terça-feira, 5 de janeiro de 2021

A  PROPÓSITO  de  FADO
Declaração de Interesses :
Em minha casa temos alguns CD's de Amália Rodrigues. Não temos de mais nenhum fadista. Gosto particularmente de algumas das suas canções. Não sou um amante/ devoto do fado nem do fado-canção, mas ouço com agrado além de Amália Rodrigues, Carminho e Camané. Carlos do Carmo tem algumas canções que ouço também com agrado. Cá em casa a grande devota e apreciadora do fado é a minha mulher, e é ela que conhece a esmagadora maioria dos nossos cantores e cantoras e das suas canções.

Carlos do Carmo faleceu e foi ontem o seu funeral. Que descanse em paz, que certamente bem merece. Como todo o ser humano merece quando deixa esta vida terrena. Já agora, todas as pessoas fazem falta. Que o país ficou ás escuras é daquelas frases que não merecem comentários, desmontam-se a si próprias. É a minha opinião, certamente muito diferente de outras, que respeito.

Não tenho cumplicidade política, não tenho amizade com nenhum cantor, de fado ou outro género. Mas tenho/ temos ido por exemplo aos espectáculos anuais que foram sendo organizados pelo genro de Cavaco Silva. E nunca me arrependi. Conseguiu-se, e ainda bem, que o Fado passasse a ser património mundial. 

Sendo apenas um comum cidadão, que pensa pela sua cabeça e não vai no politicamente correcto e nas modas, considero que Carlos do Carmo tinha uma voz extraordinária, e a sua dicção era límpida e cristalina, mesmo invejável. O melhor elogio que pessoalmente penso que lhe posso fazer é dizer que na minha modesta opinião a sua voz se atrevia a chegar-se à de Paulo de Carvalho, que creio ser uma das vozes portuguesas mais fabulosas de sempre, porventura a superior a todas.

Creio que Carlos do Carmo foi um dos que batalhou pela evolução do fado, e para a sua consagração definitiva a nível mundial. Por mim, fez muito bem. Deve-se-lhe isso, e não deve ser esquecido.

Como sempre, respeito as opiniões de outrem. Mas quando vejo dito e escrito que Carlos do Carmo libertou o fado e reconciliou o fado com a nossa democracia, sorrio. É o que entendo fazer para não perder muito tempo com isto.
Com esta frase está-se nitidamente no politicamente correcto dos tempos presentes, no policiamento das mentes de todos os que não pensam "geringonça" ou mesmo mais extremismo.

No passado, tivemos família, futebol e fado. Não o esqueço. Não se deve esquecer.
E agora? Com liberdades formais, com estado de direito, como está a nossa vida?

Bem precisamos de nos libertar de muita corja que por aí anda, que informa que "já fez o contacto", que actua com cada vez mais desconsideração pelos cidadãos. Apropriaram-se da democracia para se servirem, e não servem, como deviam e é dever de quem está no serviço público.

Dizer que Carlos do Carmo reconciliou o fado com a democracia é mais uma daquelas frases típicas de quem não tem vergonha nenhuma na cara. Como diariamente se constacta.

Estou completamente farto dos preconceituosos. E dos que teimam em reescrever a história.
Descanse em Paz , Carlos do Carmo.
AC

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