Os “vulgares” cacilheiros habitam o Tejo há décadas, ombreando com peixes e cetáceos.
Pela minha parte tenho centenas de horas nessas embarcações, incluindo aqueles que transportavam carros além de pessoas. Conheci os muito velhos e estreei os então novos “catamarans”.
Lembrei-me disto a propósito das cada vez maiores avarias e paragens e envelhecimento dos meios da Transtejo e da Soflusa.
E porque durante décadas fui assíduo passageiro.
Décadas de viagens, alguns encalhes, uma colisão no meio de espesso nevoeiro já perto do Terreiro do Paço, atracações várias desde as suaves ás brutais.
Antes deles, todo o tipo de embarcações, sobretudo à vela séculos atrás, fizeram o transporte de mercadorias e bens alimentares para a cidade de Lisboa.
A par do transporte de passageiros entre margens.
O termo Cacilheiro generalizou-se pois inicialmente faziam a ligação a Cacilhas.
Das pesquisas várias que fiz, em muitos livros e pela NET, há imenso para recordar e para contar. Deixo escassas linhas acerca de um tema interessante.
Até ao 25 de Abril era notório o progressivo envelhecimento dos cacheiros. Tal como as embarcações que faziam a ligação para o Barreiro.
Antes do 25 de Abril, velhas embarcações iam inclusive a Alcochete, sendo conhecida a animosidade dos Alcochetanos em reacção a brejeirices acerca do velho barco que lhes assegurava uma muito demorada ligação a Lisboa. Era o “menino” deles!
As ligações fluviais eram entre, na margem Norte, Lisboa (zona Terreiro do Paço/ Campo das Cebolas, Cais do Sodré) e Belém , para a margem Sul, a Alcochete, Montijo, Barreiro, Cacilhas, Porto Brandão. Creio não ter esquecido nenhuma.
Desde tempos mais remotos os botes, catraios, e as célebres faluas que asseguravam ligação com o actual Montijo a qual teve designação antiga de Aldeia Galega, e depois também Aldegalega.
Do século XIX temos notícias várias, da introdução de navios a vapor, à compra de diferentes barcos no estrangeiro, inclusive a manutenção de carreiras de Lisboa para montante, e concessões diferentes.
O século XX trouxe inovações, compras de vapores em diferentes países europeus, modernização de alguns cais de atracação.
Lembro que em meados dos anos 60 do século XX ainda vi, arrastando-se pelas águas com dificuldade, dois velhíssimos barcos, o Zagaia e o Flecha. Viagens pavorosas no mar da Palha em alturas de agitação marítima.
Lembro-me dos que transportavam carros, o Almadense, Montijense, Ribatejense, Eborense.
Depois do 25 de Abril as coisas começaram gradualmente a melhorar. Nos anos 80 vários cacilheiros novos ou rejuvenescidos. Em meados dos anos 90, os catamarans para a ligação Montijo - Lisboa.
Não uso os transportes fluviais talvez há seis anos.
Pelo que sei isto é, pelo que me dizem os utentes actuais meus conhecidos, tem havido carreiras canceladas, constantes avarias, escassez de barcos. No mínimo, faz pena, muita pena.
Total desinvestimento.
Retrato da página virada?
António Cabral
Décadas de viagens, alguns encalhes, uma colisão no meio de espesso nevoeiro já perto do Terreiro do Paço, atracações várias desde as suaves ás brutais.
Antes deles, todo o tipo de embarcações, sobretudo à vela séculos atrás, fizeram o transporte de mercadorias e bens alimentares para a cidade de Lisboa.
A par do transporte de passageiros entre margens.
O termo Cacilheiro generalizou-se pois inicialmente faziam a ligação a Cacilhas.
Das pesquisas várias que fiz, em muitos livros e pela NET, há imenso para recordar e para contar. Deixo escassas linhas acerca de um tema interessante.
Até ao 25 de Abril era notório o progressivo envelhecimento dos cacheiros. Tal como as embarcações que faziam a ligação para o Barreiro.
Antes do 25 de Abril, velhas embarcações iam inclusive a Alcochete, sendo conhecida a animosidade dos Alcochetanos em reacção a brejeirices acerca do velho barco que lhes assegurava uma muito demorada ligação a Lisboa. Era o “menino” deles!
As ligações fluviais eram entre, na margem Norte, Lisboa (zona Terreiro do Paço/ Campo das Cebolas, Cais do Sodré) e Belém , para a margem Sul, a Alcochete, Montijo, Barreiro, Cacilhas, Porto Brandão. Creio não ter esquecido nenhuma.
Desde tempos mais remotos os botes, catraios, e as célebres faluas que asseguravam ligação com o actual Montijo a qual teve designação antiga de Aldeia Galega, e depois também Aldegalega.
Do século XIX temos notícias várias, da introdução de navios a vapor, à compra de diferentes barcos no estrangeiro, inclusive a manutenção de carreiras de Lisboa para montante, e concessões diferentes.
O século XX trouxe inovações, compras de vapores em diferentes países europeus, modernização de alguns cais de atracação.
Lembro que em meados dos anos 60 do século XX ainda vi, arrastando-se pelas águas com dificuldade, dois velhíssimos barcos, o Zagaia e o Flecha. Viagens pavorosas no mar da Palha em alturas de agitação marítima.
Lembro-me dos que transportavam carros, o Almadense, Montijense, Ribatejense, Eborense.
Depois do 25 de Abril as coisas começaram gradualmente a melhorar. Nos anos 80 vários cacilheiros novos ou rejuvenescidos. Em meados dos anos 90, os catamarans para a ligação Montijo - Lisboa.
Não uso os transportes fluviais talvez há seis anos.
Pelo que sei isto é, pelo que me dizem os utentes actuais meus conhecidos, tem havido carreiras canceladas, constantes avarias, escassez de barcos. No mínimo, faz pena, muita pena.
Total desinvestimento.
Retrato da página virada?
António Cabral
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