PRESENTE a FAMOSA PAZ MUNDIAL pós 1945,
QUE TAL OLHAR A COISAS DO PASSADO,
PARA VER SE DAÍ HÁ LUZ PARA O PRESENTE ?
QUE TAL OLHAR A COISAS DO PASSADO,
PARA VER SE DAÍ HÁ LUZ PARA O PRESENTE ?
Há pouco tempo, na ONU, o inarrável Lavrov crismou o Ocidente de "Império das Mentiras".
Para mim não é um título completamente falso, longe disso.
Mas creio que a criatura necessita de verificar a graduação dos óculos para poder ver melhor as coisas lá por casa.
Estou a falar disto porque, muito recentemente creio que na CNN Tuga, falaram outra vez da sabotagem de há tempos no gasoduto Nord Stream.
A Rússia acusa desde essa altura os EUA e o Reino Unido de serem os responsáveis pelos danos então causados, pela sabotagem executada.
Por mim, é altamente plausível que corresponda à realidade dos factos.
Como se sabe, muita porcaria que vai acontecendo nos países Ocidentais, democráticos, acaba um dia por se saber.
Muita coisa, mas não tudo!
Não tem nada a ver com isto mas, por exemplo, as actas do nosso inarrável Conselho de Estado deverão ser desbloqueadas em trinta anos, creio.
Tal como muita documentação do Estado, por cá, e nos EUA por exemplo. Adiante.
Ora sabe-se que depois do fim da II GG, quer o ditador Estaline quer nós no Ocidente começámos um "jogo" que, com alterações/ adaptações, prosseguiu até ao presente.
Estaline tratou de abocanhar territórios.
A história subsequente é conhecida.
Mas, para 99,9% da população mundial, diz-lhes alguma coisa acontecimentos que foram ocorrendo ao longo das décadas, como,
- a morte de Lumumba,
- a crise do Katanga,
- a crise do Biafra,
- os fertilizantes laranja largados sobre o Vietname,
- o traçar de fronteiras a régua e esquadro em África, Ásia e Extremo e Médio Oriente,
- o despenhar do avião que transportava o secretário-geral da ONU Dag Hammarskjöld,
- o falecimento do Papa João Paulo I,
- a morte de Marcelino dos Santos ou Amílcar Cabral, ou Samora Machel,
- o papel de Lord Balfour na política mundial,
- o assassinato de John Kennedy e Robert Kennedy,
- o assassinato de Martin Luther King,
- o derrube de Salvador Allende,
- a chamada Primavera Árabe,
- os inúmeros atentados por esse mundo fora executados pelos serviços secretos de, Israel, Alemanha, EUA, URSS/ Rússia, França, África do Sul, Espanha, China, Reino Unido, Turquia, Egipto, etc. etc. etc. etc. etc.
Mas voltemos ao Nord Stream.
Haverá capacidade para ir ao fundo do mar, que no caso até é pouco fundo, e sabotar um oleoduto, um gasoduto, ou um cabo submarino?
Claro que há, e de há muito.
A quem interessava a sabotagem do dito Pipeline de gás vindo da Rússia?
Obviamente que aos EUA, pois assim a Europa ficava privada de gás a preços razoáveis e, portanto, teria que procurar alternativa.
Os amigos americanos prontinhos a ajudar, a fornecerem um pouco mais caro, mas preço de amigo!
Mas se é conhecido que não era fácil saber o que se passava na URSS e agora se passa na Rússia, e que é muito mais fácil saberem-se coisas no Ocidente, conhece-se até de várias fontes abertas que nos EUA, desde o fim dos anos 40 do século passado, logo se dedicaram a tentar "agarrar" / "espiar" cabos submarinos da URSS e não só.
Tal como os vermelhos procuraram obviamente fazer o mesmo em sentido contrário.
Creio não dar novidade especial que não seja conhecida em certos meios, em certas fontes abertas e em outras ligeiramente restritas.
Submarinos, por vezes vários quase ao mesmo tempo, dedicaram-se ao longo dos anos a monitorizar testes balísticos soviéticos, a espiar o mais perto possível estaleiros soviéticos, bases soviéticas, e a detectar e seguir submarinos soviéticos.
Do lado soviético certamente a mesma coisa.
Com o passar dos anos, alguns submarinos foram submetidos a profundas alterações estruturais e de equipamentos, melhorando sistemas de detecção, equipamentos de registos como fotografia e capacidade de transporte de pessoal especializado para operações secretas.
A par de sistemas de detecção da passagem de submarinos colocados no fundo dos oceanos como por exemplo na célebre passagem entre a Gronelândia e Reino Unido passando pela Islândia, o final da década de 40/ 50 já referida e sobretudo na década de 60 houve um incremento enorme nas operações de espionagem com recurso a submarinos, muitas vezes nucleares de ataque.
A navegação sob o Ártico e a incursão nos mares de Bering e Kara foram em crescendo.
Houve também imensa concentração de esforços no plano da espionagem submarina dentro do mar de Okhotsk.
