sábado, 21 de junho de 2025

DEFESA  NACIONAL
Nova meta de investimentos em Defesa custa um submarino por ano
Este é o título de mais um artigo do jornalista Vitor Matos, do Expresso. Em que se diz que a Marinha quer mais submarinos, a Força Aérea os caças F-35 e o Exército renovar duas brigadas e modernizar os carros de combate.

O artigo é este, e os sublinhados e comentários inseridos (só vermelho sem sublinhado a cor) são da minha responsabilidade.

Portugal vai à Cimeira da NATO prometer 2% do PIB em gastos com Defesa. Mas sai com fatura mais pesada. E para isso ainda não tem o apoio da oposição.
Luís Montenegro vai aterrar na Cimeira da NATO, em Haia, na próxima terça-feira, 24 de junho, com o compromisso de gastar um adicional de €1300 a €1500 milhões este ano para atingir uma despesa de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em Defesa — o que corresponde ao custo de três submarinos novos —, mas deve sair dos Países Baixos com uma fatura muito mais pesada na carteira: o novo objetivo de 3,5% do PIB representa cerca de €10 mil milhões por ano para Portugal, a que se somam 1,5% do PIB em infraestruturas relacionadas com a segurança nacional. Donald Trump não abre mão da exigência dos 5% do PIB em gastos militares, mas esse nível de ambição não colhe, em Portugal, apoio nos maiores partidos da oposição. (Nem no Próprio PSD e CDS, nem em Espanha nem em outros países).
Para se manterem dentro dos limites da credibilidade, Portugal e os sete países da NATO que ainda não cumprem os 2% passaram as últimas semanas em negociações para chegarem à cimeira com o compromisso assegurado, evitando ser “desconsiderados” pelos parceiros, mas sobretudo pelos Estados Unidos.
A realização dessas consultas foi uma das razões para a antecipação da meta para 2025 não constar do programa eleitoral da Aliança Democrática e para essa urgência não ter sido debatida na campanha, diz ao Expresso uma fonte governamental.
Este alinhamento obrigou a um acordo entre os sete últimos do pelotão — Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Luxemburgo, Canadá e Eslovénia — para acelerarem a despesa no cumprimento dos mínimos. A forma como Portugal vai lá chegar, porém, ainda não estava fechada esta quinta-feira, apurou o Expresso. Para sublinhar estes esforços, no fim da Cimeira do G7, realizada no Canadá esta semana, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, saudou o embarque de canadianos e portugueses: “Com Portugal a anunciar os 2% a semana passada, significa que toda a NATO estará nos 2% antes do início da cimeira da próxima semana em Haia.” Mas Espanha opõe-se aos 5% e a Eslovénia ameaça sair se for obrigada aos 3,5% (ver texto ao lado).
Consenso não chega aos 5%
Numa área tradicional de consenso no bloco central, o primeiro-ministro chamou a São Bento o líder da oposição, André Ventura, do Chega, e o presidente do PS, Carlos César, que se fez acompanhar do futuro secretário-geral, José Luís Carneiro. Os socialistas aceitam que se atinja a meta dos 2% este ano — que tinha sido negociada com Pedro Nuno Santos —, mas César fez questão de sublinhar que valores na ordem dos 3,5% ou 5% são “esforços que não parecem compatíveis com a realidade orçamental portuguesa”.
André Ventura teve um discurso semelhante. Está de acordo “em relação às metas”, mas deu conta de que “o plano não está completamente definido nem em termos orçamentais nem em termos de investimento estrutural”. O líder da direita radical, porém, alinhou com o PS sobre a meta mais ambiciosa: “Neste momento, 5% é impraticável em Portugal”, afirmou. A semana passada, o ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, defendeu os 3,5%, mas também disse à Antena 1 que o objetivo dos 5% “não é inexequível”, tal como Montenegro disse em fevereiro. Só para atingir os 2%, com a revisão em baixa do crescimento, as Finanças terão de lutar para não haver um défice de 0,6% do PIB entre 2027 e 2029, como apontou o Conselho das Finanças Públicas no caso de Portugal assumir o compromisso da NATO.
Chega e PS apoiam atingir os 2% do pib este ano, mas não concordam com a meta de trump dos 5% em defesa
No imediato, o cumprimento dos 2% do PIB deverá ser atingido através de três estratégias: um reforço orçamental efetivo para a aquisição de capacidades militares, uma vez que 20% do total das verbas consideradas devem ser investidas em equipamento ou infraestruturas militares; outra hipótese, cujos critérios estão em negociação internacional, tem a ver com a maneira como é contabilizada a ajuda à Ucrânia, e a terceira, eventualmente a mais relevante, passa por reclassificar um conjunto de despesas já realizadas pelo Estado que sejam elegíveis nos critérios contabilísticos da NATO e que Portugal ainda não utiliza na plenitude.

Dez anos de submarinos
Outra das discussões em cima da mesa em Haia será o calendário para os aliados atingirem as novas metas. Em 2014, quando os países concordaram atingir os 2% na Cimeira de Gales, o objetivo era para alcançar em 10 anos, o que Portugal nunca cumpriu. Agora, o ritmo deverá ser mais intenso para se chegar aos 3,5% do PIB em despesas militares (mais 1,5% em infraestruturas) em 2032. Mas países como Itália — e Giorgia Meloni tem uma boa relação com Donald Trump — estão a pressionar para que a data limite seja estendida a 2035.
Para Portugal, isso representará um enorme esforço financeiro. Para chegar aos 3,5% do PIB (considerando as projeções do Banco de Portugal para 2025) o país teria de juntar um adicional de €4440 milhões ao que a NATO contabilizou em 2024 (€4481 milhões, 1,58% do PIB). Isso significa duplicar os gastos em Defesa na ótica da NATO e dar um incremento de €635 milhões, em média, por ano às despesas militares durante sete anos, se o calendário for 2032. O ritmo baixa para €445 milhões por ano se for a 10 anos, até 2035. Mas corresponde, grosso modo, à compra de um submarino novo todos os anos. O Governo promete não afetar despesas sociais. Em agosto terá de apresentar à Comissão Europeia os projetos a financiar nos programas ReArm Europe.

Vítor Matos, Jornalista,19 junho 2025 
https://expresso.pt/politica/defesa/2025-06-19-nova-meta-de-investimentos-em-defesa-custa-um-submarino-por-ano-8a117f3b

Num texto de há uma série de dias, já dei a minha atrevida sugestão para a engenharia financeira que esta coisa requer.
Agora fico por aqui, dizendo apenas que, respeitosamente, este é tão só mais um artigo para encher chouriços.
Vou voltar ao assunto.
AC

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