sexta-feira, 27 de outubro de 2023

UNIDADE   HOSPITALAR,   REBENTADA

Depois de, desde há dias e sem pressas, reler sobre o "Exodus", reler vários artigos antigos, livros, reler pedaços diversos de história mundial, recordar conversas sobre geopolítica e relações internacionais que tive com estrangeiros, e recordar conversas que tive com "alguém" que assistiu no local logo a partir do 2º dia da guerra do Yon Kippur, ao corrupio incessante de aviões militares de carga americanos a pousar nas Lajes, reabastecer, e seguir para Israel, algumas palavras sobre a presente tragédia, que é a mesma de sempre, apenas variando contornos.

Mantenho muitas dúvidas, desconfio de todos os protagonistas. 

Os interesses, de todo o lado, continuam a prevalecer.

Antes de prosseguir, recordar que em 1978, neste dia 27 de Outubro, Menachem Begin e Anwar Sadat foram galardoados com o Nobel da Paz

PAZ! . . . . . . . . . .

FACTO - Existia, em Gaza. Deixou de existir.

FACTO - Muito provavelmente, centenas de mortos, centenas feridos.

FACTO - Alguém e algo fez aquilo explodir.

1ª hipótese - origem israelita.

2ª hipótese - origem Hamas, involuntária, ao estarem eventualmente a retirar material que tinham lá escondido/ armazenado, ou a dispararem engenhos de muitíssimo perto dali. Bem sei que eles não se escondem nos edifícios civis, não cavam túneis, etc.

3ª hipótese - origem de outrem, interessada em culpar Israel.

4ª hipótese - origem de afiliado terrorista, desastrado, disparando relativamente abrigados perto da zona do hospital, acidental, portanto.

Guerra da informação

- Em crescendo.

- Do lado de Israel, desmentindo.

- Do lado do Hamas e dos muitos amigos, desmentindo também que foram eles.

- O autor nunca se confessará publicamente.

- Interessante como o Hamas indicou logo e com precisão o nº de mortos. Foram 500 e não, por exemplo, 489 ou 523; mais recentemente lá mandou dizer que eram outros os números; a probabilidade de tudo o mais ser diferente do anunciado inicialmente é também enorme.

- Lamentável, como se reproduz incessantemente tudo vindo do Hamas e acólitos, sem uma tentativa deontológica de esperar por avaliação, contraditório. Inarráveis ditos jornalistas e criaturas da ONU, sempre a contarem o mal contado, o tendencioso.

- Mas, do lado Israelita, penso que as coisas também têm que ser ponderadas com muita mas muita cautela.

ENFIM, naquela zona, com mais mortos ou menos mortos, serão já milhares, assim continuamos, pelo menos desde uns bons anos antes da II GG. 
Eu não percebo praticamente nada destas coisas mas já me interroguei se naquela zona não haveria aquíferos, mas creio que sim. Água potável, ou nunca foi tratada?

HISTÓRIA
Israel é independente desde 1948. Hamas foi aparentemente criado em 1987. Creio legítimo afirmar que as acções do Hamas e de outros foram enfraquecendo a Autoridade Palestiniana.

Lord Balfour (1917, Sykes, Picot, são três das muitas personagens que muita culpa têm no cartório designadamente quanto ao Médio Oriente.
Mas a realidade é que depois deles e rebentado que foi o império Otomano e o fim da I GG, sucederam-se conferências, tratados e acordos, de onde vieram a resultar crescentes conflitos. Nada de espantar.

Muito se pode ir buscar aos interesses e ambições das duas grandes potências coloniais pré- IGG, potências com sede em Londres e Paris. Depois de 1945 acrescentou-se decisivamente a cada vez maior nulidade que é a ONU e os interesses dos blocos antagonistas, cada qual esgrimindo - o meu sistema de liberdade é melhor que o teu!
Dá no que dá, e está à vista por todo o mundo. 

Da I GG ao final da II GG, os ingleses mandavam na Palestina. Tiveram um mandato da Sociedade das Nações creio que desde 1920 para gerirem a Palestina. Depois passaram-na para a ONU, formada em 24 de Outubro de 1945. Antes e depois disso, resultados catastróficos.

