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