quinta-feira, 30 de julho de 2015

Portugal e o futebol.
Declaração de interesses: a última vez que estive num estádio de futebol foi há quase 35 anos. Não sou “fan” de nenhum clube. Não ligo quase nada ao futebol. Vejo muitas vezes jogos de futebol internacionais a partir dos quartos de final nas competições europeias, e costumo ver jogos dos campeonatos europeus e mundiais. Não tenho canais desportivos das TV. Para ver esses jogos que referi, costumo ir a um dos meus cafés preferidos, a menos que algum canal nacional transmita.

Isto dito, politicamente incorrecto que possa ser, para mim o futebol cá e lá fora significam basicamente dinheiro, corrupção, compadrio, amiguismo, negócios escuros, promiscuidade com políticos (ministros, autarcas, banqueiros, ás vezes até presidentes da república), violência. A beleza deste desporto quamdo bem jogado, a função social que parcialmente pode ter, esvai-se tudo na máfia infiltrada.
Não tenho dúvidas de que o desporto incluindo o futebol, pode e deve desempenhar um papel pedagógico nas sociedades. Mas vê-se pouco, e discute-se seriamente muito pouco. Lamento muito, mas creio que quando alguns dizem que grande parte do futebol foi capturado por energúmenos, esse enquadramento parece-me muito realista. Em Portugal, e lá fora. Mas lá fora existem casos que podem dar alguma esperança, como a prisão do dirigente do Bayern. Prisão mesmo, nada de pena suspensa. Cá, os presidentes do Benfica, Sporting, Porto, para ficar por estes, andam ao colinho de presidentes de câmaras municipais, de ministros, de políticos vários. Ou será ao contrário? Que me lembre só Rui Rio fez alguma destrinça, e penso que acabou com boa parte da pouca vergonha na cidade do Porto. Claro que o seu sucessor parece querer voltar à misturada!
O que as imagens mostraram tempos atrás de agressão inqualificável por parte de um agente policial não deixa margem para dúvidas: inqualificável, inaceitável, condenável.
Mas essa lamentável cena, e mais a pouca vergonha no Marquês de Pombal remetem-me para várias dúvidas:

- Quem pagou a preparação dos festejos no Marquês de Pombal? Benfica? Hummmm……foi a CMLisboa? Para não perderem votos para as legislativas, será?
- Porque tem a polícia de gastar rios de dinheiro nas escoltas aos autocarros dos clubes, no enquadramento de claques? Se acabarem com isso é num instante enquanto todos tomarão juízo, 
depois de muitas violência e descida brutal ou total de entradas nos dias de jogos; isto é inaceitável? Porquê? 
- Quando acaba a pouca vergonha dos terrenos dos clubes ou para os clubes? Deviam explicar de onde vem tanto dinheiro para pagar ordenados a jogadores. Não é da quota dos sócios, pois não?
- Porque não fazem os festejos dentro dos respectivos estádios?
- Porque não pagam os VIP os bilhetinhos para os camarotes de gala? Uma coisa é convite esporádico, outra ver certos senhores sempre sentados ao lado dos dirigentes dos principais clubes em todos os jogos mais importantes. Certas rapaziadas do PS, PSD, CDS parece que têm passe vitalício.
E as claques, protegidas, incentivadas pelos clubes? ETC, ETC.
Depois venham-me com os direitos, as liberdades, que de tão amplas dão nisto. Ver o cerne dos problemas é que não. O costume.
E quando perguntam alguma coisa ao presidente da câmara, ai credo, que impertinente. O DR Medina começou bem.
Mas claro, que aí vieram logo os jornalistas do costume, contra os abusos (que foram de facto uma vergonha), mas tocar nos decisores e apoiantes de festejos no Marquês isso é que não. Sempre calha 
de vez em quando um almocinho, ou uma vernissage, que os tempos estão difíceis. Isto dificilmente tem 
concerto.
Temos que confiar nas instituições, nas polícias. A democracia tem regras.
Quando estes políticos actuam como actuam, misturando tudo, a democracia claudica. Continuamos como sempre - os marginais que estão nos estádios, mas os clubes não são isto (desculpe, e as claques apoiadas?) etc. Isto cansa.
AC

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