segunda-feira, 28 de julho de 2025

"Cometeram-se erros gravíssimos na educação em Portugal”
Professor e poeta, António Carlos Cortez esteve no programa “A Escuta do Mundo”, da TSF

No ano em que assinala um quarto de século dedicado à poesia, António Carlos Cortez lança o livro Condor (Editorial Caminho). Mas nem só a poesia tem mobilizado o autor, que se tem afirmado também como uma das vozes mais críticas relativamente às políticas educativas implementadas em Portugal nas últimas décadas, posição que plasma no livro, também de 2025, “O Fim da Educação – Crise, Crítica, Ensino e Utopia” (Guerra & Paz).

No programa A Escuta do Mundo, na TSF, António Carlos Cortez não poupa palavras sobre o estado atual do ensino: “Cometeram-se erros extremamente graves”, sendo o mais central “a perda do poder simbólico e do poder efetivo do papel do professor na sociedade portuguesa”.

Cortez considera também que houve uma progressiva “secundarização das humanidades” nos currículos escolares durante as últimas décadas que levou à minimização da aprendizagem do português, da literatura e da história. Ainda que esse “sacrifício das humanidades” tenha tido por objetivo adequar a escola às exigências do mercado de trabalho, acabou por afetar gravemente a formação dos alunos, e esta realidade não se aplica apenas aos alunos que seguirem a área das humanidades, mas também aos que seguirem áreas científicas, “porque é do domínio da língua que estamos a falar”.

Para o professor, o problema não se resume aos programas: é estrutural. “Os erros são dos programas, da formação de professores, da ausência de uma verdadeira cultura livresca nas escolas e da menorização das humanidades, que se traduz depois numa menorização do pensamento crítico e científico”, alerta.

O diagnóstico é severo e exige uma resposta à altura. “Enquanto não houver um ministro da Educação que ponha o dedo na ferida” e assuma, perante os portugueses, que “temos aqui um problema terrível de futuro da nossa sociedade”, só há uma maneira de recuperar a figura do professor: “Cabe a cada um dos professores voltar a ser mestre — no sentido de alguém que lê, que recusa a burocratização crescente e que rejeita ser fotocópia do outro”
.

Há aqui muito de realidade. Ou não?
Eu creio que sim.

Na educação, e na formação dos futuros adultos, está uma das grandes porventura a maior pedra de toque do futuro de Portugal, do futuro ou do seu definitivamente sem futuro.

Recuperar a autoridade dos professores, NÃO O AUTORITARISMO, olhar seriamente à sua carreira, acabar com o desprezo a que creio têm sido votados a história, o português e a matemática, acabar com a mania que a escola é que tem de educar (é em primeiro lugar em casa), acabar com extremismos ideológicos mas não regressar a patetices saudosas de antigamente, são algumas das questões essenciais.
É a minha convicção.

Bom dia, bom início de semana. Saúde e boa sorte.

António Cabral (AC)

Sem comentários:

Enviar um comentário