sábado, 17 de setembro de 2016

A PROPÓSITO de PATRIMÓNIO
Território, herança cultural, património, a história de um povo, a Nação.
Leva anos, e ainda me falta muito.
Sobretudo desde 2007, tenho calcorreado bastante mais o País. Antes, além do Continente, houve Madeira e Açores. Ao que aqui trago, cinjo-se hoje ao Continente. Nas ilhas há igualmente um património riquíssimo.
Olhando aos meus arquivos e sobretudo fotográficos, recordo a título de mero exemplo: Brufe, Soajo, Arcos, Cubalhão, Pitães das Júnias, Pedras Salgadas, Granjal, Remondes, Juncal, Salzedas, Ucanha, S.João de Tarouca, Lorvão, Remoães, Friestas, Ganfei, Fiães, Aguiã, Rubiães,Tourém, Rio de Onor, Rendufe, Navió, Terras de Bouro, Boticas, Lamas de Olo, Boticas, Marialva, Angeja, Linhares, Lavacolhos, Candal, Gondramaz, Sortelha, Monsanto, Oledo, Monfortinho, Alfaiates, Penamacor, Idanha-a-Velha, Capinha, Ínsua, Alcongosta, Paul, Castelo Novo, Tinalhas, Pedrogão de SPedro, Alvega, Amieira do Tejo, Soalheira, Salvaterra do Extremo, Vinhais, Calhandriz, Couço, Montargil, Crato, Cabo Espichel, Lavre, Tomar, Corval, Juromenha, Mourão, Moura, Redondo, Alandroal, Torrão, Barrancos, Garvão, Mértola, Alcoutim, Vila do Bispo, Aljezur, Alte, Salir, Paderne, Cachopo, Odeleite, Castro Marim, S.Bras de Alportel, Estói, Alcobaça, Batalha, Mafra.
Estes nomes dirão alguma coisa aos dirigentes partidários de todos os partidos? Em quais pararam umas horas, discursaram, ponderaram o despovoamento acelerado, o modo de vida, o sustento das gentes?
Em quais pararam e observaram os monumentos, as igrejas, os fontanários, os conventos, os mosteiros, os museus, as estátuas, as casas outrora senhoriais muitas hoje dedicadas a turismo, as casas de arquitectura mais relevante recuperadas?
E a mesma pergunta aplica-se aos de antes do 25 de Abril.
E passaram décadas e décadas, e os anos passam.
Deixo-vos uma sugestão. 
Peguem no Mapa de Portugal Continental. 
Depois de aberto, e só por exemplo, alguns exemplos, tracem a lápis uma linha entre Boticas e Chaves e gastem dias a calcorrear o território acima dessa linha. Idem nos territórios dentro dos parques e designadamente o PNVGuadiana, PNMontezinho e o PNPGerês. Idem nos territórios acima da linha Viana do Castelo- Ponte de Lima- Melgaço. Idem nos territórios laterais da linha Lamego- Sernacelhe. Idem para os territórios dentro do quadrilátero Trancoso- Almeida- Mogadouro- SJoão da Pesqueira. Idem para os territórios dentro das linhas ligando Beja- Portel- Mourão- Barrancos- Serpa- Beja.
Estes e muitos outros territórios, por exemplo aldeias com menos de 80 habitantes outras com menos de 10 e até só com três pessoas, vilas, cidades do interior, mostram um Portugal que é real, e pouco e ás vezes mesmo nada se encontra nas gritarias e discursatas e manifestações e greves em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Setúbal, Almada.
País que não cuida da sua história, do seu legado, do seu património, das suas gentes e do seu sustento e formação, está condenado.
No que ao património respeita, particularmente ao património edificado, muito se pode dizer. Os recursos que faltam, pessoal, recuperação, manutenção. Um dos últimos exemplos a vir ser denunciado a público, uma infra-estrutura abandonada há décadas, nas Caldas da Rainha.
Mas há muito mais, em estado lastimável. Um exemplo, ao nível dos castelos, Alfaiates ou Noudar.
Mas outros têm sido olhados. Sabugal é um exemplo. Há museus que o deviam ser já, mas têm tesouros “arrumados" numa sala. Mas há museus a funcionar muito bem. Não vou discutir as despesas e as receitas, a sustentabilidade, haverá quem o saiba fazer. Estou a lembrar-me dos esforços que registei na zona patrimonial do Vale da Varosa, por exemplo.
Há queixas amargas, várias certamente com muita razão. Digo isto pelo que vou vendo pelo país. Mas creio que algumas queixas também derivam de clubismos, de despeito, e de outras coisas.
Discutem-se prioridades.
Naturalmente que é muito discutível, por exemplo, terem-se construído duas autoestradas basicamente paralelas à A1. Esses rios de dinheiro e as criminosas rendas daí resultantes dariam para muita coisa.
E quantos submarinos foram enterrados no túnel do Metro na zona da Baixa Lisboeta? E etc. Dinheiro que podia ser canalizado para a saúde e para a cultura/ património, por exemplo.
Mas claro que, ao longo do tempo, os PM Mário Soares, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, o Sebastião Santana Lopes, José Sócrates, Passos Coelho e agora António Costa, sempre arranjaram as suas prioridades. Ficaram por terra a cultura, o património, a saúde, a formação, etc.
Porque tudo era sempre mais urgente.
Sobretudo olhar ás clientelas e ao amiguismo.
António Cabral (AC)

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