terça-feira, 21 de maio de 2019

CGD, bancos, BERARDO: o costume
O jornalista Miguel Pinheiro foi um dos vários que escreveu há dias sobre o assunto, no "Observador", sobre a última representação de Berardo. 
Se percebi bem, para o jornalista, Berardo não percebeu que mesmo em Portugal há limites, que o regime não pode sobreviver com Berardo a rir-se, que a criatura passou de empresário a inimigo nº 1 do regime, que a criatura passou uma linha invisível, que a criatura se tornou no símbolo mais notório do impasse do sistema. 
Discordo completamente do jornalista. 
O regime está apodrecido e vai continuar assim, eventualmente mudando moscas, e por isso se pode reagir ao que acima refiro com um - Ah, ah, ah - à Berardo.
Concordo com certas coisas que li em outras sedes.
Discordo de muitas mais.
Se o meu concidadão Berardo não me merece consideração alguma, enoja-me o clamor hipócrita de Marcelo, de António Costa, e de vários deputados e muitas outras criaturas. 
E aqui estamos, como de costume, uns tadinhos.
Ele, coitado, afirmou não ter dívidas, tadinho.

Em primeiro lugar atente-se na lei, na legislação e, portanto, tenham decoro e deixem-se de histerismos hipócritas.
Em segundo lugar, recordem todos os "medalhadores", sucessivos Presidentes da República, sucessivos chanceleres das ordens, sucessivos chefes das casas civil e militar da Presidência, e as inúmeras criaturas que ao longo de décadas, por baixo da mesa ou em lojas ou escritórios, foram sussurrando nomes para condecorar.
Em terceiro lugar olhe-se de facto aos milhares de condecorados, aos seus trajectos de vida e quantos foram de facto decisivos para o desenvolvimento e engrandecimento de Portugal.
Ou foi sempre para criar e aumentar a rede de contactos, salvaguardando o futuro de muitos e das suas famílias?

Isto dito, depois de usar a tecnologia para ver a palhaçada na AR, concluí que Berardo não foi o único palhaço, ainda que a postura do dito comendador foi/ é condenável.
Mas foi directo e frontal, um bocado ordinário.
Mas, e os sacripantas que por lá têm passado?
Directos e frontais?
NÃO, muito doentes, muito amnésicos, mas muito educadinhos venerandos e agradecidos, muito respeitadores, agiram sempre dentro da lei, não se riram na cara dos deputados, só para dentro riram e gozaram com os deputados e com a AR, e já fora do hemiciclo riram ás bandeiras despregadas.
O jornalista, tal como outros senhores e senhoras, interrogaram irados, ofendidos - como é que isto é possível?

Claro e obviamente que é possível, como foi possível as bancarrotas, as fraudes nos fundos, as fraudes nos subsídios, as fraudes em concursos públicos conhecidos, os contratos por ajustes directos, etc.
Claro que a democracia tem regras, tem por vezes até coisas que nos repugnam mas não esqueçamos que o que Berardo tem feito, o tem concretizado a coberto do tecido legislativo, habilidosa e ardilosamente tecido ao longo de décadas.
Uma das normas que impuseram no País e há explicação para isso, ou se há, é que as malfeitorias têm de ser demonstradas e desmascaradas pela máquina do Estado. 
Claro que, em paralelo, de há décadas, que os meios humanos e técnicos são cada vez mais insuficientes para combater a corrupção e o colarinho branco, os desvios de dinheiros.
Os filhos da mãe, que não pagaram/ não pagam à segurança social, que corrompem/ corromperam, roubaram e continuam, que receberam/ recebem subsídios de milhões, não tem de explicar como vivem faustosamente alardeando pobreza perante o fisco.
Um espectáculo este Portugal.

Uma das preciosidades que se julga importante cá no burgo e vai abrindo a boca a espaços, acha que a legislação que permite os Berardos vai ser alterada. Que a AR, tão indignada que está, vai reagir.
Reajo como o Berardo - ah, ah, ah!!!!

Berardo riu-se, o presidente da comissão parlamentar também se foi sempre rindo, pateticamente.
Ilustrativo de tudo isto.
Como creio que alguém sugeriu, se o tivessem expulso da sala, com cobertura TV então teria havido um módico de dignidade.
Que pouco existe em S.Bento.
Escreveu o jornalista o que escreveu.
Já o disse, respeito mas discordo completamente.
É um dos muitos que sabe perfeitamente o que se passa há décadas na sociedade Portuguesa.
Um dos inícios logo nos finais dos anos 80 passados, foi a tragédia do Fundo Social Europeu, que engordou gente e gente, muito conhecida, e acabou por dar em nada.
Os hipócritas que hoje dizem que o País está chocado com a representação de Berardo na AR, que há que respeitar as instituições, deviam ter tratado de contribuir para alterar todo este húmus podre. Não o fizeram.
Não, viveram calmamente, engordando a barriga e os bolsos, com uma despudorada e descarada ausência de vergonha na cara.
Viram, participaram, olharam para o lado, o tal - saber viver.
Mas hoje estão tão indignados com a falta de respeito perante as instituições. Foram ministros e cooperantes mas hoje estão tão indignados.
Atentado ao estado de direito?
Como diria o outro, vão à outra parte, cambada de ordinários.
Ah, e oxalá apertem com o Berardo, pode ser que ele assim desmascare alguns safardanas.
Não acredito que isso aconteça, mas........
AC

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