Republicando texto antigo
E S T A D O
Tivemos o deplorável estado a que tinha chegado o Estado.
Tivemos a promessa de Estado diferente. E está diferente, felizmente, e para melhor. Opinião pessoal, naturalmente.
Mas o estado actual do Estado não é brilhante, em várias questões, em vários aspectos, o Estado está doente.
Ou melhor, e recordando os ex e actuais titulares de órgãos de soberania que estão sempre a arrotar com o Estado para aqui e para acolá, o Estado acabamos por ser nós, sobretudo, e muitos de nós dos cidadãos comuns, é que padecemos de vários problemas. Os titulares dos órgãos de soberania estão sempre na maior.
Quem antes de mais corporiza o Estado são os órgãos de soberania.
E por isso me recordo de várias coisas.
Para começar, as promessas constantes nisto que há dias aqui relembrei num longo escrito acerca sobretudo do 25 de Novembro de 1975, o Programa do movimento das Forças Armadas.
Se de mais exemplos precisássemos, bastaria olhar para as posturas de Marcelo Rebelo de Sousa e para certas coisas que aparecem no pouco afamado "sitio" de Belém, ou para o sistema de justiça.
Olhar para o sistema de justiça em que quer relativamente ao MP quer a certos juízes, há muito a lastimar.
Um MP que leva já seis meses às voltas de uma preventiva sobre o PM, incapaz de decidir (ou é de propósito?) se avança para inquérito ou arquiva para, de repente, a cinco dias de eleições, saírem notícias fabricadas, pois a PGR já desmentiu.
Olhar aos juízes, alguns com processos às costas que se arrastam, outro/ s com anos de investigações sigilosas que o próprio desconhece. Se este caso (Ivo Rosa) não é violência de Estado não sei o que é.
Mas olhar também ao que se passa quanto à assistência na saúde em que, opinião pessoal naturalmente, para lá de críticas justas que se podem e devem apontar ao governo, não me fica nenhuma dúvida que a classe médica sobretudo mas também enfermeiros, têm muitas culpas no que vem acontecendo.
Basta olhar para as chamadas ordens profissionais, basta ver o corporativismo exacerbado, e o sindicalismo por exemplo de uma certa senhora (???).
E olhar para quando e com quem começou a pouca vergonha dos tarefeiros.
Olhar ao problema da habitação, problema que existe, mas está (creio) distorcido se olharmos a todo o território.
Olhar ao ensino. Acabar com a falta de respeito para com os professores.
Olhar às Forças Armadas. Passaram 51 anos e temos uma criatura a dizer que somos os melhores dos melhores, e não passa destas vacuidades.
Adora ele e muitos mais as paradas militares, e adoram estar debaixo de tribunas enormes a assistir á coisa.
Tribunas enormes pois é necessário albergar o dobro de lugares, pois os séquitos são sempre enormes e levam têm de levar consortes.
Nós é que estamos com pouca sorte, em ter de aturar isto tudo e ver o desperdício de dinheiro.
Eles e elas adoram andar constantemente nos Falcon da Força Aérea, para acorrer às reuniões internacionais, constantes, e acorrer às constantes passeatas para as sempre combinadas visitas de Estado.
E nós a pagar.
Forças Armadas que obviamente necessitamos de ter, basta olhar para a nossa geografia e particularmente para a massa oceânica brutal sobre a qual temos jurisdição.
Temos de ter Forças Armadas, mas passados 51 anos já era tempo de ter definido quais, quantas, de que tipo.
As guerras contemporâneas obrigam (se por cá houvesse cá gente séria e capaz) a que se olhasse para as alterações brutais do actual "fazer a guerra", e se deixassem de batalhões e brigadas e etc.
Olhar ao abandono do interior.
Olhar ao despovoamento.
Olhar à completa falta de manutenção de muitos equipamentos e casas no interior, designadamente no Portugal Continental.
Olhar ao problema dos incêndios.
Olhar às questões da água/ da falta dela. Centrais desssalinizadoras já deviam estar a ser construídas particularmente no litoral Alentejano e Algarve.
Olhar à organização territorial.
É mais que anacrónico chamar cidades a locais com 4 a no máximo 6000 habitantes, quanto há várias freguesias das 4 maiores cidades com muito mais do que isso.
Olhar aos desperdícios de dinheiros públicos, olhar aos sugadores de dinheiros públicos, como são a maioria das fundações e observatórios.
Olhar à cultura nas suas diversas vertentes.
Olhar ao ambiente, não só o ar que respiramos, mas ao lixo nas cidades vilas e aldeias, campos e florestas.
Olhar à legislação tributária, olhar à legislação na justiça com o excessivo (opinião pessoal) tempo e número de contestações jurídicas.
Olhar à imigração descontrolada.
Olhar às crianças e aos idosos.
Olhar à economia que, sustentada em turismo e dinheiros da segurança social, não augura nada de bom.
Enfim, olhar a tanta coisa . . . .
Há problemas, alguns bem graves.
Mas o estado do Estado é bem melhor do que o do anterior Estado.
António Cabral (AC)
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