O BANHEIRO
Nos dias de hoje, nas praias, há nadadores salvadores, há funcionários das diversas e diferentes concessões.
Mas há muitos anos, nas praias, não havia a estrutura legal que hoje existe, que por lei transferiu para os concessionários das praias a responsabilidade de contratar os nadadores salvadores, a responsabilidade pela segurança dos banhistas.
Claro que há uns quantos agentes da Polícia Marítima e do Instituo de Socorros a Náufragos que patrulham as praias nas famosa VW Amarok. Essa vigilância mantêm-se.
Mas no passado havia banheiros.
Havia banheiros mais importantes que outros, havia banheiros mais atentos que outros, e até conheci um banheiro que fazia os possíveis e os impossíveis para que toda a gente reparasse que ele estava lá.
Fazia os possíveis e os impossíveis para que, não só reparassem nele como conseguia que fossem assiduamente ter com ele, e perguntar-lhe qualquer coisa, sobre as bóias de salvamento, ou os toldos, muitas vezes até querendo saber a opinião dele sobre o estado do tempo, os fatos de banho, a hora da maré baixa, ou o que ele recomendava quanto a bronzeadores.
Havia banheiros e banheiros, mas esse que conheci, muito alto, por vezes um pouco vaidoso a roçar o arrogante, sobressaía no seio dos outros banheiros.
Tinha até aspirações a vir a ser presidente da associação de banheiros do Continente e, frequentemente, dava entrevistas para os jornais das terras, de Lisboa a Cascais.
Que eu tenha conhecimento foi sempre tentando ser esse presidente, creio que nunca conseguiu.
Apesar da proficiência profissional, a credibilidade sempre o traiu.
António Cabral
Sem comentários:
Enviar um comentário