Quem estuda seriamente história sabe o que se seguiu. E sabe o que se terá passado lá atrás há 3000/ 3500 anos, e daí para cá.
Até os Ingleses pagaram bem caro com o terrorismo dos judeus (Haganah, Palmach, Irgun, Lehi). Terroristas, alguns dos quais como Begin vieram um dia a ser gente importante, pisando alcatifas nas principais capitais do mundo. Passou a estadista.

Não foi só Begin (com direito a nome de avenida), estou a lembrar-me de Arafat que durante anos, creio, andaram a tentar matá-lo até que um dia, também, já confraternizava nos salões mundiais. Outro estadista mas, coitado, acabou mal.

Quando se olha aos mapas retratando as evoluções no Médio Oriente, quando se olha ao teor de inúmeras resoluções da ONU e quem as votou favoravelmente, a conclusão que qualquer menino do 6º ano de escolaridade tira é a seguinte - eh pá, que grande palhaçada!

Na tragédia que se desenrola por lá não há inocentes políticos, nenhuns, de nenhum lado. Nem Palestinos, Hamas, Autoridade Palestiniana, grupelhos terroristas vários, Egipto, Catar, Arábia Saudita, Abu Dhabi, Turquia, Irão, EUA, UK, França, Jordânia, Rússia, China, etc.

No plano conceptual - todos têm o direito a defender-se. Certo.

Mas, e olhar bem as realidades?

Realidades Formais:
- Basileia, 29 Agosto 1897, criação do movimento Sionista em congresso presidido por Theodor Herzi; objectivo principal, a criação de um Estado de Israel, 
- alicerces da tragédia em causa, a independência de Israel, e a realidade que é, nenhum dos países no Médio Oriente querer ficar dentro de portas com os Palestinianos, que consideram um problema,
- nos judeus que estão lá, que começaram a emigrar para Israel antes da II GG, há semitas e não semitas, 
- direito internacional, direitos humanos, 
- interferências externas, contínuas, da parte das super-potências, das grandes potências, e das potências regionais, 
- tentativas para criar condições de bem-estar e paz na região,
- estabelecimento de relações pacíficas e de boa vizinhança,
- dois Estados, Israel e Palestina,
- dificuldades da gestão do processo de paz no Médio Oriente, 
- os bons princípios e valores sempre invocados.

Realidades no terreno:
- invocação do direito internacional apenas e sempre que convém,
- corrupio patético de políticos medíocres pelas capitais da região 
- não cumprimento de quaisquer das resoluções da ONU,
- os interesses dos EUA, Israel, Rússia, China, Turquia, Irão, Arábia Saudita etc. prevalecem,
- actos terroristas constantes,
- bombardeamentos constantes, de um lado e do outro,
- do lado de todos os que se opõem a Israel, clivagens, fragilidades, desentendimentos, corrupção,
- por parte dos oponentes, afirmação clara de que Israel tem de desaparecer,
- território que deveria ser Palestina cada vez mais comido por Israel,
- ajuda política das potências regionais e no bom sentido, é nula,
- lóbi judaico activo por esse mundo fora e nomeadamente nos EUA,
- acção política da UE, patética, ridícula, inexistente, vergonhosa,
- não creio verdadeira isto é, com correspondência na realidade, a afirmação de que antes judeus e palestinos e árabes sempre se deram bem,
- incessantes discursos de, ódio, racismo, violência,
- campos de refugiados por todo o lado, 
- miséria e desgraças por todo o lado,
- ajuda humanitária quase inexistente,
- colonatos em crescendo, 
- dirigentes Alemães deslocaram-se a Israel. 

A minha síntese:
- a galinha, o ovo, o ovo, a galinha, 
- o ataque do Hamas de 7 de Outubro passado é terrorismo puro e clássico, é horror,
- horror igualmente, por exemplo, os ataques passados a campos de refugiados por exemplo os então dirigidos pelo gordo Sharon, 
- há décadas que não há praticamente nada que não mereça condenação à luz do direito internacional e dos direitos humanos,
- se fizermos as contas, 2023-1933= 90 anos, são 90 anos e passado este tempo creio poder dizer-se que já ninguém tem razão

CONCLUSÃO
Implementar o que está na resolução da ONU, dois Estados, Israel, Palestina, é realista, hoje?
Este o drama, creio.