Esta zona de oceano é quase como que um lago, pois se olharmos o mapa está como que fechado pela península da Kamchatka, as ilhas Kurilas, e toda a costa que vai até Vladivostok.
No seu fundo, obviamente havia/ há cabos submarinos soviéticos ligando bases e outras infra-estruturas.
Concretamente em 1948, a Marinha dos EUA através dos submarinos Sea Dog (SS-401) e Blackfin (SS-322) iniciou operações de escuta no mar de Bering. E muitos outros, como por exemplo o Tusk (SS-426) e Toro (SS-422). Anos mais tarde e antes dos nucleares, mais submarinos foram incumbidos das missões que venho referindo, como por exemplo o Gudgeon (SS-567).
Naturalmente, com o passar dos anos, começaram a acontecer percalços isto é, submarinos apanhados a espiar.
Aconteceu aliás dos dois lados.
Um caso típico, mas que acabou por conseguir escapar, o do submarino Wahoo (SS-565) detectado e perseguido pelos soviéticos. Em Maio de 1959, o Grenadier (SS-525) depois de operações de várias horas conseguiu obrigar um submarino soviético a vir à superfície quando andava a espiar muito perto da Islândia.
A partir de 1960, já com capacidade nuclear nos submarinos, por exemplo com o George Washington (SSBN-598), aumentaram as missões de espionagem, e a URSS foi fazendo de certeza o mesmo.
E, se se intensificaram as missões também, por outro lado, se foram apanhando e perseguindo submarinos a espiar, e de vez em quando até ocorreram desastres.
Por exemplo, perto da península da Kamchatka, o Growler (SSG-577) aterrou literalmente em gelo ficando bastante danificado.
Outro exemplo ocorreu com o Thresher (SSN-593).
O que é certo é que a par da espionagem como as já referidas, o passar dos anos trouxe maiores capacidades para ir mais longe, descer mais fundo.
Nos EUA, a par de desenvolvimentos na Marinha, também mini submarinos, submarinos especiais, foram surgindo (i.e. Trieste I e II, Alvin), e diferentes departamentos de diversas instituições de investigação nos EUA foram desenvolvendo cada vez maiores capacidades de investigar as profundezas dos oceanos.
Incluindo a capacidade de levar homens para trabalhar bem no fundo.
Na Marinha prosseguiram os mais diversos esforços para obtenção de maiores capacidades de espionagem, sendo disso exemplo o que se passou com o Halibut (SSGN-587), que viria até a ser transformado para específica investigação oceanográfica, também para fins militares.
E como se verificou quando da tragédia do 11/SET/2001, a luta entre instituições /agências teve lugar nas épocas que venho referindo.
A certa altura a CIA passou a querer ter acesso e algum controlo nas operações de espionagem a cargo da Marinha americana.
Entre outros desastres nunca claramente explicados, realce para o desaparecimento do Scorpion (SSN-589).
O desaparecimento de submarinos tanto ocorreu do lado americano como do soviético (da classe Golf, por exemplo).
A base soviética de Petropavlovsk, de submarinos portadores de mísseis balísticos, foi um dos grandes objectivos da espionagem americana.
Para isso tinham que entrar no mar de Okhotsk já anteriormente referido.
A perda de submarinos levou até numa dada altura à tentativa americana de içar do fundo do mar um submarino soviético perdido nas profundezas. Creio que a operação de recuperação foi iniciada com recurso a um barco colossal, o "Glomar Explorer", mas julgo que não teve sucesso.
Em resumo, neste já longo e eventualmente maçador texto, o que pretendo dizer é que no século passado entre a década de 50 e a de 80 muito aconteceu longe do olhar do grande público.
EUA e URSS/ Rússia espiaram-se, designadamente no mar e nas profundezas. Certamente muitas operações secretas foram encetadas.
Sabe-se que algures pelo menos na década de 70 e nomeadamente no mar de Okhotsk, cabos submarinos soviéticos foram pirateados pelos EUA, e sabe-se que mais tarde os soviéticos acabaram por descobrir onde estavam as escutas colocadas.
Quando no cinema e TV passam certos filmes, têm muito de romanceado mas muitos baseiam-se em algo. Por isso os alertas - algo a ver com realidades é pura coincidência!
O gato e o rato.
Quem rebentou o Nord Stream?
Não sei, nunca será provado, mas que há capacidade para fazer esse tipo de sabotagem há.
Dos dois lados da barricada, Ocidente e URSS/ Rússia.
No caso deste gasoduto, creio improvável que Putin tenha dado ordem para o rebentar.
Fica aqui um pequeno apontamento, quase nada técnico, sem nada de interpretações. Factual, apenas.
Um rabo de fora de um gato enorme que quase ninguém no mundo sonha existir.
Muito do pouco conhecimento de um "mundo" complexo que aqui resumi, adquiri nos EUA, junto de quem sabia.
Hoje a espionagem prossegue, dos dois lados, com submarinos, navios, satélites, viaturas, aviões, drones, computadores, e um enorme etc.
A vida continua.
António Cabral (AC)
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