terça-feira, 26 de novembro de 2024

LIDO POR AÍ
(SUBLINHADOS DA MINHA RESPONSABILIDADE)

Existe um lado cómico, na data que hoje se assinala, corporizado por um sem-número de almas equivocadas, que acredita piamente ter sido a direita a planear e a executar o 25 de Novembro.

Como se Ramalho Eanes, Melo Antunes, Vasco Lourenço e a maioria das personalidades do Grupo dos Nove não fossem de esquerda.

Como se a força política determinante para o sucesso do 25 de Novembro não tivesse sido o PS de Mário Soares.

Ainda assim, existe quem, à direita, queira transformar o 25 de Novembro no seu 25 de Abril.

Existe até quem garanta que foi neste dia que o Gonçalvismo foi derrotado, quando Vasco Gonçalves, já incompatibilizado com Otelo, tinha sido substituído por Pinheiro de Azevedo dois meses antes.

Acontece que a única direita com papel relevante na crise de 75 foi a dos terroristas do ELP/MDLP, um dos quais esteve hoje sentado no hemiciclo, a aplaudir de pé o mesmo Ramalho Eanes que derrotou o seu grupo de mujahedines, responsáveis por inúmeras mortes e atentados à bomba nos anos que se seguiram a verdadeira a única revolução.

A bem da verdade, diga-se que foi precisamente essa direita fascista e terrorista a grande derrotada do 25 de Novembro, a par da extrema-esquerda militar. Porque nem o PCP foi ilegalizado, nem as suas aspirações de fazer o país regredir para uma nova ditadura foram bem-sucedidas. André Ventura é herdeiro de plano direito dos derrotados do 25 de Novembro. Por muito que se queira fazer herdeiro do carrasco dos seus antepassados políticos.

Lamento informar, mas, no capítulo da organização de revoluções, golpes e contragolpes, aquilo que resta à malta da direita é o 11 de Março. Mas eu, se fosse a eles, não me metia nisso.

Creio que há no texto supra muita realidade concreta.
AC

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