O ditado português creio que aqui se aplica - começou mal, tardará ou nunca se endireitará.
Começou mal. 
Começou, antes da II GG e depois, basicamente penso eu, como que parcial reparação do Holocausto, ao mesmo tempo que EUA, Rússia e outros trataram de para lá despacharem uns valentes magotes de judeus, assim perturbando ainda mais os mundos Árabe e Muçulmano já de si muito separados.
Não vai acabar bem.
António Cabral (AC)

Ps: voam loas e críticas às últimas palavras de António Guterres.
Permita-se-me um comentário sobre, este sempre pastoso agente político da Internacional Socialista, e também as lamentáveis tiradas Israelitas.

Em diplomacia, nas relações internacionais, não se devem colocar uns como maus e outros como bons. 
E deve tentar-se que haja sempre uma porta entreaberta ou pelo menos uma janelinha, para tentativa de negociação. Poucos centímetros que seja.
Não se deve dar nada por encerrado, pois deve ser sempre possível  recuo diplomático, alternativa, ponderação, outras e novas perspectivas.

As palavras têm significados e mesmo em relações internacionais é decisivo nunca esquecer isto. Nem a forma como se começa uma declaração.

Penso que não se deve perder uma única oportunidade para relembrar, a crescente falência da ONU por culpa dos blocos/ dos poderosos/ dos médio poderosos, o não acatamento das resoluções relativas ao Médio Oriente, a responsabilidade de vários países nesse não acatamento e designadamente Israel.

Mas também me parece que não havia necessidade de Guterres dizer o que disse na forma que disse, começar a sua declaração como começou - É importante reconhecer também que os ataques do Hamas não aconteceram no vácuo. O povo palestiniano foi submetido a 56 anos de ocupação sufocante. Viram as suas terras serem progressivamente devoradas por colonatos e assoladas pela violência, a sua economia está asfixiada, a sua população deslocada e as suas casas demolidas. As suas esperanças de uma solução política para a sua situação têm vindo a desaparecer. Mas as queixas do povo palestiniano não podem justificar os terríveis ataques do Hamas, e esses terríveis ataques não podem justificar a punição colectiva do povo palestiniano.

Claro que os ataques do Hamas não vieram do vácuo. 
Todos os intelectualmente honestos à superfície terrestre sabem disto, perfeitamente, sabem dos vários horrores sobre os civis Palestinianos durante décadas, sabem das mortes de inocentes israelitas e palestinianos durante décadas. Mas, salvo melhor opinião, foi um início de declaração desastrado.

O que se ganhou para o processo do Médio Oriente, para a tragédia naquela região, com as palavras de Guterres?
Creio que absolutamente nada. 
Que se ganhou com a sua ridícula postura/ presença já no Egipto a olhar para a fronteira fechada? NADA. 

Porque não falou Guterres explicitamente sobre a resolução da ONU definindo a criação de dois Estados, Israel e Palestina, porque não referiu explicitamente e um por um, os países que votaram essa resolução e em que sentido votaram? 
Porque não enfatizou isto, porque não enfatiza isto? Adivinhem.

Sim, Guterres não desculpou o Hamas, isso é muito claro, e por isso sublinhei partes das suas palavras. Só intelectualmente desonestos afirmarão o contrário.
Mas começar como começou - não aconteceram do vácuo - os intelectualmente desonestos logo apareceram a berrar, como se viu. 
É Guterres, com conversa mole e redonda.

Quanto aos Israelitas, nomeadamente o embaixador na ONU e o ministro dos negócios estrangeiros, o mínimo que se pode dizer face à sua desonestidade intelectual é - patético. 
Nunca cumpriram nada emanado da ONU. NADA.

Posso estar enganado, mas creio que nunca nenhum SG da ONU se demitiu. 
Houve um que mandaram matar, perdão, o avião onde seguia caiu! 
Foi Dag Hammarskjöld.

Sem comentários:

Enviar um comentário