sábado, 21 de junho de 2025

REVISITANDO  ARQUIVOS

O QUE ESTÁ DIFERENTE, HOJE ?

PONDERA-SE,  COM  INTELECTUAL  HONESTIDADE,  RIGOR,  SERIAMENTE, O  PROBLEMA  DA  DEFESA  E  SEGURANÇA  DE  PORTUGAL?
PONDERA-SE,  SERIAMENTE,  COM RIGOROSO  SENTIDO  DE  ESTADO,  QUE FORÇAS  ARMADAS  DEVE  TER  UM  PAÍS  COM  ESTA  DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA,   COM  UMA  ZEE  BRUTAL,  UM PAIS  QUE  AGUARDA  DESDE 2013  A  DECISÃO  DA  ONU  SOBRE  O  SEU  PEDIDO  DE  ALARGAMENTO  DA PLATAFORMA  CONTINENTAL?

Olho para este meu texto (em baixo) de 23 de Outubro de 2020, que recupero dos meus arquivos.
Lembrei-me disto depois, crescentemente ouvir e ler o que, basicamente, me parecem inanidades, trivialidades, irresponsabilidade.
O que está diferente, hoje? Está tudo muito diferente?
Não creio.

Continuamos com um discurso para encher chouriços da parte do Presidente da República, continuamos com as barricadas dos amanhãs que cantam e dos outros que lhes apertam o pescoço, com as reuniões sindicais/ corporativas patéticas a despropósito de jogo político nas ruas assim lentamente destruindo a credibilidade da importantíssima ferramenta de vida dos milhões que trabalham, levando a que se riam de nós portugueses quando ouvem patetices como - "somos os melhores dos melhores" - dito com o mesmo sorriso arvorado nos cocktail em Moçambique.

Não, continuamos no caminho para Estado exíguo, irrelevante, com ardentes desejos de caminhar para Estado falhado, sempre a disfarçar.

António Cabral

Forças Armadas São Ou Não Prioridade?
O PSD promoveu um debate sobre Defesa, Quinta-feira, 19 de Outubro de 2000.

O presidente social-democrata, Durão Barroso, e o deputado Carlos Encarnação, ministro-sombra do PSD para a Defesa, receberam ontem no Hotel Tivoli, em Lisboa, o general Loureiro dos Santos, assim como Joaquim Aguiar, antigo assessor presidencial, e ainda o ex-ministro da Defesa Figueiredo Lopes, para falar sobre "Política de Defesa Nacional". 
A assistir estava uma constelação de "estrelas" das Forças Armadas (FA) a quem muitas das coisas que ali foram ditas não deve ter agradado.

O que marcou o debate foi uma intervenção de Joaquim Aguiar, colunista do "Expresso" e ex-assessor dos Presidentes Ramalho Eanes e Mário Soares. Perante uma plateia de altas patentes, como os generais Espírito Santo, Loureiro dos Santos, Almeida Bruno ou Tomé Pinto, Aguiar fez questão de dizer claramente que havia prioridades mais importantes do que as FA em Portugal: "Estou completamente à vontade para vos dizer coisas extremamente graves." 
E explicou o seu à vontade: "Não sou militar, não sou político."

Durante uma hora, Aguiar deu uma lição de economia aos nervosamente irrequietos militares presentes (e aos poucos deputados que assistiam), explicando que, para haver modernização, era necessário que Portugal fosse capaz de "dominar ciclos de evolução económica como condição para produzir capacidades efectivas militares". 
Como isso não acontecia, e ainda por cima os aparelhos estatais caminhavam para a falência, era uma precipitação falar-se em reestruturação militar.

Só depois Aguiar apontou baterias contra os políticos. 
Segundo o comentador, os partidos sabem muito bem que o "wellfare state" (expressão inglesa para Estado-Providência) tinha os dias contados. 
Mas, mesmo assim, nada faziam para alterar o actual situação: "Todos os partidos prometem mais do mesmo, mas o mais do mesmo já não existe." 
O ambiente ficou pesado quando afirmou: "O dr. Durão Barroso sabe disto mas não faz nada."

Era por isso mesmo que as coisas não funcionavam em Portugal. 
"Não eram feitas para funcionar" porque os políticos queriam que tudo ficasse na mesma. 
Daí que o comentador acabasse por concordar com o general Loureiro dos Santos, ao caracterizar o "Conceito Estratégico de Defesa Nacional" como "mudo" e "inútil". 
Porque, concluiu, "só serve para disfarçar"

António Cabral (AC)

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