quinta-feira, 11 de junho de 2015

10 de Junho de 2015 - Discurso do PR na cerimónia militar


Depois de deixar a vida activa, anos houve em que além de procurar assistir ao vivo aos dias da Marinha (pouco tenho falhado), procuro assistir também (mais afastado do epicentro do evento) ás cerimónias junto ao monumento aos combatentes e à cerimónia militar presidida pelo PR. A última vez que assisti ao vivo á cerimónia militar do 10 de Junho foi em Castelo Branco onde, inclusive, assisti à “cena” (como dizem os putos) da imposição das “veneras”.
Como em tudo e para tudo, cada cabeça sua sentença. A minha sentença não é certamente melhor que outras, mas talvez tenha alguma coisa que mereça ser ponderada.
Isto para dizer que, quanto ao actual PR e que pela CRP é o comandante supremo das FA, há muito tempo que “enchi”, e cada dia que passa mais se esvai a pouca consideração que por ele tinha como PR. Como comandante supremo, há muitos anos que nenhuma tenho.
Avisado para ouvir o discurso de ontem de manhã, quando li o mail de alerta fiquei desconfiado, pareceu-me haver nele um certo contentamento. Fui há pouco usar a maravilha da técnica de andar para trás e lá escutei o senhor. Sim, porque como acima referi, nunca mais perdi o meu tempo a assistir ao vivo ou pela TV à fantochada em que, a meu ver naturalmente, se transformou a celebração da data em causa.
Pois disse ele, 1 - que decidiu associar as FA ao 10 de Junho, 2 - não pode ser esquecida a dívida para com os antigos combatentes, 3 - as FA como pilar do Estado, - afinidade com a população e com as autoridades, 5 - até falou em capacidades (o esforço que deve ter feito quem lhe escreveu o discurso para referir este conceito), 6 - as razões de ser das FA designadamente o culto de valores, 7 - um decréscimo de 30% do orçamento para as FA ao longo dos últimos 15 anos, 8 - os ciclos de reformas sucessivas, reformas que não terminaram, - tudo pouco valorizado pela opinião pública, 10 - a saúde e o apoio social agora é que é (frase minha), 11 -que os militares se revejam nas reformas, 12 - e que ele tem um grande respeito e reconhecimento pelos militares.
A minha síntese da discursata, feita aliás num tom mais vigoroso (comparativamente com o discurso na cena das medalhas) quase parecendo um deputado meio inflamado, está nas 12 pérolas supra enunciadas.
A 12ª só me dá vontade de rir, e não lhe cresceu o nariz. Pessoalmente considero que fez bem associar as FA ao 10 de Junho, mas lamento muito as incoerências várias que foi manifestando ao longo dos anos e que reforçou ultimamente. A dívida dos meus concidadãos para com os antigos combatentes é incomensurável, e a dívida dos portugueses para com os familiares dos mortos feridos e estropiados ao serviço do País é ainda maior. Mas o PR, aliás na senda dos antecessores depois de Eanes, fala muito nas datas relevantes mas no dia a dia e na prática desdiz-se. Tudo o que cito em 4, 5, 6, 7, 8, e 10 é pouco ou nada valorizado pela opinião pública, e muitas vezes é vilipendiado pela opinião publicada. A culpa é certamente dos militares!!!!!!!!!
É capaz de haver neste momento quem queira ver nas palavras do actual PR um novo apoio ás tertúlias que vão promovendo, ás revoltas palacianas, aos jantares de desagravo, e talvez até continue a iludir aqueles que aceitaram a partir de certa altura desfilar também no 10 de Junho.
Como escrevi mais uma vez, há pouco tempo, agora a propósito de certas pessoas face ao Estatuto dos Militares das Forças Armadas (EMFAR) recentemente publicado em DR - continuam a enganar-se.
O titular do órgão de soberania PR, que na gíria popular ficou designado como o eucalipto, pode ainda enganar muita gente. A mim deixou de me enganar pouco depois de ter ficado com o ministro da defesa Fernando Nogueira.
Deixei para o fim um episódio (chamo-lhe assim) entre a jornalista e o porta-voz do Exército, quando aludindo a palavras do PR foi perguntado ao oficial se os militares se reviam nas reformas. Eu achei notável a “linda resposta”; até falou em farol!!!!!!. A jornalista, a medo, ainda tentou ouvir alguma opinião acerca de - aceitar ou rever-se nas reformas. Prevejo para aquele oficial um futuro brilhante.
AC

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