Do estafeta à tecnologia, mas sempre com estafeta
Todos se recordarão do famoso e hilariante episódio protagonizado por Raúl Solnado.
Muito se alterou daí para cá no nosso país, em todos os sectores, mais em uns que em outros.
Em alguns, infelizmente, pouco se alterou, e refiro-me a alteração profunda, de adaptação à nova realidade nacional, desaparecimento de império, e integração na Europa.
Falta pouco para se completarem 50 anos sobre a revolta militar de 25 de Abril de 1974 que rapidamente se tornou em revolução face à adesão popular.
Vive-se, FELIZMENTE, num regime decente em que, naturalmente, há problemas e surgem dificuldades, inerentes a um regime de liberdade, de Estado de direito, de Democracia.
O que é trágico a meu ver, é a não alteração de certas mentalidades, de certa cultura, é não desaparecer por exemplo o serôdio e velhinho exercício de poder funcional (no mau sentido) aqui e ali.
O deplorável exercício de poder funcional continua a observar-se em imensos patamares da organização do Estado, da sociedade.
A par de notáveis evoluções em muitos casos com recurso à tecnologia disponível, subsistem casos verdadeiramente deploráveis.
Creio já o ter referido antes, por exemplo, no centro de saúde muito perto do local onde tenho a residência fiscal, existe um sistema/ processo que muito facilita a vida das pessoas no que se refere à aquisição de medicamentos para a qual, em regra, é necessário obter receita médica.
Pois existe um sistema que é preencher um formulário com o medicamento/s requerido, com a informação habitual incluindo contactos telefónicos e de endereço electrónico, depositar o formulário preenchido numa caixa à entrada do centro de saúde (por acaso uma muito manhosa caixa de cartão) e, normalmente, passados dois dias recebe-se ou mail ou sms com a prescrição que permite ir à farmácia.
Existem muitos mais exemplos de evolução e que tornam a vida do comum cidadão menos difícil.
Um dos últimos casos que conheço é a possibilidade de ter no telemóvel para uso em Portugal a maioria dos documentos que precisamos para a nossa vida.
Mas existem casos ainda deploráveis, opinião pessoal naturalmente.
Numa altura da nossa vida em que os drones/ veículos não tripulados,
- muito facilitam hoje a vida na sociedade civil,
- no âmbito da guerra muito estão a alterar a realidade do que se vinha fazendo,
- no que respeita ao exercício da autoridade do Estado por exemplo na brutal área no Atlântico Norte onde temos jurisdição, eles serão certamente uma boa ajuda mas nunca poderão (contrariamente ao que alguns nos querem convencer) dispensar navios combatentes e aviação militar,
no meio de tanta tecnologia observam-se casos caricatos da mais pura bafienta e serôdia burocracia, em que se rejeitam processos simples assentes no recurso à mais simples tecnologia.
Uma tecnologia simples a que se devia recorrer, que é usar correio electrónico e digitalização de documentos. Para quê?
Para assim fazer circular entre departamentos e serviços dentro de um mesmo ministério, a documentação de cada funcionário para obtenção de apoios e comparticipações no âmbito do apoio à saude militar, de militares e suas famílias.
Prefere-se, como se observa, a entrega pelos requerentes nos serviços directamente ou remetida por correio da papelada necessária para obter comparticipações.
Depois, da mesma burocrática forma, dos serviços para o departamento superior aos serviços, e deste e ainda por correio, finalmente, para os requerentes, e sempre com grande atraso.
Isto para já não falar na demora de transferência bancária das miseráveis comparticipações atribuídas.
Sim estou a falar de casos bem conhecidos pelo meu melhor amigo militar, almirante reformado.
Este é o mundo em que vivemos em alguns departamentos do Estado, AINDA.
Papelada, burocracia e poder funcional num prato da balança, noutro prato da balança temos por exemplo cuecas e munições para a Ucrânia ou entretenimento com drones.
Certamente tudo a bem da Nação.
AC
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