ONDE ESTÁ O ESCÂNDALO?
Março é, habitualmente, mês de divulgação de resultados, de empresas, bancos, etc.
Vem sendo anunciada a enorme subida de lucros dos bancos nacionais, excessiva para uns, escandalosa para outros, pornográfica para outros.
Perguntam-me ? Não o choca?
Respondo, clarinho para militar perceber como se diz na tropa: deixa-me perplexo e preocupado.
Explico, sinteticamente, não sem antes deixar claro que não sou banqueiro, bancário, financeiro, político, economista, sindicalista, gestor.
Penso pela minha cabeça.
E penso em coisas concretas, bem reais, como por exemplo,
- o aperto do meu filho mais novo com a prestação da casa,
- a conversa há dias com o meu neto mais velho ( 20 anos, no 2º ano da licenciatura em Direito) e as dificuldades que ele vê pela frente,
- e as dificuldades que encaro para o que gostava de fazer aqui em casa e não só.
É público e notório que milhares de famílias estão a passar pessimamente, em planos diversos e diferentes.
É público e notório que os lucros anunciados são exorbitantes.
É público e notório, e raia o escandaloso, os lucros atingidos pelos maiores bancos com a CGD à cabeça.
É público e notório que uma das grandes razões para estes lucros assenta na famosa margem financeira.
É público e notório que os juros que os bancos pagam pelos depósito são vergonhosos de tão pornograficamente irrisórios.
É público e notório que já deve faltar pouco para os bancos nos cobrarem uma qualquer despesa de manutenção só pelo arrojo de entrarmos um dia numa dependência bancária.
O nível estratosférico dos lucros deixa-me, como disse acima, perplexo e preocupado.
Perplexo porque, quanto aos lucros, SIM, isto não está em linha com a economia, com as famílias com o país.
E preocupado, pois não me incomodaria este tipo de lucros se os juros que a banca nacional paga fossem muito superiores à miséria actual.
Mas mais, o que me preocupa é que a maioria destes lucros não vão parar à economia nacional, não vão estimular a economia, vão muito pouco apoiar indústrias, negócios, famílias.
Não é tanto o assalto que fazem mas o que deviam fazer com esses dinheiro e, estou convencido, nada ou pouco farão de útil à sociedade.
Resta dizer duas coisas:
1. naturalmente que os banqueiros, e estou convencido com Paulo Macedo à frente, são excelentes gestores; a sua gestão contribuiu certa e parcialmente para este tipo de lucros. Mas não me venham dizer que a gestão foi a principal razão para os lucros.
2. Naturalmente, admito estar a ver mal o problema.
AC
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